Enciclopédia de instrumentos musicais do mundo

Rainstick, ou pau de chuva, é um idiofone de agitação que evoca de forma surpreendente o som suave e relaxante da chuva a cair. Sua construção engenhosa e simples resulta num efeito acústico único. Essencialmente, o instrumento consiste num tubo oco, tradicionalmente feito de um caule de cacto seco (como o Echinopsis chiloensis) ou, mais modernamente, de cartão resistente. As extremidades do tubo são seladas, criando um recipiente fechado.

O interior do rainstick é preenchido com uma série de obstáculos que se estendem de uma extremidade à outra. Estes podem ser pequenos palitos de madeira, espinhos de cacto ou pregos finos, dispostos em espiral ou em zigue-zague ao longo do comprimento do tubo. Pequenos grãos, como sementes, arroz, pequenas pedras ou contas, são então introduzidos no interior.

O som característico do rainstick é produzido ao virar lentamente o instrumento na vertical. Os grãos no interior começam a cair suavemente, chocando contra os obstáculos internos. Esta cascata gradual de pequenos impactos cria uma miríade de sons delicados e aleatórios que se assemelham ao murmúrio da chuva. A duração e a intensidade do som dependem do comprimento do tubo, da quantidade e do tipo de grãos utilizados, e da velocidade com que o instrumento é invertido.

O rainstick tem origens ancestrais em diversas culturas, particularmente em regiões áridas da América do Sul, onde era tradicionalmente utilizado em rituais para invocar a chuva. Hoje, é apreciado em todo o mundo pela sua sonoridade relaxante e meditativa, sendo utilizado em terapia sonora, meditação guiada e como um efeito sonoro atmosférico em diversos estilos musicais. A sua capacidade de evocar a natureza através do som torna-o um instrumento fascinante e apreciado.

 

Quijada, de burro, cavalo ou vaca – também conhecida como charrasca, cacharaina, charaina, carretilla ou kahuaha – é um idiofone tradicional hispano-americano constituído pela mandíbula inferior de um animal.

A quijada, também conhecida por diversos nomes como charrasca, cacharaina, charaina, carretilla ou kahuaha, é um idiofone tradicional da América Hispânica, com uma construção peculiar e ancestral. Este instrumento único é feito a partir da mandíbula inferior de um animal, tipicamente um burro, cavalo ou vaca. A sua sonoridade distintiva provém do entrechoque dos dentes soltos quando a mandíbula é percutida ou raspada.

A preparação da quijada como instrumento envolve um processo natural de secagem da mandíbula, por vezes auxiliado pela exposição ao sol ou à salinidade, para remover os tecidos moles e deixar os dentes soltos e prontos para vibrar. Não requer uma elaboração complexa, aproveitando a estrutura óssea natural do animal.

A técnica de tocar a quijada varia. Uma forma comum é golpear a parte final da mandíbula com a palma da mão fechada ou com o punho, o que provoca a vibração dos dentes, produzindo um som característico de chocalho ou de raspagem suave. Outra técnica consiste em esfregar os dentes com uma vareta de madeira ou um osso, criando um som mais áspero e ritmado, onomatopeicamente conhecido como “carrasca”.

A quijada é um instrumento com raízes culturais profundas, especialmente em comunidades afrodescendentes da América Latina. É utilizada em diversos géneros musicais folclóricos e tradicionais, como o Son Jarocho no México, a música afro-peruana (festejo, landó), e em celebrações como carnavais e festas religiosas. A sua sonoridade peculiar e a sua ligação cultural fazem da quijada um instrumento singular e expressivo dentro do vasto panorama da música latino-americana.

ETIQUETAS

  • Idiofones de fricção
  • Instrumentos de altura indefinida
  • Instrumentos de mandíbula de animal
  • Instrumentos começados por q
Quijada

Quijada

A pipa é um instrumento musical chinês tradicional, com uma história que remonta ao século II d.C. É semelhante a um alaúde, com quatro cordas de seda ou nylon que são dedilhadas. O corpo é feito de madeira em forma de pera, e possui um braço curto trastejado.

Além da China, a pipa também é encontrada em variantes no Vietnme e na Coreia. No Japão, ela foi introduzida no século VIII d.C e recebeu o nome de biwa.

A pipa é um instrumento bastante versátil e pode ser usada tanto em músicas clássicas e tradicionais como em modernas e contemporâneas.

Atualmente, existem diferentes estilos de tocar a pipa, e muitos músicos continuam a explorar as suas possibilidades sonoras. É um instrumento muito popular tanto na China como em outros países asiáticos, sendo amplamente utilizado em concertos, peças de teatro e gravações musicais.

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  • Instrumentos musicais da China
  • Instrumentos começados por p
  • Família dos alaúdes
  • Instrumentos de corda dedilhada
Pipa, China

Pipa, China

Okónkolo é um bimembranofone horizontal formado por caixa de ressonância cilíndrica e couro em ambas as extremidades muito utilizado em Cuba. É também conhecido como “Bonko” ou “Aña” e faz parte do conjunto de tambores denominado “Bata”. O Okónkolo consiste em uma caixa de ressonância cilíndrica feita geralmente de madeira, com uma pele de couro esticada em ambas as extremidades. O tamanho do Okónkolo é menor em comparação com os outros tambores da Bata, sendo o menor em diâmetro.

O tambor é tocado usando as mãos e baquetas, que podem ser feitas de madeira ou metal. Os músicos geralmente tocam ambos os lados do tambor, criando diferentes sons e ritmos. O lado com a pele mais esticada produz um som mais agudo, enquanto o lado com a pele menos esticada produz um som mais grave.

O Okónkolo desempenha um papel importante na música tradicional afro-cubana, especialmente na música religiosa de Santería. É usado para acompanhar cantos e danças rituais, trazendo-lhes uma energia rítmica única.

Além disso, o Okónkolo também pode ser encontrado em outras formas de música cubana, como o jazz afrocubano e a música popular. Muitos músicos cubanos têm explorado suas possibilidades sonoras e incorporado o instrumento em suas composições.

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Situa-se no índice 21 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais, entre os tambores percutidos, instrumentos cuja membrana é posta em vibração ao ser batida ou percutida.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais de Cuba
  • Instrumentos da América Central
  • tambores bimembranofones
  • Instrumentos começados por o

Nohkan (能管) é uma flauta transversa japonesa feita de bambu, com um papel central e distintivo nas trilhas sonoras dos teatros clássicos Noh e Kabuki. Sua construção envolve um tubo de bambu com sete orifícios para os dedos e uma embocadura simples. O interior do tubo é lacado, um processo que contribui para o timbre agudo, penetrante e característico do instrumento, capaz de se destacar mesmo em meio a outros sons da orquestra.

A história do Nohkan está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento do teatro Noh. Foi criado no século XV por Kan’ami e seu filho Zeami, figuras cruciais na transformação das formas teatrais populares de Dengaku e Sarugaku no sofisticado gênero que conhecemos hoje como Noh. O Nohkan tornou-se, assim, um elemento fundamental na expressão musical e dramática do Noh, acompanhando os cantos (utai) e as danças (mai) com melodias complexas e ornamentadas.

A técnica de tocar o Nohkan exige um controle preciso da respiração e da embocadura para produzir a variedade de tons e inflexões necessárias para a música do Noh. O instrumento não possui uma escala diatônica ocidental definida, e os músicos utilizam técnicas de sopro e digitação únicas para criar microtons e glissandos que são essenciais para a expressividade da música Noh. As melodias podem variar de passagens lentas e contemplativas a frases rápidas e intensas, refletindo as emoções e a narrativa da peça teatral.

No teatro Kabuki, que se desenvolveu posteriormente, o Nohkan também é utilizado em algumas peças que incorporam elementos do Noh. Sua sonoridade distinta contribui para a atmosfera dramática e a caracterização dos personagens. A presença constante do Nohkan nos palcos do Noh e, em menor grau, do Kabuki, solidifica seu status como um instrumento musical japonês de grande importância cultural e histórica.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais do Japão
  • Instrumentos de sopro de aresta
  • Flautas travessas
  • Instrumentos começados por n
Nohkan, Japão

Nohkan, Japão

Wa patala é um idiofone de altura definida tradicional da Birmânia (Myanmar), pertencente à família dos xilofones. Sua construção engenhosa envolve a disposição de 24 lâminas de bambu cuidadosamente afinadas sobre uma caixa de ressonância alongada. Estas lâminas são ordenadas cromaticamente, seguindo uma progressão do som mais grave, localizado à esquerda do músico, para o som mais agudo, posicionado à direita. Esta organização linear facilita a execução melódica e harmónica.

As lâminas de bambu são suspensas sobre a caixa de ressonância por pequenos suportes, permitindo que vibrem livremente quando percutidas. A caixa de ressonância, geralmente feita de madeira, amplifica o som produzido pelas lâminas, conferindo-lhe corpo e projeção. O músico utiliza dois martelos ou baquetas para percutir as lâminas, produzindo notas distintas com alturas definidas pela espessura e comprimento de cada lâmina de bambu. A habilidade do executante reside na precisão dos golpes e na capacidade de criar melodias fluidas e ritmos complexos.

O Wa patala é um instrumento musical importante na música tradicional da Birmânia, frequentemente integrado em conjuntos musicais que acompanham danças, cerimónias religiosas e outras formas de entretenimento. Sua sonoridade quente e ressonante do bambu contribui para a riqueza tímbrica da música birmanesa. A disposição cromática das lâminas permite a execução de uma vasta gama de melodias e harmonias, tornando-o um instrumento versátil dentro do seu contexto cultural.

A construção artesanal do Wa patala, utilizando materiais naturais como o bambu e a madeira, reflete a tradição e a habilidade dos artesãos birmaneses. A sua presença contínua na música da Birmânia atesta a sua importância cultural e a beleza da sua sonoridade, mantendo viva uma forma única de expressão musical através de um idiofone de bambu melódico.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais de Myanmar
  • Lamelofones percutidos
  • Instrumentos começados por w
Patala, Myanmar

Patala, Myanmar

O tumbi é um instrumento musical tradicional do Punjab, uma região que abrange partes da Índia e do Paquistão. É um cordofone de braço longo, também conhecido como toombi, tumba ou toomba.

O instrumento consiste em uma corda que é fixada em um pau seco, que por sua vez é inserido em uma cabaça que serve como caixa de ressonância. A corda é afinada de forma que possa ser tocada com os dedos. Geralmente, o tumbi é tocado sozinho ou como acompanhamento de danças e espetáculos de folclore.

O tumbi é especialmente popular na cultura punjab e é considerado um símbolo da música tradicional da região. Ele desempenha um papel importante na música bhangra, um estilo de dança alegre e energético originário do Punjab. Também é usado em outras formas de música punjabi, como o folk e o pop.

A técnica de tocar o tumbi envolve a execução de padrões rítmicos e melódicos rápidos, usando os dedos para pressionar e puxar a corda. Os músicos habilidosos podem produzir uma variedade de sons e efeitos utilizando esse instrumento.

Embora seja um instrumento tradicional, o tumbi também tem sido incorporado em diferentes géneros musicais contemporâneos, tanto na Índia quanto no exterior. 

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Situa-se no índice 32 do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos. É um cordofone composto, instrumento de corda que tem caixa de ressonância como parte integrante e indispensável.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da Índia
  • Cordofones de braço longo
  • Instrumentos começados por t
Tumbi, Índia

Tumbi, Índia

Xiao (箫) é um aerofone tradicional chinês, caracterizado pela sua forma tubular alongada, geralmente construída em bambu. Este instrumento de sopro longitudinal possui uma rica história, remontando a milhares de anos, e ocupa um lugar de destaque na música clássica e folclórica da China. A sua simplicidade estrutural contrasta com a sua capacidade expressiva e a sua sonoridade melancólica e introspectiva.

Um Xiao típico possui entre cinco e oito orifícios para os dedos na parte frontal e um orifício para o polegar na parte traseira. A embocadura é geralmente um entalhe em forma de “V” na extremidade superior do tubo, onde o músico sopra obliquamente para produzir o som. A técnica de execução exige um controlo preciso da respiração e da embocadura para obter a afinação desejada e as nuances tonais características do Xiao.

A sonoridade do Xiao é suave, aveludada e com um timbre que muitos associam à tranquilidade e à contemplação. A sua capacidade de produzir um som contínuo e legato, com a possibilidade de realizar glissandos e microtons, torna-o um instrumento expressivo para melodias líricas e introspectivas. É frequentemente utilizado em performances a solo, em conjuntos de música de câmara e como acompanhamento para o canto.

Ao longo da sua longa história, o Xiao tem sido associado a diversas tradições musicais e contextos culturais na China. Era um instrumento apreciado por intelectuais e literatos, muitas vezes ligado à meditação e à expressão de sentimentos pessoais. Hoje, continua a ser um instrumento valorizado, tocado tanto por músicos profissionais quanto amadores, e a sua sonoridade única mantém o seu lugar na rica tapeçaria da música chinesa contemporânea e tradicional. A sua construção em bambu, um material natural abundante na China, reforça a sua ligação com a cultura e a paisagem do país.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da China
  • Aerofones de aresta
  • Família das flautas
  • Instrumentos começados por x
Xiao, China

Xiao, China

Traskofiol é um instrumento de corda friccionada tradicional da região norte da província de Skåne, no sul da Suécia. Claramente aparentado ao violino, partilha muitas das suas características fundamentais, como o corpo em forma de oito, o braço com escala e a utilização de um arco para friccionar as cordas e produzir som. No entanto, o Traskofiol possui detalhes de construção e uma história regional que o distinguem como um instrumento único dentro do panorama da música folclórica sueca.

O corpo do Traskofiol é geralmente feito de madeira, com um tampo harmónico em abeto e um fundo e ilhargas em ácer ou outra madeira similar. As suas dimensões podem variar ligeiramente em comparação com o violino padrão, e alguns exemplares podem apresentar detalhes ornamentais específicos da tradição local de Skåne. O braço possui uma escala sem trastes, permitindo a produção de uma vasta gama de alturas de som e a execução de glissandos expressivos, importantes na música folclórica.

Tradicionalmente, o Traskofiol possui quatro cordas, afinadas de forma semelhante ao violino (Sol, Ré, Lá, Mi). Estas cordas são friccionadas com um arco de madeira, geralmente mais curto e mais pesado que um arco de violino clássico, com cerdas de crina de cavalo tensionadas. A técnica de execução do Traskofiol enfatiza a produção de um som forte e ressonante, adequado para melodias de dança e canções folclóricas enérgicas.

Embora o violino tenha se tornado mais comum na Suécia ao longo do tempo, o Traskofiol mantém o seu lugar como um símbolo da identidade musical do norte de Skåne. É valorizado pelo seu timbre característico e pela sua ligação com as tradições musicais locais, sendo tocado em festivais, celebrações e por músicos que procuram preservar o rico património musical desta região da Suécia. A sua semelhança com o violino facilita a aprendizagem para aqueles familiarizados com instrumentos de arco, mas o seu contexto cultural e a sua sonoridade única garantem a sua distinção.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da Suécia
  • Instrumentos começados por t
  • Instrumentos de corda friccionada
  • Cordofones de arco
Traskofiol, Suécia

Traskofiol, Suécia

Taiko, no Japão, é um termo abrangente que designa uma variedade de instrumentos de percussão com corpo em forma de barril, revestidos com peles de animais, geralmente de boi ou cavalo. A diversidade de tamanhos e formas dentro da família Taiko é notável, desde pequenos tambores portáteis até grandes instrumentos com mais de um metro de diâmetro. A fixação das peles ao corpo do tambor também varia, podendo ser pregadas diretamente na madeira ou tensionadas por cordas e aros.

A execução do Taiko pode ser feita diretamente com as mãos, mas é mais comum o uso de baquetas de madeira chamadas bachi. A prática do Taiko exige do músico não apenas um apurado senso rítmico, mas também uma considerável preparação física, dada a energia e a força envolvidas na percussão dos grandes tambores. As performances de Taiko podem ser solitárias, mas são frequentemente realizadas em grupo, com os percussionistas a criarem ritmos complexos e sincronizados que são visualmente e sonoramente impactantes.

A história do Taiko no Japão é longa e multifacetada. Originalmente utilizado para comunicação, sinalização militar e em rituais religiosos, o Taiko evoluiu para uma forma de expressão artística vibrante. Registros históricos antigos mencionam intercâmbios culturais com a Coreia, onde jovens japoneses foram enviados para estudar o kakko, um tambor cilíndrico que também desempenhava um papel importante na música da corte. Essa influência sugere uma possível origem continental para alguns tipos de tambores japoneses.

Hoje, o Taiko é apreciado tanto no Japão quanto internacionalmente, com grupos de wadaiko (a arte do Taiko em conjunto) a cativarem audiências com a sua energia, precisão e a profunda ressonância dos seus tambores. A sua presença em festivais, cerimónias e palcos de todo o mundo demonstra a sua capacidade de transcender fronteiras culturais e de evocar uma poderosa resposta emocional.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais do Japão
  • tambores em forma de barril
  • Instrumentos começados por t
Taiko, Japão

Taiko, Japão