Enciclopédia de instrumentos musicais do mundo

Wank’ara é um tambor bimembranofone tradicional da Bolívia, com uma presença marcante na música folclórica e nas celebrações culturais do país. A sua construção é relativamente simples, consistindo num corpo cilíndrico, geralmente feito de madeira, que é revestido em ambas as extremidades por peles de animais, tipicamente de ovelha, lhama ou cabra. Estas peles são tensionadas sobre as aberturas do cilindro e fixadas por um sistema de cordas ou aros, permitindo ajustar a afinação do tambor.

O tamanho do Wank’ara pode variar, desde tambores menores, mais agudos, até exemplares maiores, com um som mais grave e profundo. A forma cilíndrica do corpo contribui para a ressonância do instrumento, enquanto a qualidade e a tensão das peles determinam o seu timbre e a sua projeção sonora.

O Wank’ara é tocado percutindo as peles com uma ou duas baquetas, geralmente feitas de madeira com uma extremidade ligeiramente acolchoada ou revestida. A técnica de execução varia de acordo com o ritmo e o estilo musical, podendo envolver batidas simples e repetitivas para marcar o pulso da música, ou padrões rítmicos mais complexos e elaborados.

Este tambor desempenha um papel fundamental em diversas manifestações culturais bolivianas, como festivais, danças folclóricas e cerimónias rituais. O seu som forte e vibrante acompanha as melodias dos instrumentos de sopro andinos, como a zampoña e o charango, criando uma rica tapeçaria sonora característica da música da região. O Wank’ara não é apenas um instrumento musical, mas também um símbolo da identidade cultural boliviana, presente em momentos importantes da vida comunitária e nas expressões artísticas tradicionais. 

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da Bolívia
  • tambores percutidos
  • Instrumentos musicais começados por w
Wank ara, Bolívia

Wank ara, Bolívia

Plung, também conhecido como Ploong, é um instrumento de sopro tradicional do povo Mru (ou Murung), comunidade indígena que habita as regiões do Bangladesh e da Birmânia (Myanmar). Classificado como um órgão de boca, o Plung é construído de forma engenhosa a partir de cabaças e canas de bambu de diversos tamanhos, aproveitando os recursos naturais disponíveis no seu ambiente.

A estrutura básica do Plung consiste numa ou mais cabaças que servem como reservatório de ar. A estas cabaças são fixadas várias canas de bambu, cada uma com um comprimento diferente e equipada com uma palheta livre. Cada cana produz uma nota específica quando o músico sopra através da cabaça e direciona o ar para a cana desejada, utilizando os dedos para abrir e fechar orifícios laterais nas canas, de forma semelhante a uma flauta.

Uma característica notável do Plung é a sua variedade de tamanhos e configurações. O Plung maior pode apresentar até oito tubos de bambu de dimensões consideráveis. A combinação das diferentes longitudes das canas resulta numa gama sonora surpreendentemente rica e complexa, evocando a sonoridade de um pequeno órgão de tubos. A capacidade de produzir múltiplas notas simultaneamente permite a execução de melodias acompanhadas por harmonias simples ou bordões.

O Plung desempenha um papel significativo na música e nas tradições culturais do povo Mru. É frequentemente utilizado em cerimónias rituais, festivais e outras celebrações comunitárias. A sua sonoridade única e a sua construção artesanal refletem a criatividade e a engenhosidade desta comunidade indígena, demonstrando uma profunda conexão com o seu ambiente natural e a sua rica herança musical. A preservação e a prática do Plung continuam a ser importantes para a manutenção da identidade cultural do povo Mru.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais do Bangladesh
  • Órgãos de boca
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Plung, Bangladesh

Plung, Bangladesh

Washint é uma flauta aberta tradicionalmente feita de madeira ou bambu, profundamente enraizada nas culturas dos povos Amhara e Tigray na Etiópia e Eritreia, no nordeste de África. Este aerofone simples, mas expressivo, é caracterizado por ter tipicamente seis orifícios para os dedos, apesar da menção inicial de quatro, o que permite ao músico produzir uma gama melódica considerável dentro das escalas tradicionais da região.

A construção do Washint envolve um tubo reto, oco, com uma extremidade aberta para soprar e os orifícios para os dedos dispostos ao longo do seu comprimento. Não possui um bocal definido como uma flauta de bisel; o som é produzido direcionando o sopro do músico sobre a borda afiada da abertura superior. A habilidade do tocador reside no controlo preciso da embocadura e na manipulação dos dedos para criar diferentes notas e nuances musicais.

O Washint desempenha um papel importante na música folclórica e tradicional da Etiópia e da Eritreia. É frequentemente utilizado em celebrações, festivais e outras ocasiões sociais, acompanhando cantos e danças. A sua sonoridade pode variar de um tom suave e melancólico a um som mais brilhante e alegre, dependendo da técnica do instrumentista e do contexto musical.

A aprendizagem do Washint começa muitas vezes em idade precoce para os jovens etíopes, sendo transmitida de geração em geração como parte da sua herança cultural. Músicos como Yohannes Afework, um membro proeminente da Orquestra Etiópia dos anos 1960, e Animut Kinde são reconhecidos como virtuosos do instrumento, tendo contribuído para a sua popularização e para a preservação das tradições musicais associadas ao Washint.

ETOIQUETAS

  • Instrumentos musicais da Etiópia
  • Aerofones de aresta
  • Família das flautas
  • Instrumentos começados por w

Washint, flauta, Etiópia

Zhongruan, cujo nome significa literalmente “ruan tenor”, é um instrumento de corda dedilhada tradicional da China. Pertence à família do ruan, distinguindo-se por ser ligeiramente maior e ter uma tessitura mais grave que o ruan agudo (Pipa). O Zhongruan possui um corpo circular e achatado, construído tradicionalmente em madeira, com um tampo e um fundo colados a uma estrutura lateral.

Este instrumento está equipado com quatro cordas de seda (tradicionalmente) ou de metal (modernamente), que correm ao longo de um braço curto e trastejado até as cravelhas de afinação na extremidade superior. Os trastes, geralmente feitos de marfim ou osso, são dispostos de forma a permitir a execução da escala musical chinesa. Uma ponte, localizada no tampo, eleva as cordas e transmite as suas vibrações para a caixa de ressonância, produzindo o som.

O Zhongruan é versátil na sua forma de ser tocado, podendo ser executado com um plectro (palheta) ou diretamente com os dedos, utilizando diversas técnicas de dedilhado. O uso do plectro permite obter um som mais brilhante e incisivo, ideal para melodias rápidas e ritmos marcados. A técnica de dedilhado com os dedos oferece uma maior variedade de timbres e nuances expressivas, sendo utilizada para melodias mais líricas e para a execução de acordes e arpejos.

Na música tradicional chinesa, o Zhongruan desempenha um papel importante tanto em ensembles orquestrais quanto em apresentações solo ou em pequenos grupos de câmara. A sua sonoridade rica e quente, com uma boa projeção, torna-o um instrumento melódico e harmónico valioso. Ao longo da sua história, o Zhongruan passou por evoluções na sua construção e no seu repertório, adaptando-se às mudanças nos gostos musicais e nas práticas de execução. Continua a ser um instrumento apreciado na China contemporânea, tanto por músicos tradicionais quanto por aqueles que exploram novas sonoridades.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da China
  • Instrumentos de corda dedilhada
  • Cordofones de plectro
  • Instrumentos começados por z
Zhongruan, China

Zhongruan, China

Zill é um idiofone de concussão encontrado no Tibete e em países árabes, caracterizado pela sua simplicidade e pelo som cintilante que produz. Essencialmente, consiste num par de pequenos pratos circulares feitos de cobre ou de outras ligas metálicas. Estes pratos são geralmente côncavos e possuem um pequeno orifício no centro, por onde passa uma tira de couro ou um cordão, que serve para prender cada prato a um dedo ou à mão do músico.

A produção sonora do Zill ocorre através do entrechoque dos dois pratos. O músico segura um prato em cada mão e bate-os um contra o outro, criando um som agudo, metálico e ressonante. A intensidade e a duração do som podem ser controladas pela força do impacto e pela forma como os pratos são mantidos após o choque. Golpes rápidos e leves produzem sons curtos e brilhantes, enquanto um contacto mais prolongado permite que as vibrações se estendam, gerando um som mais sustentado e tilintante.

No Tibete, os Zills são frequentemente utilizados em cerimónias religiosas e rituais budistas, onde o seu som pode acompanhar cânticos, invocações e meditações. O seu timbre distinto contribui para a atmosfera espiritual e solene destes eventos. Nos países árabes, os Zills são mais comumente associados à música folclórica e à dança do ventre, onde o seu ritmo vibrante e alegre complementa os movimentos da dançarina e a melodia dos outros instrumentos.

Apesar da sua simplicidade, os Zills são capazes de adicionar uma camada rítmica e textural interessante à música. A sua portabilidade e facilidade de uso tornam-nos um instrumento versátil em diferentes contextos culturais e musicais. O som característico dos Zills, seja nos templos tibetanos ou nos palcos árabes, evoca um sentido de celebração, espiritualidade e tradição.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais do Tibete
  • Idiofones percutidos
  • Família dos crótalos
  • Címbalos de dedo
  • Instrumentos começados por z

Wood block, o termo em inglês para o instrumento conhecido em português como caixa chinesa ou bloco sonoro, é um idiofone de percussão direta amplamente utilizado em diversas tradições musicais ao redor do mundo. Essencialmente, consiste num bloco de madeira dura, oco ou com uma cavidade interna, que pode apresentar diferentes formas, como caixa retangular, ovo ou esfera. Uma característica fundamental do wood block é a presença de um corte ou furo em seu corpo, que permite a vibração das suas paredes quando percutido.

O som do wood block é produzido ao ser atingido com uma baqueta, que pode ser de madeira para um som mais estalante e seco, ou com uma ponta de borracha para um timbre mais suave e menos agudo. A ressonância da cavidade interna e a vibração da madeira criam um som oco, curto e definido, com um ataque claro e um sustain breve. O tamanho, a forma e o tipo de madeira utilizada na construção do wood block influenciam diretamente a sua afinação e o seu timbre.

Em português, para além da designação “caixa chinesa” que se refere especificamente a um tipo de bloco sonoro, existem também os termos “bloco sonoro de um som” ou “bloco de dois sons”. Estes últimos podem referir-se a wood blocks individuais com uma única afinação predominante ou a conjuntos de dois blocos com alturas diferentes, permitindo uma maior variedade de opções rítmicas e melódicas dentro da percussão.

O wood block é um instrumento versátil, encontrado em orquestras sinfónicas, bandas de jazz, conjuntos de música latina e, naturalmente, na música tradicional chinesa, onde possui um papel rítmico importante. A sua capacidade de produzir um som claro e articulado torna-o ideal para marcar o tempo, acentuar ritmos e adicionar texturas percussivas distintas a uma variedade de estilos musicais. A sua simplicidade e eficácia garantem a sua presença contínua no panorama da percussão.

Wood block

Wood block

Ocarina em forma de ovo, Xun é um instrumento de sopro chinês da família das flautas globulares. Tem uma abertura no topo, por onde o executante sopra. Remonta a cerca de 7000 anos sendo um dos mais antigos instrumentos chineses.

O xun é feito tradicionalmente de cerâmica, mas também pode ser feito de outros materiais, como argila ou metal. Possui várias ranhuras na sua superfície, que ajudam a controlar o tom e o timbre do instrumento. Além disso, o xun pode ter de seis a oito orifícios na parte frontal, que são cobertos pelos dedos do músico para produzir diferentes notas.

O xun é tocado soprando-se diretamente na abertura superior do instrumento e controlando a intensidade do sopro para produzir diferentes tons. Embora seja um instrumento relativamente simples, pode ser usado para tocar uma variedade de melodias.

O xun é frequentemente utilizado em conjuntos de música tradicional chinesa, como o ensemble de xun e suona, ou em apresentações solo. É apreciado por sua sonoridade suave e relaxante, e também por sua capacidade de imitar sons da natureza, como o canto dos pássaros ou o som do vento.

Além disso, o xun também é considerado um objeto de arte devido à sua beleza estética. Muitas vezes é decorado com desenhos intricados ou padrões coloridos, tornando-o também um item de colecionador.

(com IA)

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  • Instrumentos musicais da China
  • Instrumentos começados por x
  • Flautas globulares
  • Família das ocarinas
Xun, China

Xun, China

A yazh é uma harpa ancestral que desempenhou um papel fundamental na música Tamil, no sul da Índia, desde tempos remotos. Considerado um dos instrumentos mais antigos da Índia, a sua história remonta a milhares de anos, com referências abundantes em escrituras e textos antigos da civilização dravidiana. É tido como um precursor da moderna veena, outro importante cordofone indiano.

A construção do Yazh variava ao longo do tempo e entre as diferentes regiões de Tamil Nadu, resultando em diversos tipos, classificados pelo número de cordas. O Periyazh possuía 21 cordas, o Makarayazh tinha 19, o Cakotayazh contava com 14, e o Cenkottiyazh, a versão mais simples, tinha apenas 7 cordas. A forma do instrumento também podia variar, com algumas representações mostrando uma caixa de ressonância em forma de peixe ou outros animais míticos como o Yali. Tradicionalmente, era construído com madeiras locais como o jacarandá ou o mogno, e as cordas eram feitas de tripa de animais, com diferentes espessuras para produzir diferentes notas.

O Yazh era tocado dedilhando as cordas com os dedos de ambas as mãos ou utilizando uma palheta feita de marfim ou osso. Era afinado de acordo com a escala musical desejada (Paan), específica para cada uma das cinco regiões em que a antiga Tamilakam era dividida. A literatura da época descreve o som do Yazh como doce e melodioso, ideal para acompanhar vocalistas e outros instrumentos em apresentações musicais.

Com o surgimento e a popularização da veena com trastes por volta do século VII d.C., o Yazh gradualmente perdeu protagonismo, recuando para segundo plano. No entanto, a sua importância cultural perdura, sendo frequentemente associado a divindades hindus e utilizado em festivais religiosos e eventos culturais. Músicos renomados da música carnática outrora dominaram a arte de tocar o Yazh, enriquecendo a experiência musical com a sua sonoridade única. Nos tempos modernos, esforços estão sendo feitos para reviver este instrumento ancestral, reconstruindo-o com base em descrições textuais e iconográficas, buscando trazer de volta o som de uma era musical esquecida.

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  • Instrumentos musicais da Índia
  • Família das harpas
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Yazh, Índia

Yazh, Índia

Yuehchin, também conhecido por yueqin ou “guitarra lunar”, é um instrumento de corda dedilhada tradicional da China, facilmente reconhecível pela sua caixa de ressonância redonda e achatada, feita de madeira. O seu nome evoca a forma da lua cheia, uma característica estética distintiva do instrumento. O Yuehchin possui um braço curto e um número variável de trastes, geralmente dispostos de forma a permitir a execução da escala musical chinesa.

Tradicionalmente, o Yuehchin possuía apenas duas ou três cordas de seda, mas a versão moderna padrão apresenta quatro cordas, geralmente feitas de seda ou metal, afinadas em intervalos de quintas, como no Bandolim ocidental (por exemplo, Sol-Ré-Sol-Ré). Estas cordas correm do cavalete sobre o tampo até as cravelhas de afinação localizadas na extremidade do braço.

O Yuehchin é tocado dedilhando as cordas com um plectro (palheta), geralmente feito de chifre, osso ou plástico. A técnica de execução envolve uma variedade de dedilhados para produzir melodias, acordes e ritmos. A sonoridade do Yuehchin é brilhante e percussiva, com um bom volume, o que o torna adequado tanto para apresentações solo quanto para integrar ensembles orquestrais chineses.

Ao longo da sua história, o Yuehchin desempenhou papéis diversos na música chinesa. Era um instrumento importante em óperas regionais, onde frequentemente acompanhava cantores e fornecia a base rítmica e harmónica. Também era utilizado em conjuntos de música folclórica e, em tempos mais recentes, tem encontrado o seu lugar em orquestras chinesas modernas, preenchendo uma tessitura média entre instrumentos mais agudos e mais graves. A sua forma icónica e o seu som distinto fazem do Yuehchin um instrumento representativo da rica tradição musical da China.

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  • Instrumentos musicais da China
  • Instrumentos começados por y
Yuenchchin, China

Yuenchchin, China

Zampogna é um instrumento musical italiano ancestral, pertencente à família das gaitas de foles, com uma rica história que remonta à antiguidade. Ainda hoje é utilizada, principalmente nas regiões centrais e meridionais da Itália, incluindo a Sicília, mantendo vivas tradições musicais seculares. O seu nome deriva provavelmente do latim “symphonia”, que originalmente se referia a vários instrumentos tocados em conjunto.

A construção da Zampogna varia regionalmente, mas geralmente consiste num saco de pele de cabra ou ovelha, que serve como reservatório de ar, insuflado através de um tubo com uma válvula de retenção. Deste saco emergem vários tubos sonoros, incluindo um ou mais ponteiros, onde a melodia é executada através da manipulação de orifícios para os dedos, e um ou mais bordões, que emitem notas fixas e contínuas, proporcionando uma base harmónica.

Uma característica distintiva de algumas Zampogne é a presença de dois ponteiros, que podem ser tocados simultaneamente para criar harmonias paralelas ou melodias entrelaçadas. O número e a afinação dos bordões também podem variar, contribuindo para a sonoridade única de cada tipo de Zampogna regional. As palhetas utilizadas nos tubos sonoros são geralmente feitas de cana.

A Zampogna tem sido tradicionalmente associada a celebrações religiosas, especialmente durante o período natalício, onde os tocadores de Zampogna, conhecidos como “zampognari”, percorrem as ruas tocando melodias pastorais. Também é utilizada em festas folclóricas, procissões e outros eventos comunitários, mantendo viva a herança musical do sul da Itália. 

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  • Instrumentos musicais de Itália
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Zampogna, Itália

Zampogna, Itália