Enciclopédia de instrumentos musicais do mundo

Damaroo é um instrumento de percussão da Índia, classificado como um bimembranofone devido às suas duas peles vibratórias. A sua forma característica de ampulheta, estreitando-se no centro e alargando-se nas extremidades, é fundamental para a sua produção sonora única. Tradicionalmente, as peles são feitas de couro de cabra ou outros animais, esticadas sobre a estrutura de madeira ou metal do corpo do instrumento e presas por cordas ou tiras de couro que percorrem o seu exterior.

A maneira como o Damaroo é tocado é particularmente interessante. O músico segura o instrumento na mão e agita-o vigorosamente, fazendo com que pequenas bolas ou nós presos às extremidades de cordas soltas batam nas membranas em ambos os lados. A pressão exercida pela mão do músico no centro do Damaroo controla a tensão das cordas que atravessam as peles, permitindo variar o tom do som produzido. Ao apertar e soltar a pressão, o músico pode modular a altura e criar uma variedade de sons rítmicos e até mesmo tons melódicos rudimentares.

No contexto religioso hindu, o Damaroo possui um significado simbólico profundo. O seu som é frequentemente associado ao deus Shiva, sendo comummente representado em suas mãos em pinturas e esculturas. O som rítmico e pulsante do Damaroo é interpretado como a representação do ritmo cósmico da criação e da destruição, o ciclo eterno da vida e da morte. A sua sonoridade evoca a energia primordial do universo e o poder transformador de Shiva.

Além do seu uso religioso, o Damaroo também é encontrado em contextos folclóricos e em apresentações de rua na Índia. A sua portabilidade e a capacidade de produzir sons distintos com movimentos relativamente simples tornam-no um instrumento versátil para diversos tipos de atuações. A sua forma icónica e o seu significado cultural e religioso fazem do Damaroo um instrumento único e profundamente enraizado na tradição indiana.

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  • Instrumentos musicais da Índia
  • tambores percutidos
  • tambores em forma de ampulheta
  • Instrumentos começados por d
Damaroo, Índia

Damaroo, Índia

Ch’in, também conhecido como Guqin (古琴), é uma cítara chinesa de mesa reverenciada pela sua longa história, sonoridade subtil e profunda ligação com a cultura e a filosofia chinesas. Distingue-se por possuir tipicamente sete cordas de seda (tradicionalmente, embora atualmente possam ser de nylon ou metal), estendidas sobre um corpo de madeira alongado e ligeiramente curvado. A sua construção reflete uma estética minimalista e elegante, com marcadores de madrepérola ou outros materiais incrustados ao longo do braço para indicar as posições das notas.

O Ch’in é classificado como um “instrumento de seda” (絲竹 – sīzhú) na tradicional categorização chinesa dos instrumentos musicais, que os agrupa pelos materiais de que são feitos. A escolha da seda para as cordas contribui para o seu timbre suave, ideal para a criação de atmosferas meditativas e introspectivas. A técnica de tocar o Ch’in é complexa e refinada, envolvendo uma variedade de dedilhados, deslizamentos e pressões nas cordas com os dedos da mão direita para produzir diferentes timbres e alturas, enquanto a mão esquerda pressiona as cordas em pontos específicos ao longo do braço para definir as notas.

Historicamente, o Ch’in era o instrumento preferido dos intelectuais chineses, sendo considerado uma arte essencial para o cultivo pessoal e a expressão de sentimentos profundos. A sua música está frequentemente associada à natureza, à filosofia taoísta e confucionista, e à poesia. A prática do Ch’in promovia a concentração, a calma e a contemplação.

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  • Instrumentos musicais da China
  • Cordofones dedilhados
  • Família das cítaras
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Ch'in, séc. V a. C.

Ch’in, séc. V a. C.

Putatara, também escrito putaatara, é um instrumento de sopro tradicional do povo Maori (Nova Zelândia) da família das trompetes naturais, constituído por um búzio (Charonia lampas rubicunda ou Charonia tritonis) com um bocal de madeira. É usado em contextos rituais e cerimoniais. O som produzido pelo putatara é característico. É utilizado em contextos rituais e cerimoniais para chamar a atenção, anunciar a chegada de pessoas importantes, comunicar entre tribos ou realizar chamados em momentos especiais. A sua reverberação permite que o som seja ouvido a longas distâncias.

Na cultura Maori, o putatara tem um significado simbólico e espiritual. É considerado um mensageiro das divindades, capaz de intermediar as comunicações entre o mundo terreno e o mundo espiritual. A sua utilização em rituais e cerimónias tradicionais é uma forma de honrar os ancestrais e conectar-se com a natureza e os deuses.

O conhecimento sobre a fabricação e utilização do putatara é passado de geração em geração, sendo um importante elemento da preservação da cultura Maori. Hoje em dia, também pode ser encontrado em apresentações artísticas e é valorizado como um símbolo da identidade Maori.

Putatara, Nova Zelândia

Putatara, Nova Zelândia

O Shime-daiko é um tipo de tambor japonês que possui uma construção única. Tem um corpo cilíndrico feito de madeira, geralmente em forma de barril, com uma pele de animal esticada nas duas extremidades. O diâmetro do instrumento é maior do que a sua profundidade.

A pele nas extremidades é fixada com um sistema de tensões ajustáveis, permitindo alterar o tom do tambor. Tradicionalmente, a pele era feita de couro de cervo, mas atualmente outros materiais como pele de boi são utilizados devido à escassez do material original.

O Shime-daiko faz parte de diversos grupos instrumentais japoneses, como o taiko ensemble. É frequentemente usado durante apresentações musicais, danças folclóricas, festivais e cerimónias tradicionais no Japão. O tambor é tocado com baquetas chamadas bachi, geralmente feitas de madeira, bambu ou plástico, dependendo do efeito sonoro desejado.

A técnica de tocar o Shime-daiko envolve uma combinação de batidas nas extremidades do tambor, mudanças de ritmo e dinâmica. Os músicos que tocam esse instrumento passam por um treino intensivo para dominar as diferentes técnicas e estilos.

O Shime-daiko tem um significado cultural e espiritual importante no Japão. É considerado um símbolo de energia e força, e seu som ressoante é frequentemente associado a purificação e celebração.

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Situa-se no índice 21 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais, entre os tambores percutidos, instrumentos cuja membrana é posta em vibração ao ser batida ou percutida.

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  • Instrumentos musicais do Japão
  • tambores percutidos
  • tambores cilíndricos
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Shime-daiko, Japão

Shime-daiko, Japão

Kakko é um membranofone tradicional japonês, caracterizado pela sua forma cilíndrica e pela maneira como é tocado. Este tambor é colocado horizontalmente em um suporte baixo, e o músico utiliza dois bastões curtos, chamados bachi, para percutir as peles esticadas em ambas as extremidades do cilindro. A construção do Kakko envolve um corpo de madeira, tradicionalmente laqueado e decorado, com peles de animal fixadas nas duas bocas. A tensão das peles pode ser ajustada para alterar a afinação do instrumento.

O Kakko desempenhou um papel crucial na música antiga da corte japonesa, conhecida como gagaku. Dentro do gagaku, o Kakko é frequentemente o instrumento líder da seção de percussão, responsável por marcar o ritmo e indicar as mudanças de andamento e estrutura musical. O seu som nítido e articulado guia os outros instrumentos da orquestra, conferindo dinamismo e coesão à performance. A precisão e a habilidade do percussionista de Kakko são essenciais para a execução impecável do gagaku.

A história do Kakko remonta à China durante a dinastia Tang (618–907), onde era conhecido como jiegu (羯鼓). Este instrumento era popular na música da corte chinesa e, durante os intercâmbios culturais entre a China e o Japão, foi introduzido no arquipélago japonês. Ao longo dos séculos, o jiegu adaptou-se ao contexto musical japonês, evoluindo para o instrumento que hoje conhecemos como Kakko.

Apesar de sua origem estrangeira, o Kakko tornou-se um componente integral da música clássica japonesa. A sua presença no gagaku sublinha a importância das influências culturais na formação das tradições musicais japonesas. Hoje, o Kakko continua a ser tocado em performances de gagaku, preservando uma tradição musical milenar e oferecendo um vislumbre das sofisticadas práticas musicais da antiga corte japonesa. A sua sonoridade distinta e o seu papel de liderança rítmica garantem a sua relevância contínua neste género musical clássico.

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  • Instrumentos musicais do Japão
  • tambores percutidos
  • tambores em forma de cilindro
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Kakko, Japão

Kakko, Japão

Janggu, também grafado janggo ou chango, é um membranofone tradicional da Coreia, reconhecível pela sua distinta forma de ampulheta, semelhante ao Damaroo indiano. Este instrumento de percussão é composto por um corpo central estreito, geralmente feito de madeira, com duas peles de animal esticadas em ambas as extremidades mais largas. A tensão destas peles é ajustável através de um sistema de cordas que percorrem o corpo do instrumento, permitindo ao músico controlar a afinação e o timbre de cada extremidade de forma independente.

A técnica de tocar o Janggu é versátil e complexa. Geralmente, o instrumento é posicionado horizontalmente à frente do músico, que utiliza diferentes tipos de baquetas para percutir as peles. Uma das extremidades, conhecida como gungpyeon, é geralmente tocada com uma baqueta mais grossa e suave, produzindo um som grave e abafado. A outra extremidade, chamada chaeppyeon, é percutida com uma baqueta mais fina e rija, resultando num som agudo e estaladiço. Esta dualidade sonora permite a criação de ritmos complexos e texturas rítmicas ricas.

O Janggu desempenha um papel fundamental em diversos géneros da música tradicional coreana, desde a música folclórica e camponesa (Nongak) até à música clássica da corte (Jeongak) e às formas de arte performativas como o Pansori e o Sanjo. A sua capacidade de produzir uma ampla gama de sons rítmicos e a sua flexibilidade tonal tornam-no um instrumento essencial para estabelecer o ritmo base e adicionar camadas de percussão intrincadas.

A importância cultural do Janggu é inegável, sendo um dos instrumentos mais onipresentes na música coreana. A sua forma única e a sua sonoridade característica são facilmente identificáveis, e o seu papel central em tantas formas musicais tradicionais sublinha a sua relevância contínua na Coreia moderna. A habilidade dos percussionistas de Janggu em coordenar os toques nas duas extremidades com diferentes baquetas demonstra um alto nível de destreza e musicalidade, tornando-o um instrumento vibrante e essencial na paisagem sonora coreana.

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Janggu

Janggu

O sarod é um instrumento de cordas que possui entre 18 e 25 trastos de metal, que são ajustáveis, localizados ao longo da escala. A sua estrutura consiste em uma tigela de madeira convexa e uma tampa de pele de cabra que funciona como caixa de ressonância. Possui uma longa escala de aproximadamente 55-60 cm e cordas de metal de diferentes espessuras que são tocadas com uma unha de metal chamada “jama”.

O sarod é frequentemente comparado ao sitar, outro instrumento indiano popular, porém, o sarod possui um som mais grave e é tocado com uma técnica diferente. Ao contrário do sitar, o sarod não possui trastos móveis adicionais e é tocado com os dedos.

O instrumento é capaz de produzir uma grande variedade de expressões e matizes musicais. É usado tanto para tocar melodias como para improvisações e é considerado um instrumento solo muito expressivo na música clássica indiana.

O uso do sarod na música indiana remonta a séculos atrás, e ao longo do tempo, tem sofrido várias modificações e melhorias. Hoje em dia, é um instrumento essencial na música clássica indiana e é apreciado por sua sonoridade distinta e rica.

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Situa-se no índice 32 do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos. É um cordofone composto, instrumento de corda que tem caixa de ressonância como parte integrante e indispensável.

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Sarod, Índia

Sarod, Índia

Sargija é um instrumento de cordas dedilhadas com uma presença significativa no folclore de diversos países dos Balcãs, incluindo Albânia, Croácia, Kosovo, Sérvia e Bósnia-Herzegovina. A sua origem remonta ao período do Império Otomano, o que explica a sua disseminação por esta vasta região com influências culturais partilhadas. A Sargija pertence à família dos alaúdes de braço longo e possui características que a distinguem de outros instrumentos de corda da região.

O corpo da Sargija é geralmente feito de madeira e pode variar ligeiramente na sua forma, embora frequentemente apresente um formato oval ou em forma de pêra, com um fundo arredondado. O braço longo, também de madeira, possui trastes que permitem ao músico produzir diferentes alturas de som ao pressionar as cordas. O número de cordas varia, mas é comum encontrar Sargijas com duas, quatro ou seis cordas, geralmente feitas de metal ou nylon atualmente, embora tradicionalmente pudessem ser de tripa.

A Sargija é tradicionalmente tocada com um plectro ou palheta, dedilhando as cordas para produzir melodias e acompanhamentos rítmicos. A sua sonoridade é tipicamente descrita como brilhante e penetrante, adequada para a execução de músicas folclóricas animadas e canções épicas. É um instrumento frequentemente utilizado em conjuntos musicais tradicionais dos Balcãs, onde pode assumir um papel melódico principal ou fornecer uma base harmónica e rítmica para outros instrumentos e vocalistas.

A sua ligação ao período otomano confere à Sargija um significado histórico e cultural importante para as comunidades balcânicas. Através da sua música, são transmitidas histórias, tradições e a própria identidade cultural destas regiões. Apesar das diversas influências musicais presentes nos Balcãs, a Sargija mantém o seu lugar como um instrumento folclórico distintivo e apreciado, continuando a ser tocada em celebrações, festivais e outras ocasiões importantes, preservando assim o seu legado e a sua sonoridade característica para as futuras gerações.

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Sargija, Balcãs

Sargija, Balcãs

Sarinda é um instrumento de cordas friccionadas tradicionalmente encontrado no Nepal, Índia e Paquistão. Caracteriza-se por possuir um corpo de madeira esculpido, geralmente com uma caixa de ressonância mais larga na parte inferior que se estreita em direção ao braço. O número de cordas varia, mas frequentemente possui três ou mais cordas principais, feitas de tripa ou metal, que são friccionadas com um arco curto para produzir som. Algumas Sarindas podem também ter cordas simpáticas, que vibram por ressonância, enriquecendo o timbre do instrumento.

A Sarinda é frequentemente comparada ao violino devido à sua técnica de execução com arco e à sua sonoridade expressiva, embora possua características distintas que a diferenciam. O seu corpo esculpido e a forma como as cordas são tensionadas contribuem para um timbre único, muitas vezes descrito como mais nasal e com uma qualidade vocal. O braço da Sarinda geralmente não possui trastes, permitindo ao músico produzir um glissando contínuo e uma ampla gama de microtons, essenciais na música tradicional destas regiões.

Este instrumento desempenha um papel importante na música folclórica e tradicional do Nepal, Índia e Paquistão. É frequentemente utilizado por músicos itinerantes, contadores de histórias e artistas de rua para acompanhar canções, baladas e narrativas épicas. A sua capacidade de expressar emoções profundas e nuances melódicas torna-o um veículo poderoso para a transmissão cultural e a expressão artística. Em algumas tradições, a Sarinda é também associada a práticas espirituais e rituais.

Apesar da crescente influência da música ocidental e de outros instrumentos modernos, a Sarinda continua a ser valorizada pela sua sonoridade única e pela sua ligação com as tradições musicais locais. Esforços de preservação e revitalização têm sido realizados para garantir que este instrumento ancestral continue a ser apreciado e tocado pelas futuras gerações, mantendo viva a sua voz distinta no panorama musical do Sul da Ásia.

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  • Instrumentos musicais do Nepal
  • Instrumentos de corda friccionada
  • Cordofones de arco
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Sarinda, Nepal

Sarinda, Nepal

Shoko (鉦鼓) é um instrumento de percussão membranofone, embora por vezes possa ser confundido com um idiofone devido à sua construção e sonoridade. É um tambor pequeno, com um corpo de madeira rasa e uma única pele esticada sobre uma das extremidades. A sua característica distintiva reside na maneira como é tocado: geralmente, o Shoko não é percutido diretamente com baquetas, mas sim com duas pequenas hastes de madeira ou chifre, chamadas bachi, que friccionam ou raspam a pele, produzindo um som agudo, metálico e ressonante, semelhante ao de um gongo pequeno ou um sino.

O Shoko desempenha um papel crucial em duas formas importantes da música tradicional japonesa: o gagaku, a música clássica da corte, e o shomyo, o canto litúrgico budista. No contexto do gagaku, o Shoko é um dos principais instrumentos de percussão, responsável por marcar o tempo e acentuar as frases musicais. O seu som penetrante ajuda a definir a estrutura rítmica e a adicionar um brilho metálico à sonoridade orquestral. A precisão e o timing do percussionista de Shoko são essenciais para a coesão do conjunto.

No shomyo, o Shoko é utilizado para marcar os tempos e as divisões dentro dos cânticos rituais. O seu som claro e distinto auxilia na estruturação das longas e complexas melodias vocais, proporcionando um ponto de referência rítmico para os cantores. A utilização do Shoko neste contexto enfatiza a sua capacidade de criar um ambiente cerimonial e contemplativo.

Embora seja um instrumento relativamente pequeno em tamanho, o Shoko possui uma presença sonora significativa dentro dos conjuntos musicais japoneses tradicionais. A sua técnica de execução única e o seu timbre distintivo contribuem de forma essencial para a identidade sonora do gagaku e do shomyo, demonstrando a diversidade e a sofisticação da percussão na música japonesa clássica e religiosa.

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  • Instrumentos musicais do Japão
  • Família dos gongos
  • Idiofones percutidos
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Shoko, Japão

Shoko, Japão