Enciclopédia de instrumentos musicais do mundo

Orglice é o termo esloveno para designar a harmónica de boca, também conhecida em português como gaita de beiços. Este pequeno instrumento de sopro de palheta livre é amplamente popular em diversas culturas musicais ao redor do mundo, incluindo a Eslovénia, devido à sua portabilidade, facilidade de aprendizado e capacidade de produzir melodias expressivas e ricas em harmónicos.

A Orglice consiste num corpo retangular, geralmente feito de metal ou plástico, com uma série de canais de ar. Dentro de cada canal, existem duas palhetas de metal (geralmente latão ou bronze) afinadas ligeiramente diferentes. Quando o músico sopra ou aspira através dos orifícios correspondentes aos canais, as palhetas vibram, produzindo som. A diferença sutil na afinação das palhetas dentro de cada canal cria um efeito de tremolo característico da harmónica diatónica.

Existem diversos tipos de Orglice, sendo as mais comuns a diatónica e a cromática. A harmónica diatónica é projetada para tocar em uma tonalidade específica, permitindo a execução de melodias dentro dessa escala. A harmónica cromática, por outro lado, possui um botão deslizante que, quando pressionado, direciona o ar para um segundo conjunto de palhetas afinadas meio tom acima, permitindo ao músico tocar todas as notas da escala cromática.

Na Eslovénia, a Orglice é apreciada em contextos de música folclórica, popular e até mesmo em alguns géneros contemporâneos. A sua versatilidade permite que seja utilizada tanto como instrumento solista, para melodias simples ou complexas, quanto como parte de ensembles, adicionando um timbre único e expressivo. A sua acessibilidade e o prazer de tocar contribuem para a sua popularidade contínua entre músicos de todas as idades na Eslovénia.

Orglice

Orglice

Teponatzli é um idiofone de percussão direta utilizado pelos Aztecas e outras culturas do centro do México, com origens pré-colombianas. Este instrumento único pertence à família dos tambores de fenda e é construído a partir de um tronco de árvore oco, geralmente de madeira dura como o jacarandá ou o cedro. A característica distintiva do Teponatzli reside nas fendas esculpidas na sua superfície superior. Estas fendas, tipicamente em forma de H ou duas linhas paralelas, criam duas “línguas” de madeira com diferentes comprimentos e espessuras, permitindo a produção de duas notas distintas com diferentes frequências quando percutidas.

A arte da construção do Teponatzli era altamente especializada, e regiões como Tlaxcala eram conhecidas pelos seus marceneiros exímios na talha da madeira, produzindo alguns dos melhores exemplares. O tronco era cuidadosamente escavado para criar uma câmara de ressonância interna, e as fendas eram precisamente cortadas e afinadas para obter os tons desejados. Alguns Teponatzli eram ricamente decorados com entalhes de figuras humanas, animais ou motivos geométricos, refletindo a importância cultural e cerimonial do instrumento.

O Teponatzli era tocado percutindo as línguas de madeira com baquetas, que podiam ser feitas de madeira simples ou ter pontas revestidas a borracha ou pele para alterar o timbre. Os ritmos complexos e as sequências de notas produzidas pelo Teponatzli desempenhavam um papel crucial na música cerimonial, nas danças rituais e na comunicação à distância. O som oco e ressonante do Teponatzli podia viajar longas distâncias, sendo utilizado para sinalizar eventos importantes ou para coordenar movimentos em grandes cerimónias. A sua sonoridade única impressionou os conquistadores europeus, testemunhando a sofisticação musical das civilizações mesoamericanas.

ETIQUETAS

  • Idiofones percutidos
  • Instrumentos de percussão de altura indefinida
  • tambores de fenda
  • Instrumentos começados por t
Teponatzli

Teponatzli

Ttun-ttun, também conhecido por uma variedade de nomes regionais como chicoten, tambor de cuerdas, tambor de Béarn, tambourin de Gascogne e tambourin de Provence, é um instrumento de corda percutida tradicional do País Basco francês. A sua característica mais distintiva reside na sua execução singular, onde o músico utiliza a mão direita para percutir as cordas com uma baqueta, enquanto a mão esquerda se dedica a tocar o txistu ou a txirula, uma pequena flauta de três buracos. Esta combinação permite a um único instrumentista fornecer tanto a melodia quanto o acompanhamento rítmico.

O Ttun-ttun consiste numa longa caixa de ressonância de madeira, sobre a qual são esticadas várias cordas de metal ou tripa. O número de cordas pode variar, mas geralmente situa-se entre quatro e seis. Estas cordas são afinadas em diferentes alturas, criando uma base harmónica ou rítmica quando percutidas. A baqueta utilizada para bater nas cordas pode ser simples ou ter uma extremidade mais larga para produzir um som mais cheio.

A técnica de tocar o Ttun-ttun em simultâneo com o txistu ou a txirula exige grande coordenação e destreza. O músico segura a pequena flauta com a mão esquerda, utilizando os dedos para manipular os três orifícios e produzir a melodia. Ao mesmo tempo, a mão direita percute ritmicamente as cordas do Ttun-ttun, criando um acompanhamento percussivo que sustenta e enriquece a melodia da flauta. Os ritmos podem ser simples e repetitivos, marcando o compasso, ou mais complexos, adicionando nuances e acentos à música.

O Ttun-ttun é um instrumento fundamental na música folclórica do País Basco francês, acompanhando danças tradicionais e celebrações festivas. A sua capacidade de combinar melodia e ritmo numa única performance torna-o um elemento essencial em muitos ensembles e apresentações. Os seus diversos nomes regionais refletem a sua ampla presença e a sua importância cultural em diferentes áreas do sudoeste da França.

ETIQUETAS

  • Instrumentos tradicionais do País Basco
  • Instrumentos de corda percutida
  • Instrumentos começados por t
Ttun-ttun, País Basco

Ttun-ttun, País Basco

Tongue drum, ou tambor de língua em português, é um idiofone de percussão direta que se destaca pela sua sonoridade etérea e melódica. Construído em madeira ou outros materiais como metal, o instrumento apresenta uma superfície com diversas fendas ou cortes, criando “línguas” de tamanhos variados. Cada uma dessas línguas é afinada para produzir uma nota específica quando percutida, permitindo a execução de melodias e harmonias simples.

A forma do Tongue drum pode variar, desde discos circulares a retângulos ou outras formas geométricas. As fendas são cuidadosamente desenhadas e cortadas para garantir a afinação precisa de cada língua. Geralmente, o número de línguas varia entre cinco e quinze, cada uma correspondendo a uma nota de uma escala musical específica, como a pentatónica, que confere ao instrumento um som naturalmente harmonioso e agradável.

O Tongue drum é tocado percutindo as línguas com baquetas, geralmente com pontas de borracha ou outro material macio. O uso de baquetas com pontas suaves contribui para um som mais quente e ressonante, evitando um ataque demasiado percussivo. A técnica de execução é intuitiva, permitindo a músicos de diferentes níveis de experiência explorar melodias e ritmos de forma criativa.

A sonoridade do Tongue drum é frequentemente descrita como relaxante, meditativa e quase celestial, o que o torna popular em contextos de terapia sonora, meditação, yoga e música ambiente. A sua facilidade de aprendizado e a beleza do seu som também o tornaram um instrumento apreciado por educadores musicais e entusiastas da música em geral. A sua origem moderna remonta ao final do século XX, mas a sua sonoridade evoca instrumentos ancestrais, proporcionando uma experiência musical única e envolvente.

Tongue drum

Tongue drum

Thimila ou paani é um instrumento de percussão tradicionalmente usado na música e nas danças folclóricas do sul da Índia, especialmente no estado de Kerala. É um tipo de tambor bimembranofone em formato de ampulheta, com um corpo de madeira e peles nas extremidades.

A construção da thimila é feita com um cilindro de madeira oco, que tem um tamanho médio de cerca de 45 centímetros de comprimento e 20 centímetros de diâmetro. Em cada extremidade do cilindro, é fixada uma pele de animal, tradicionalmente pele de cabra. Essas peles são presas e tensas no corpo da thimila usando cordas, permitindo ajustar a tensão e, consequentemente, o som produzido.

Para tocar a thimila, o músico segura o instrumento verticalmente entre os joelhos ou ombros e bate nas peles usando as mãos nuas. O som é produzido pelo impacto das mãos nas peles tensionadas, resultando em um som grave e ressonante.

A thimila é frequentemente utilizada em conjunto com outros instrumentos de percussão, como a mridangam, para acompanhar danças e performances musicais. Ela desempenha um papel importante na música carnática, um estilo de música clássica do sul da Índia.

Além disso, a thimila também é usada em cerimónias religiosas e festivais em Kerala, onde é tocada de forma ritmada para marcar o tempo e criar atmosfera festiva. É um instrumento de grande importância cultural e tradicional na região sul da Índia.

(com IA)

Situa-se no índice 21 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais, entre os tambores percutidos, instrumentos cuja membrana é posta em vibração ao ser batida ou percutida.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da Índia
  • tambores percutidos
  • tambores em forma de ampulheta
  • Instrumentos começados por t
Thimila, Índia

Thimila, Índia

Accordion (em inglês),  acordeão em português, termo derivado do alemão “accordium”, é um aerofone de palheta livre que se distingue pela presença de um fole e de um sistema de teclas ou botões. Criado no século XIX através da colaboração de diversos fabricantes na França, Alemanha (onde a marca “Hohner” se destacou) e Itália, o acordeão rapidamente se popularizou em todo o mundo devido à sua versatilidade e capacidade de produzir melodias e harmonias complexas.

O funcionamento do acordeão baseia-se na ação do fole, que é expandido e contraído pelos movimentos dos braços do acordeonista. Este movimento força o ar a passar através de palhetas de metal, localizadas dentro do instrumento, fazendo-as vibrar e produzir som. A direção do movimento do fole (abertura ou fecho) pode, em alguns tipos de acordeão, influenciar o timbre ou até mesmo a nota produzida.

Existem dois tipos principais de acordeão: o diatónico e o cromático. O acordeão cromático, mencionado na descrição, apresenta um teclado no lado direito, que pode ser composto por teclas (semelhante a um piano) ou botões dispostos em várias filas. Este teclado permite ao músico tocar todas as notas da escala cromática. No lado esquerdo, encontram-se os botões de “baixos”, que produzem notas de baixo fundamentais e acordes predefinidos, facilitando o acompanhamento harmónico.

A notação musical para acordeão utiliza as claves de sol (para a mão direita, responsável pela melodia) e de fá (para a mão esquerda, responsável pelos baixos e acordes). A combinação da ação coordenada das mãos e dos braços do acordeonista permite a execução de uma vasta gama de estilos musicais, desde a música folclórica até ao jazz e à música clássica, tornando o acordeão um instrumento incrivelmente expressivo e multifacetado.

Accordion

Accordion

Alboka, derivado do árabe “al-buq” (trombeta ou buzina), é um instrumento de sopro tradicional do País Basco, na Espanha, frequentemente descrito como uma espécie de clarinete popular. Este aerofone singular destaca-se pela sua construção peculiar e pela sua sonoridade característica, profundamente enraizada na música folclórica da região.

A estrutura do Alboka consiste num tubo de madeira, geralmente de freixo ou outra madeira local, que serve como corpo principal do instrumento. Nas extremidades deste tubo, são fixadas duas peças de corno de animal. A peça de corno maior, localizada na extremidade distal, funciona como uma campânula, amplificando e direcionando o som produzido. A peça de corno menor, na extremidade proximal (onde o músico sopra), contém uma palheta simples, geralmente feita de cana.

O músico sopra através da extremidade com a palheta, fazendo-a vibrar e gerar o som que é então modulado pelos orifícios laterais presentes no tubo de madeira. O número de orifícios pode variar ligeiramente, mas geralmente permite a execução da escala diatónica e de algumas notas cromáticas através de técnicas de dedilhado específicas. A combinação do tubo de madeira com as extremidades de corno confere ao Alboka um timbre único, frequentemente descrito como nasal, penetrante e com uma certa rusticidade que o distingue de outros clarinetes.

O Alboka desempenha um papel fundamental na música tradicional basca, sendo frequentemente utilizado em festas, danças e celebrações. A sua sonoridade marcante acompanha melodias alegres e ritmos enérgicos, característicos do folclore da região. Apesar da sua aparente simplicidade, a execução do Alboka exige habilidade e controlo do sopro para explorar a sua expressividade musical. A sua preservação e a sua prática contínua são importantes para manter viva a rica herança cultural do País Basco.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais de Espanha
  • Instrumentos tradicionais do País Basco
  • Instrumentos começados por a
  • Aerofones de bocal

Alboka, Espanha

Alboka, Espanha

 

Nagara (naqqara, naqareh, nagada) é um tambor tradicional com uma rica história no Médio Oriente, Turquia e Índia. Este bimembranofone, geralmente tocado em pares, consiste num corpo arredondado, tradicionalmente feito de barro, madeira ou metal, com uma pele de animal esticada sobre a abertura superior, fixada por cordas ou tiras de couro que podem ser ajustadas para alterar a afinação.

Os Nagara são tipicamente tocados com baquetas, que podem ter cabeças de couro ou madeira, e cada tambor do par é afinado numa altura diferente, permitindo a criação de melodias rítmicas e a marcação de batidas distintas. A sua sonoridade potente tornava-o ideal para espaços abertos, onde a sua ressonância podia ser ouvida a longas distâncias.

Historicamente, o Nagara desempenhou um papel significativo em contextos militares, sendo utilizado como um tambor de guerra para sinalizar exércitos e anunciar eventos reais. No entanto, com o tempo, transitou de uma ferramenta funcional de comunicação para um elemento essencial da música e da dança, particularmente nas tradições folclóricas. Na Índia, por exemplo, é um instrumento popular na música folclórica Punjabi (Bhangra) e Rajasthani, e é usado em cerimónias de templos e casamentos.

Acredita-se que o Nagara seja um possível ancestral dos timbales usados na Europa. Após as Cruzadas, o instrumento foi adotado na Europa, onde era conhecido como naker ou naccaire, sendo utilizado principalmente para fins militares, mas também em música de câmara, dança e procissões. Os timbales modernos, usados em orquestras, descendem deste antigo instrumento, embora tenham evoluído significativamente na sua construção e utilização. A influência do Nagara pode ser rastreada através da sua adoção e adaptação em diferentes culturas ao longo da história.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais do Médio Oriente
  • tambores percutidos
  • Instrumentos começados por n
Nagara, Médio Oriente

Nagara, Médio Oriente

Naqareh, também conhecido por naqqara, nagara ou nagada, é um tambor tradicional com uma longa história no Médio Oriente, Turquia e Índia. Este instrumento de percussão, classificado como um membranofone do tipo timbale, caracteriza-se tipicamente por ser tocado em pares, embora existam variações regionais.

Cada tambor do par possui geralmente um tamanho diferente, resultando em sons distintos: um produz batidas de tom mais baixo, enquanto o outro oferece tons mais agudos. A construção tradicional envolve um corpo arredondado, muitas vezes feito de barro cozido ou metal, sobre o qual é esticada uma pele de animal, como a de cabra ou ovelha, fixada com cordas que permitem ajustar a tensão e, consequentemente, a afinação.

Os Naqareh são percutidos com pequenas baquetas de madeira, por vezes curvadas na extremidade superior, chamadas “damka”. Ao longo da história, estes tambores desempenharam um papel significativo em diversos contextos culturais, desde cerimónias e celebrações até à música folclórica e militar. Acredita-se que o Naqareh tenha sido introduzido na Europa após as Cruzadas, onde evoluiu para os timbales modernos utilizados em orquestras. A sua presença em iconografia europeia medieval atesta a sua influência e disseminação.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais do Médio Oriente
  • tambores percutidos
  • tambores em forma de tigela
  • Instrumentos começados por n
Nagareh

Nagareh

Nevel é um instrumento de cordas dedilhado, proeminente na música da antiga Israel e mencionado várias vezes no Antigo Testamento da Bíblia Hebraica. O termo hebraico “Nevel” (נֵבֶל) tem sido tradicionalmente traduzido para o português como harpa, embora alguns estudiosos modernos sugiram que poderia ter sido mais semelhante a uma lira de maior porte.

As referências bíblicas ao Nevel, nomeadamente no Livro dos Salmos (Salmo 92:3), no Livro de Isaías (Isaías 5:12) e no Livro de Daniel (Daniel 3:5), indicam a sua importância em contextos religiosos e seculares. Era usado para acompanhar cânticos e celebrações, contribuindo para a atmosfera de alegria e louvor. O Salmo 92:3, em particular, menciona o Nevel juntamente com o saltério e a harpa (em algumas traduções), realçando o seu papel na música litúrgica.

A forma e o número exato de cordas do Nevel são debatidos entre os estudiosos, dada a escassez de evidências arqueológicas diretas do período bíblico. Algumas interpretações sugerem que era um instrumento com uma caixa de ressonância e múltiplas cordas dispostas verticalmente, semelhante a uma harpa. Outras teorias apontam para um instrumento com cordas dispostas horizontalmente sobre uma caixa, mais parecido com uma lira ou um saltério. A designação “Nevel Asor” (נֵבֶל עָשׂוֹר) encontrada em alguns Salmos (por exemplo, Salmo 33:2 e 144:9), que significa “Nevel de dez cordas”, sugere que existiam variações no número de cordas.

Independentemente da sua forma precisa, o Nevel era um instrumento musical significativo na cultura do antigo Israel, associado tanto à expressão religiosa quanto à celebração da vida. A sua menção nas Sagradas Escrituras atesta o seu lugar de destaque na história da música e na fé do povo israelita.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais de Israel
  • Instrumentos de corda dedilhada
  • Cordofones do tipo lira
  • Instrumentos começados por n
Nevel, Israel

Nevel, Israel