Timbal é um tambor cónico de percussão direta originário do Brasil, derivado do caxambu. Caracteriza-se pelo seu formato ligeiramente cónico, sendo mais largo na parte superior onde a pele é fixada e estreitando-se na base. O corpo do timbal pode ser feito de madeira ou metal, sendo este último mais comum atualmente devido à sua durabilidade e projeção sonora.
A principal forma de tocar o timbal é com as mãos, utilizando uma variedade de golpes com as palmas, dedos e laterais para produzir uma rica gama de sons percussivos. É um instrumento fundamental em diversos géneros musicais brasileiros, especialmente no samba-reggae e na timbalada, onde a sua sonoridade potente e rítmica impulsiona a energia das performances. A sua leveza facilita a movimentação do músico durante a execução.
Situa-se no índice 21 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais, entre os tambores percutidos, instrumentos cuja membrana é posta em vibração ao ser batida ou percutida.
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Instrumentos musicais do Brasil
tambores percutidos
Instrumentos começados por t
Instrumentos musicais do Brasil
Timbal, Brasil
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2020/04/timbal-brasil.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2020-04-08 18:52:352025-04-16 16:06:49Timbal, Brasil
Argol, também grafado arghul, argul, arghoul ou arghool, é um aerofone de palheta simples tradicional do Egito, Palestina e Norte de África, com raízes que remontam ao Antigo Egito. Este instrumento singular é constituído por dois tubos paralelos, geralmente feitos de cana. Um dos tubos possui orifícios para os dedos e é usado para tocar a melodia, enquanto o outro, mais longo e sem orifícios, funciona como um bordão, produzindo uma nota contínua de acompanhamento.
A palheta simples, comum a ambos os tubos, vibra com o sopro do tocador, gerando o som característico do argol. A técnica de respiração circular é frequentemente utilizada para manter um som contínuo e ininterrupto. O argol possui um timbre rico e ligeiramente nasal, sendo um instrumento proeminente na música folclórica e tradicional das regiões onde é encontrado, evocando uma sonoridade ancestral e distintiva.
Nos instrumentos da categoria 4 do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais (aerofones), o som é produzido principalmente pela vibração do ar ou pela sua passagem através de arestas ou palhetas: o instrumento por si só não vibra, nem há membranas ou cordas vibrantes.
Ondioline é um instrumento musical eletrónico de teclado inventado pelo engenheiro francês Georges Jenny em 1941, com produção comercial ativa em França durante as décadas de 1950 e 1960. Este instrumento monofónico, precursor de muitos sintetizadores modernos, destacava-se pela sua capacidade expressiva, permitindo ao tocador controlar a altura, o timbre e o volume do som de forma dinâmica através de movimentos laterais do teclado e da pressão das teclas.
O som do ondioline era produzido por osciladores eletrónicos, oferecendo uma vasta gama de timbres, desde sons suaves e melódicos até texturas mais complexas e incomuns. Apesar de não ter alcançado a mesma popularidade de outros instrumentos eletrónicos da época, o ondioline deixou a sua marca em diversas gravações e bandas sonoras, sendo apreciado pela sua expressividade única e pela sua sonoridade inovadora para a sua época. A sua produção limitada e a sua sonoridade distinta conferem-lhe hoje um estatuto de instrumento vintage de culto.
Tzi-ditindi é um aerofone livre, um instrumento musical ancestral similar ao berra-boi (bullroarer), de profunda importância cultural para os índios Apache, onde é utilizado em cerimónias rituais. A sua construção é notavelmente simples: uma barra delgada de madeira, com dimensões variáveis, é presa a uma extremidade por um fio resistente. A magia sonora do tzi-ditindi reside na sua interação com o ar quando o tocador o faz rodar vigorosamente em círculos sobre a sua cabeça ou ao lado do corpo.
A rotação rápida da barra de madeira através do ar gera vórtices que produzem um som característico, uma espécie de zumbido ou rugido, cuja altura e intensidade podem variar consoante a velocidade da rotação e as dimensões da barra. Este som misterioso e evocativo confere uma atmosfera especial aos rituais Apache, sendo considerado por alguns como a voz de espíritos ou forças da natureza.
Instrumentos com princípios semelhantes ao tzi-ditindi foram utilizados por diversas culturas ao redor do mundo, incluindo Austrália, América, Europa e Ásia, muitas vezes com propósitos comunicacionais a longas distâncias, devido à sua capacidade de produzir sons audíveis a quilómetros.
A descoberta de um artefato paleolítico na Ucrânia, datado de cerca de 18.000 a.C., sugere uma longa história de utilização deste tipo de instrumento pela humanidade, testemunhando a sua eficácia tanto em contextos rituais quanto práticos.
Shinobue é uma flauta traversa pertencente à família yokobue, um grupo de flautas transversais de bambu tradicionais do Japão. Este aerofone é construído a partir de um único tubo de bambu, cuidadosamente perfurado com oito orifícios digitais: sete na parte frontal para os dedos e um na parte posterior para o polegar. O seu tamanho compacto e a sua construção em bambu conferem-lhe uma sonoridade brilhante e penetrante, distinta de outras flautas japonesas.
O shinobue desempenha um papel crucial em diversos aspetos da cultura japonesa, sendo particularmente proeminente em festivais tradicionais (matsuri) e em apresentações teatrais, como o kabuki e o noh. Nestes contextos, a sua melodia vibrante e expressiva contribui para a atmosfera festiva e para a narrativa dramática. Os tocadores de shinobue empregam uma variedade de técnicas de sopro e digitação para produzir ornamentações complexas e variações tonais subtis, enriquecendo a música tradicional japonesa.
Apesar da sua simplicidade estrutural, o shinobue é capaz de expressar uma ampla gama de emoções e melodias, tornando-o um instrumento essencial na paisagem sonora do Japão e um símbolo da sua rica herança musical. A sua presença em festivais e no teatro garante a sua continuidade e relevância cultural através das gerações.
É um instrumento de sopro do grupo 421 – aerofones com sopro em aresta – no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais.
Abê, também conhecido como agbê ou sekere (na ortografia Yoruba), é um idiofone de fricção originário de África, com uma presença significativa em diversas culturas e manifestações musicais ao longo do continente. Essencialmente, o instrumento consiste numa cabaça seca, cuidadosamente preparada através do corte na extremidade próxima ao pedúnculo e envolta numa rede trançada de contas. A diversidade linguística e cultural de África reflete-se nos inúmeros nomes que o instrumento assume em diferentes regiões, como lilolo, axatze (no Gana) e shekere (na Nigéria).
A forma particular da cabaça utilizada na construção do abê desempenha um papel crucial na determinação do timbre e da ressonância do som produzido. A confecção de um xekere, um dos nomes comuns do abê, é um processo que exige paciência e habilidade. As cabaças são selecionadas e deixadas a secar por um período de vários meses, garantindo a sua completa desidratação. Posteriormente, a polpa e as sementes são removidas do interior, deixando apenas a casca oca. A rede de contas, geralmente feita de sementes, búzios ou contas de plástico, é então cuidadosamente ajustada à volta da cabaça.
A sonoridade característica do abê é criada através de dois métodos principais: a fricção da rede de contas contra a superfície da cabaça, produzindo um som de raspagem rítmico, e a percussão direta da cabaça com as mãos para obter sons mais secos e abafados. No Brasil, o abê encontrou um lar vibrante em diversas manifestações culturais e religiosas de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, bem como em géneros musicais populares como o maracatu e o samba, enriquecendo a sua percussão com texturas sonoras únicas e ritmos complexos.
Situa-se no índice 13. do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Nestes idiofones, o som produz-se por fricção ou raspagem.
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Instrumentos tradicionais do Brasil
Idiofones de fricção
Instrumentos começados por a
Abê, Brasil
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2020/04/abe-brasil.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2020-04-08 17:47:212025-04-16 16:17:33Abê, Brasil
Agbê, também conhecido como abê ou sekere (na grafia Yoruba), é um idiofone de fricção com raízes profundas no continente africano, desempenhando um papel significativo nas tradições musicais e rituais de diversas culturas. A sua construção engenhosa e a sua sonoridade versátil tornam-no um instrumento distintivo e expressivo. Essencialmente, o agbê é composto por uma cabaça seca, cuidadosamente preparada através de um corte preciso na extremidade próxima ao pedúnculo. Esta cabaça serve como corpo ressonante do instrumento.
A característica definidora do agbê é a rede de contas que o envolve externamente. Esta rede, geralmente feita de sementes, pequenas conchas (como os búzios) ou contas de plástico, é trançada de forma a cobrir a superfície da cabaça. Ao longo de África, o instrumento adquire diferentes denominações, refletindo a rica diversidade linguística e cultural do continente. Exemplos incluem lilolo, xequere (uma variante comum), e axatze (utilizado no Gana). Na Nigéria, a designação predominante é shekere.
A forma e o tamanho da cabaça utilizada na construção do agbê são determinantes para o timbre e o volume do som produzido. Cabaças maiores tendem a gerar sons mais graves e com maior ressonância, enquanto cabaças menores produzem sons mais agudos e estalados. O processo de fabricação de um xequere, uma das designações frequentes, é meticuloso e demorado. As cabaças são selecionadas e deixadas a secar naturalmente durante vários meses, um passo crucial para garantir a sua durabilidade e qualidades sonoras. Após a secagem completa, a polpa e as sementes são cuidadosamente removidas do interior, deixando a cabaça oca e pronta para receber a rede de contas.
A técnica de execução do agbê explora a interação entre a cabaça e a rede de contas. O músico pode produzir sons de raspagem rítmica ao friccionar a rede contra a superfície da cabaça, ou obter sons percussivos mais secos e definidos ao golpear diretamente a cabaça com as mãos. A combinação destas técnicas permite a criação de padrões rítmicos complexos e texturas sonoras interessantes. No Brasil, o agbê encontrou um lugar de destaque em manifestações culturais e religiosas de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, e também enriquece a percussão de géneros musicais populares como o maracatu e o samba, demonstrando a sua adaptabilidade e a sua rica herança sonora.
Situa-se no índice 13. do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Nestes idiofones, o som produz-se por fricção ou raspagem.
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Instrumentos tradicionais de África
Idiofones de fricção
Instrumentos começados por a
Agbê
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
Xekere é um idiofone tradicional de percussão indireta, caracterizado pela sua sonoridade única produzida pela fricção de uma rede de contas que envolve o exterior de uma cabaça seca.
Originário de África, particularmente da Nigéria, onde é conhecido pelo seu nome na língua Yoruba, “sekere”, este instrumento possui diversas denominações ao longo do continente, como abê, agbê e axatze, refletindo a sua ampla presença e adaptação cultural.
A construção do xekere inicia-se com a seleção de uma cabaça, que é então seca durante um período prolongado, geralmente vários meses, para garantir a sua completa desidratação e resiliência. Após a secagem, a polpa e as sementes são removidas do interior, deixando a cabaça oca, que atuará como corpo ressonante do instrumento. A etapa seguinte e crucial é o envolvimento da cabaça com uma rede de contas, tradicionalmente feitas de sementes, búzios ou, modernamente, de plástico. Esta rede é cuidadosamente ajustada para permitir a produção do som desejado.
A técnica de execução do xekere envolve principalmente a manipulação da rede de contas em contato com a superfície da cabaça. Ao friccionar ou agitar a rede, as contas colidem com a cabaça, gerando um som de raspagem rítmico e característico. Adicionalmente, o tocador pode obter sons percussivos diretos ao golpear a própria cabaça com as mãos, produzindo timbres mais secos e abafados. A combinação destas técnicas permite a criação de padrões rítmicos complexos e texturas sonoras interessantes, tornando o xekere um instrumento versátil e expressivo em diversos contextos musicais, tanto tradicionais africanos quanto em fusões contemporâneas. No Brasil, o xekere (ou abê/agbê) é um elemento fundamental em manifestações culturais e religiosas de matriz africana, como o candomblé e o maracatu, enriquecendo a sua percussão com a sua sonoridade singular.
Situa-se no índice 13. do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Nestes idiofones, o som produz-se por fricção ou raspagem.
Valiha é um cordofone tradicional de Madagáscar, considerado o instrumento nacional do país, com uma forma que lembra a de uma cítara tubular. Historicamente, era frequentemente construído a partir de um único segmento de bambu, com as cordas sendo lascas elevadas da própria superfície do bambu, sustentadas por pequenas pontes de cabaça ou madeira que também serviam como afinadores móveis. Nos modelos modernos, é comum o uso de cordas de metal, como fios de guitarra ou cabos de travão de bicicleta desfiados, fixadas através de pregos e afinadas por cravelhas.
O valiha é tocado dedilhando as cordas com os dedos, produzindo um som suave e melódico. O número de cordas pode variar, mas geralmente situa-se entre 21 e 24. Tradicionalmente associado à região de Imerina, nas terras altas centrais de Madagáscar, o valiha é hoje tocado em todas as regiões da ilha e está presente em diversos estilos musicais malgaxes, desde o tsapiky do sul ao salegy do norte e ao kalon’ny fahiny das terras altas.
Além do seu papel na música recreativa, o valiha possui um significado cultural profundo em Madagáscar. Historicamente, ter unhas longas, ideais para dedilhar as cordas, era um símbolo de distinção da aristocracia. O instrumento também é utilizado em contextos rituais para invocar espíritos e em cerimónias religiosas. Considerado um símbolo da música malgaxe, o valiha continua a ser um instrumento vibrante e essencial na expressão cultural de Madagáscar, com músicos talentosos como Rajery e Justin Vali a levá-lo a palcos internacionais.
Nos instrumentos da categoria “cordofone”, o som é produzido principalmente pela vibração de uma ou mais cordas em tensão.
Yokobue é o termo abrangente que designa as flautas transversais de bambu tradicionais do Japão. Esta família de aerofones inclui instrumentos como o shinobue, mas também outras variações com características e utilizações ligeiramente diferentes. O yokobue é fundamentalmente um tubo de bambu com uma embocadura lateral e, tipicamente, oito orifícios digitais: sete na frente e um atrás para o polegar.
Estas flautas desempenham um papel essencial na música folclórica e tradicional japonesa, sendo especialmente proeminentes em festivais locais (matsuri) e em diversas formas de teatro tradicional, como o noh e o kabuki. O som produzido pelo yokobue varia dependendo do seu tamanho e construção, mas geralmente possui uma qualidade brilhante e penetrante, capaz de expressar tanto alegria festiva quanto melancolia dramática.
A técnica de tocar o yokobue envolve um controlo preciso da respiração e dos dedos para modular a altura e o timbre das notas, permitindo a execução de melodias complexas e ornamentadas. A sua presença constante em eventos culturais importantes sublinha a sua relevância e o seu profundo enraizamento na identidade musical do Japão.