Enciclopédia de instrumentos musicais do mundo

Tungehorn é um instrumento de sopro tradicional da Noruega, feito de corno de vaca ou cabra, e caracterizado pela sua palheta simples. Este instrumento, com uma história que remonta aos tempos antigos, está intimamente ligado à cultura pastoril e à música folclórica da Noruega.

A construção do Tungehorn envolve a utilização de um corno animal, que é cuidadosamente preparado e adaptado para produzir som. É colocada uma palheta simples na extremidade do corno, semelhante à utilizada num clarinete ou saxofone, e o músico sopra através desta palheta para criar vibrações sonoras. O corpo cónico do corno amplifica o som, resultando num timbre único e poderoso.

O som do Tungehorn é frequentemente descrito como rico, encorpado e ligeiramente nasal, com uma qualidade que evoca a paisagem agreste e a vida rural da Noruega. Tradicionalmente, era utilizado para diversos fins, incluindo sinalização, chamada de animais e para tocar melodias em solidão ou em celebrações.

Embora o Tungehorn possa não ser tão comum nos palcos de música contemporânea, ocupa um lugar especial no coração dos entusiastas da música folclórica norueguesa. Os esforços para preservar e revitalizar este instrumento tradicional continuam, com músicos e artesãos a redescobrir o seu potencial expressivo e a explorar novas formas de o incorporar na música moderna. O Tungehorn permanece um símbolo da herança cultural da Noruega e um testemunho da engenhosidade dos seus antepassados na criação de música a partir de materiais naturais.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da Noruega
  • Aerofones de palheta simples
  • Instrumentos começados por t
Tungehorn, Noruega

Tungehorn, Noruega

O urumi, ou urumili, é um instrumento de percussão tradicional da Índia, especificamente do estado de Kerala, no sul do país. É um tambor bimembranofone, o que significa que possui duas peles que ressoam quando percutidas. Tem forma de ampulheta, com corpo longo e estreito no centro e extremidades mais largas. Tradicionalmente, é feito de madeira de jaca, uma árvore nativa do sul da Índia.

O urumi é tocado com as mãos, mas também é possível utilizar baquetas para produzir diferentes tons e ritmos. O músico segura o tambor verticalmente e utiliza as palmas das mãos e os dedos para bater nas peles.

É um instrumento muito versátil e é utilizado em diversos géneros musicais tradicionais do sul da Índia, como o kathakali, uma forma de teatro-dança, e o kerala natanam, dança clássica do estado de Kerala. O som produzido pelo urumi é alto e vibrante, o que o torna um instrumento de destaque nas apresentações.

Tocar o urumi requer habilidade e treinamento adequado devido à complexidade do instrumento. Além disso, o urumi é considerado um instrumento perigoso, pois as peles são tensionadas de forma flexível, o que pode causar ferimentos se forem tocadas incorretamente ou com muita força.

(com IA)

Situa-se no índice 21 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais, entre os tambores percutidos, instrumentos cuja membrana é posta em vibração ao ser batida ou percutida.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da Índia
  • tambores percutidos
  • tambores em forma de ampulheta
  • Instrumentos começados por u
Urumi, Índia

Urumi, Índia

Sheng (“mouth organ”, em Inglês, ou “órgão de boca”, em Português) é um aerofone chinês de palheta livre. É um instrumento polifónico de boca que goza de muita popularidade como instrumento solista. É formado por 17 tubos verticais (canas de bambu) e uma câmara de vento (à qual estão ligados tubos) para cujo interior o músico sopra. Remonta provavelmente a 3000 anos a. C.

O Sheng é um instrumento único, tanto na sua aparência quanto no seu som. Os seus tubos verticais, tradicionalmente feitos de bambu, estendem-se para cima a partir de uma câmara de ar, e cada tubo contém uma palheta livre que vibra quando o ar passa por ela. O músico sopra na câmara de ar, e ao fechar os orifícios nos tubos, seleciona quais palhetas irão vibrar, produzindo assim diferentes notas.

Uma das características mais notáveis do Sheng é a sua capacidade de produzir acordes, permitindo que o músico toque melodias e acompanhamentos simultaneamente. Esta qualidade polifónica é uma das razões da sua popularidade como instrumento solista. O Sheng tem um som doce e suave, e a sua versatilidade permite-lhe ser utilizado numa variedade de géneros musicais, desde a música clássica chinesa até ao jazz e à música contemporânea.

Acredita-se que o Sheng tenha uma história longa e rica, remontando a milhares de anos. Ao longo dos séculos, evoluiu e adaptou-se, mas continua a ser um instrumento essencial na música chinesa.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da China
  • Órgãos de boca
  • Aerofones de palheta livre
  • Instrumentos começados por s
Sheng

Sheng

Shofar, aerofone ancestral com raízes profundas na antiguidade bíblica, é singular na sua simplicidade e significado. Fabricado a partir do corno de um animal kosher, geralmente um carneiro, o shofar distingue-se pela ausência de mecanismos de alteração de tom, como válvulas ou palhetas. A sua construção envolve o esvaziamento e modelagem do corno, criando um instrumento que depende inteiramente da embocadura e do controlo da respiração do tocador para produzir som.

A palavra hebraica “shofar” traduz-se literalmente para “corno de carneiro”, refletindo o material mais comummente utilizado na sua feitura. No entanto, cornos de outros animais kosher, como antílopes e cabras, também podem ser empregados. O processo de fabrico requer habilidade, envolvendo o aquecimento do corno para o amolecer e moldar, seguido da perfuração de um orifício na ponta para criar a embocadura.

Na tapeçaria da Bíblia, o shofar surge em momentos cruciais. É o som que acompanha o anúncio do sacrifício de Isaac, um teste de fé e obediência. As suas explosões ressoam também na batalha de Jericó, onde, segundo a narrativa bíblica, o toque concertado dos shofares contribuiu para a queda das muralhas da cidade. Estes episódios conferem ao shofar um simbolismo poderoso, associado tanto à intervenção divina quanto à proclamação e ao despertar espiritual.

Hoje, o shofar mantém a sua importância ritual no judaísmo, sendo tocado em serviços religiosos em ocasiões solenes como o Rosh Hashanah e o Yom Kippur. Os seus sons distintos – o tekiah (um toque longo), o shevarim (três toques médios) e o teruah (uma série de toques curtos e rápidos) – carregam significados que evocam temas de arrependimento, lembrança e a soberania de Deus. A simplicidade do shofar, paradoxalmente, amplifica a sua ressonância espiritual e histórica, ligando as gerações presentes ao eco do passado bíblico.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais de Israel
  • Aerofones de bocal
  • Instrumentos começados por s
Shofar, Israel

Shofar, Israel

Bandurria, um cordofone espanhol de encantos singulares, apresenta-se com uma caixa de ressonância em forma de pera que lhe confere uma estética graciosa e contribui para a sua sonoridade brilhante. Caracteriza-se pela disposição das suas doze cordas, organizadas em seis pares afinados em uníssono, o que lhe proporciona uma riqueza tonal e um volume notável apesar do seu tamanho relativamente compacto e braço curto.

Desde o século XV, a bandurria consolidou-se no imaginário espanhol como um símbolo vibrante de alegria e celebração. A sua presença é quase obrigatória em festividades populares, romarias e outros eventos onde a música desempenha um papel central na expressão da vivacidade cultural. O seu som festivo e alegre contagia os participantes, elevando o espírito das ocasiões.

Apesar de partilhar uma ancestralidade comum com o alaúde, a bandurria trilhou um caminho evolutivo que a aproximou do Bandolim, especialmente no que concerne à técnica de execução com um plectro. Esta semelhança permite uma agilidade e um brilho característicos na interpretação de melodias e harmonias.

A bandurria encontra o seu habitat natural nos grupos folclóricos espanhóis, onde a sua voz se entrelaça com outros instrumentos tradicionais, enriquecendo as melodias e ritmos regionais. É também um elemento fundamental nas tunas, as tradicionais associações académicas espanholas, cujas serenatas e canções festivas ecoam pelas ruas, carregadas da melancolia e da alegria da vida estudantil.

Na região da Galiza, o instrumento é carinhosamente designado por “bandurra”, uma variação linguística que atesta a sua presença e integração na cultura musical local. Contudo, é importante notar que o termo “bandurra” pode também referir-se a um antigo cordofone de arco, semelhante à rabel, um instrumento de sonoridade mais rústica e melancólica, evidenciando uma possível convergência terminológica ao longo do tempo para instrumentos de corda na Península Ibérica. A bandurria, na sua forma mais conhecida, permanece um ícone sonoro da vivacidade e da tradição espanhola.

ETIQUETAS

  • Instrumentos tradicionais de Espanha
  • Instrumentos de corda friccionada
  • Cordofones de arco
  • Instrumentos começados por b
Bandurria, Espanha

Bandurria, Espanha

Saung, a harpa em arco da Birmânia, distingue-se das suas congéneres europeias pela sua elegante caixa de ressonância horizontal, uma característica que lhe confere uma estética única e influencia a sua projeção sonora. Dotado de um número variável de cordas, geralmente entre 13 e 16, o saung produz uma sonoridade delicada e rica, capaz de evocar tanto a melancolia quanto a alegria.

Profundamente enraizado na cultura birmanesa, o saung é reverenciado como o instrumento musical nacional do país. A sua importância transcende o mero entretenimento, sendo um símbolo da identidade cultural e da herança artística da Birmânia. A sua presença acompanha cerimónias importantes, espetáculos teatrais e momentos de celebração, tecendo a banda sonora da vida birmanesa.

A tradição da harpa saung remonta a tempos ancestrais, conferindo-lhe um estatuto especial na história da música asiática. É considerado a única harpa de arco que sobreviveu no continente, testemunhando a resiliência e a singularidade das tradições musicais da Birmânia. Ao longo dos séculos, o saung preservou a sua forma e técnica de execução, transmitindo-se de geração em geração como um tesouro cultural.

A construção do saung envolve a utilização de madeiras nobres e outros materiais naturais, refletindo a ligação intrínseca do instrumento com o ambiente. A sua forma curva e as cordas que se estendem da caixa de ressonância até ao arco criam uma imagem graciosa e evocativa. A técnica de tocar o saung exige destreza e sensibilidade, com o músico a pinçar as cordas com os dedos, produzindo melodias fluidas e harmonias subtis.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais de Myanmar
  • Família das harpas em arco
  • Instrumentos nacionais
  • Instrumentos musicais começados por s
Saung, Myanmar

Saung, Myanmar

Djabara, um idiofone de fricção tradicional da Guiné, revela a engenhosidade da música ancestral africana. A sua estrutura fundamental consiste numa cabaça seca, cuidadosamente selecionada pela sua capacidade de ressonância, que serve como corpo sonoro do instrumento. Envolvendo esta cabaça, uma rede artesanal de sementes secas é firmemente fixada. A interação destas sementes com a superfície da cabaça é o mecanismo primário de produção sonora do djabara.

O músico manipula o djabara através de um cabo de madeira, geralmente de dimensões modestas para facilitar o manuseio. Ao movimentar o instrumento com diferentes ritmos e intensidades, a rede de sementes fricciona a cabaça, gerando uma paleta sonora rica e diversificada. Os sons produzidos podem variar desde murmúrios suaves e delicados até chocalhos vigorosos e marcados, conferindo ao djabara uma expressividade surpreendente para um instrumento de construção tão simples.

Na tapeçaria musical da Guiné, o djabara desempenha um papel crucial em diversos contextos culturais. É frequentemente utilizado em cerimónias rituais, acompanhando cantos e danças tradicionais que celebram a vida, a comunidade e a espiritualidade. O seu ritmo pulsante e as suas texturas sonoras enriquecem as performances, adicionando uma camada percussiva que se harmoniza com outros instrumentos e vozes.

A escolha dos materiais para a construção do djabara – a cabaça, as sementes e a madeira – reflete uma profunda conexão com o ambiente natural e as práticas artesanais locais. A sua criação manual, transmitida através de gerações, preserva técnicas ancestrais e sublinha a inventividade do povo guineense na criação de instrumentos musicais a partir dos recursos disponíveis. 

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da Guiné
  • Idiofones de raspagem
  • Instrumentos começados por d
Djabara, Guiné

Djabara, Guiné

Shamisen, instrumento de cordas beliscadas com uma sonoridade inconfundível, ocupa um lugar de destaque na música tradicional do Japão. As suas raízes remontam ao sanxian chinês, um instrumento de três cordas que viajou através das rotas comerciais e culturais, adaptando-se e florescendo no solo japonês. O shamisen mantém essa característica fundamental de possuir três cordas, geralmente feitas de seda ou nylon, que vibram ao serem dedilhadas com um plectro, conhecido como bachi.

A construção do shamisen é notável pela sua caixa de ressonância retangular, coberta em ambos os lados por pele de gato ou de cão, embora materiais sintéticos sejam por vezes utilizados atualmente. Esta pele contribui para o timbre único do instrumento, conferindo-lhe uma ressonância percussiva e um som distinto que se diferencia de outros instrumentos de corda. O braço longo e sem trastes permite uma grande variedade de nuances tonais e glissandos característicos da música japonesa.

Ao longo da sua história no Japão, o shamisen evoluiu e diversificou-se em diferentes estilos e tamanhos, cada um adaptado a géneros musicais específicos. O hosozao (braço fino) é frequentemente utilizado no acompanhamento de peças líricas e no teatro kabuki, enquanto o chuzao (braço médio) encontra o seu lugar na música folclórica e em outros estilos narrativos. O futozao (braço grosso), com a sua sonoridade mais potente e grave, é proeminente no gidayu-bushi, um estilo de canto narrativo associado ao teatro de marionetes bunraku.

A versatilidade do shamisen permitiu-lhe integrar-se em diversas formas de arte performativa japonesa, desde as melodias delicadas das canções folclóricas até a intensidade dramática do teatro. Os seus sons podem evocar uma ampla gama de emoções, desde a melancolia contemplativa até a vivacidade festiva. 

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais do Japão
  • Cordofones de plectro
  • Instrumentos começados por s
Shamisen, Japão

Shamisen, Japão

Riq, também conhecido como riqq ou rik, é um pandeiro vibrante e essencial na música tradicional e clássica do mundo árabe. Este unimembranofone, que partilha as suas raízes com o daf persa, distingue-se pela sua estrutura circular e pela adição de soalhas que lhe conferem um brilho percussivo característico. Com dimensões que geralmente variam entre 20 e 25 centímetros de diâmetro e cerca de 5 centímetros de profundidade, o riq é um instrumento relativamente compacto, mas de grande impacto sonoro.

A sua construção consiste numa armação de madeira circular e rasa, tradicionalmente coberta por uma única membrana de pele animal fina, embora materiais sintéticos sejam também utilizados na atualidade. Esta membrana é esticada sobre a armação, criando a superfície de percussão principal. A característica distintiva do riq reside na presença de pares de soalhas de metal, geralmente em número de dez, fixadas em aberturas ao longo da armação. Estas soalhas tilintam e chocam entre si com o movimento do instrumento, adicionando uma camada cintilante e rítmica à sua sonoridade.

A técnica de tocar o riq é sofisticada e multifacetada, envolvendo não apenas a percussão direta da membrana com os dedos e a palma da mão, mas também a manipulação das soalhas para produzir uma variedade de ritmos e acentuações complexas. Os músicos habilidosos conseguem extrair uma vasta gama de timbres e efeitos sonoros, desde batidas suaves e controladas até repiques rápidos e vibrantes das soalhas.

No contexto da música árabe, o riq desempenha um papel fundamental na marcação do ritmo e na ornamentação das melodias. A sua sonoridade rica e versátil complementa outros instrumentos de corda, sopro e percussão, enriquecendo as texturas musicais e conferindo-lhes uma energia contagiante. Seja em conjuntos tradicionais que interpretam melodias seculares ou em orquestras clássicas árabes que exploram formas musicais mais elaboradas, o riq é um instrumento indispensável, cuja presença define e eleva a expressividade da música do Médio Oriente.

ETIQUETAS

Instrumentos musicais árabes

Riqq, tambor de mão árabe

Riqq, tambor de mão árabe

Zerbaghali é um tambor unimembranofone em forma de cálice, ecoa os ritmos ancestrais do Afeganistão. Este instrumento de percussão ressoa com a sua própria identidade sonora, embora partilhe uma linhagem comum com outros tambores em forma de cálice da região, como a darbuka de Marrocos e o dombek do Azerbaijão. Esta semelhança estrutural sugere um intercâmbio cultural e musical ao longo da história destas terras.

A sua forma de cálice, mais larga no topo e estreitando-se para uma base inferior, influencia diretamente a qualidade do seu som. A membrana, geralmente feita de pele de animal esticada sobre a abertura mais larga, é percutida com as mãos e os dedos para produzir uma variedade de tons e ritmos. A ressonância dentro do corpo em forma de cálice amplifica o som, conferindo-lhe projeção e um timbre característico que pode variar de graves profundos a agudos estaladiços, dependendo do ponto de impacto e da técnica do percussionista.

No tecido musical do Afeganistão, o zerbaghali desempenha um papel fundamental, marcando o pulso rítmico de diversas formas musicais. Acompanha canções folclóricas, danças tradicionais e outras celebrações culturais, fornecendo a base rítmica que sustenta a melodia e a expressão artística. A habilidade do tocador de zerbaghali reside na sua capacidade de criar padrões rítmicos complexos e envolventes, utilizando uma variedade de golpes e técnicas manuais.

A presença do zerbaghali na música afegã é um testemunho da rica herança cultural do país. A sua ligação com instrumentos semelhantes em regiões vizinhas sublinha a história de trocas e influências musicais no Médio Oriente e na Ásia Central. Apesar das turbulências históricas, o zerbaghali continua a ser um símbolo da identidade musical afegã, transmitindo a sua voz única através das gerações e enriquecendo o panorama sonoro da região. A sua forma distinta e a sua sonoridade vibrante garantem-lhe um lugar especial no coração da música tradicional do Afeganistão.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais do Azerbaijão
  • tambores percutidos
  • tambores em forma de cálice
  • Instrumentos começados por z
Zerbaghali, Azerbajão

Zerbaghali, Azerbajão