Afoxé, Brasil
Afoxé
O afoxé, também grafado como afuchê e parente próximo do xequerê africano, é um idiofone de agitamento essencial na percussão brasileira. A sua sonoridade inconfundível nasce do atrito entre uma rede de contas ou sementes que envolve um corpo ressonador. Tradicionalmente, este corpo é uma cabaça, fruto seco da aboboeira, cuidadosamente preparada para funcionar como caixa de ressonância natural. O tamanho e a forma da cabaça ditam o timbre e o volume singulares do instrumento.
A rede que circunda a cabaça (ou o corpo moderno) é trançada e suporta as contas ou sementes. Na sua forma ancestral, as sementes variavam conforme a região. A modernização trouxe contas de plástico ou metal, buscando maior uniformidade sonora e durabilidade, assim como redes de materiais sintéticos mais resistentes.
O músico manipula o afoxé segurando seu corpo e agitando-o ou girando-o, permitindo que as contas deslizem e percutam a superfície. A técnica empregada, a pressão na rede e a velocidade do movimento modulam a sonoridade, produzindo desde um sussurro suave até um chocalho rítmico e vibrante, sendo possível também gerar sons por fricção.
Com raízes profundas nas culturas africanas, o afoxé chegou ao Brasil com os africanos escravizados, integrando-se às manifestações afro-brasileiras, com destaque para seu papel ritualístico no Candomblé e na Umbanda, acompanhando cânticos e danças dedicados aos orixás.
Transcendente ao âmbito religioso, o afoxé conquistou espaço na música popular brasileira, enriquecendo gêneros como o samba, o maracatu e o frevo. A sua sonoridade peculiar adiciona textura rítmica e cor vibrante às composições, firmando-se como elemento chave na percussão de diversos grupos musicais.
A evolução para corpos de plástico, madeira ou metal reflete a busca por maior resistência para o uso profissional contínuo. Embora possa haver matizes no timbre em comparação com a cabaça tradicional, o afoxé moderno preserva sua essência sonora, adaptando-se à contemporaneidade sem perder sua identidade cultural afro-brasileira.
Situa-se no índice 13. do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Nestes idiofones, o som produz-se por fricção ou raspagem.
ETIQUETAS
- Instrumentos tradicionais do Brasil
- Idiofones de fricção
- Instrumentos começados por a