Instrumentos musicais da Europa

Arrabel é um idiofone de fricção tradicional de Espanha, também conhecido por ginebra ou, tal como o instrumento latino-americano, huesera. A sua construção peculiar envolve a união de uma série de elementos lineares, tradicionalmente ossos (tíbias de cordeiro ou de cabrito), mas podendo também ser paus ou canas, ligados entre si por cordas ou arames. Esta montagem permite a produção de som através da fricção entre estes elementos.

O princípio sonoro do Arrabel reside na raspagem de um objeto, como uma vareta ou outro dos próprios elementos constituintes, ao longo da superfície ranhurada ou irregular dos ossos, paus ou canas unidos. O atrito resultante gera um som característico de raspagem, cujo timbre e intensidade variam consoante os materiais utilizados, a técnica de fricção e o tamanho do instrumento.

O Arrabel possui uma presença histórica e cultural significativa em toda a Península Ibérica, sendo utilizado em diversos contextos musicais tradicionais. Um exemplo notável da sua utilização ocorre em Colmenar de Oreja (Madrid), onde acompanha a zambomba no canto de rondas pelas ruas, especialmente durante as festividades. Esta combinação de instrumentos cria uma sonoridade festiva e enérgica, associada a celebrações comunitárias.

Embora a sua construção possa parecer rudimentar, o Arrabel é capaz de produzir ritmos complexos e texturas sonoras interessantes, enriquecendo as manifestações musicais folclóricas. A sua versatilidade, permitindo a utilização de diferentes materiais, reflete a adaptação do instrumento aos recursos disponíveis em diversas regiões da Península Ibérica. A sua persistência no tempo demonstra a sua importância cultural e a sua capacidade de se integrar em diferentes tradições musicais locais.

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  • Instrumentos musicais de Espanha
  • Idiofones percutidos
  • Instrumentos de percussão de altura indefinida
  • Família da genebres
  • Instrumentos começados por a
Arrabel, Espanha

Arrabel, Espanha

Volynka é uma gaita de foles tradicional da região de Volyn, na Ucrânia, e também encontrada na Rússia com o mesmo nome. Este aerofone de palheta livre é caracterizado pelo seu reservatório de ar distintivo, feito de pele de cabra curtida e costurada. A pele de cabra, mantida hermeticamente fechada, serve como uma bolsa que armazena o ar insuflado pelo músico através de um tubo específico. Este tubo de insuflação é equipado com uma válvula unidirecional, crucial para impedir que o ar escape novamente para fora, garantindo um fluxo constante para os tubos sonoros.

A Volynka ucraniana e russa geralmente possui um ou mais tubos melódicos, conhecidos como chanters, onde o músico executa a melodia através da manipulação de orifícios para os dedos. Estes ponteiros são equipados com palhetas simples ou duplas, que vibram com o ar pressurizado da bolsa, produzindo as notas musicais. Adicionalmente, a Volynka pode incluir um ou mais bordões (drone pipes), tubos que emitem uma nota constante e fundamental, criando uma base harmónica para a melodia tocada no ponteiro. O número e a afinação dos bordões podem variar dependendo da construção específica do instrumento.

A sonoridade da Volynka é tipicamente rica e ressonante, com a melodia do ponteiro a destacar-se sobre o zumbido constante dos bordões. É um instrumento tradicionalmente associado a celebrações festivas, danças e música folclórica nas regiões da Ucrânia e Rússia onde é encontrada. A construção com pele de cabra confere ao instrumento um aspeto e um timbre únicos, diferenciando-o de outras gaitas de foles europeias que podem utilizar diferentes materiais para a bolsa de ar. A Volynka representa uma parte importante do património musical destas culturas, com variações regionais que refletem as diversas tradições musicais locais.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais da Ucrânia
  • Instrumentos musicais da Rússia
  • Aerofones de palheta
  • Família das gaitas de fole
  • Instrumentos começados por v
Volynka, Ucrânia

Volynka, Ucrânia

Veuze é um instrumento de sopro pertencente à família das gaitas de fole, tradicionalmente encontrada no oeste da França, particularmente nas regiões da Bretanha e da Vendée. Distingue-se por preservar características que remontam às gaitas de foles da Idade Média, conferindo-lhe um lugar especial na história da música folclórica europeia. Próxima da biniou (a gaita de foles bretã), a Veuze diferencia-se por ser geralmente maior e possuir uma tessitura mais grave.

A construção da Veuze tipicamente envolve um fole de ar feito de pele de animal, como couro de cabra ou ovelha, que é insuflado através de um tubo de sopro com uma válvula de retenção. Deste fole emergem os tubos sonoros: um ou mais bordões (bourdons) que emitem notas fixas e contínuas, e um ponteiro (chalumeau ou levriad), onde o músico executa a melodia através de orifícios para os dedos. O número e a afinação dos bordões podem variar, contribuindo para a sonoridade característica do instrumento.

O ponteiro da Veuze, sendo maior que o da biniou, geralmente permite uma extensão melódica mais ampla e um registo mais grave. As palhetas utilizadas nos tubos sonoros, tradicionalmente feitas de cana, vibram com o ar proveniente do fole, produzindo o som. A técnica de execução exige coordenação entre o sopro, a pressão exercida sobre o fole para manter um fluxo de ar constante, e a manipulação dos orifícios do ponteiro para criar a melodia.

A sonoridade da Veuze é descrita como mais profunda e melancólica em comparação com o som mais agudo e brilhante da biniou. É um instrumento tradicionalmente utilizado em festas, danças e celebrações comunitárias no oeste da França, acompanhando cantos e outras formas de música folclórica. A sua ligação com as gaitas de foles medievais confere-lhe um valor histórico e cultural significativo, representando uma continuidade de tradições musicais antigas na paisagem sonora contemporânea.

ETIQUETAS

  • Instrumentos musicais de França
  • Instrumentos de sopro
  • Gaitas de fole
  • Instrumentos começados por v
Veuze, França

Veuze, França

Alpine zither é um instrumento de corda da família das cítaras, profundamente enraizado na tradição musical da região alpina da Europa, que abrange países como Áustria, Alemanha (Baviera), Suíça e Eslovénia. Caracteriza-se por uma caixa de ressonância plana e relativamente rasa, sobre a qual se estendem numerosas cordas de metal ou, ocasionalmente, de tripa ou nylon.

Uma das particularidades da Alpine zither reside na sua disposição de cordas e na forma como é tocado. Geralmente, possui um conjunto de cordas melódicas que correm sobre um braço com trastes, semelhantes aos de uma guitarra, permitindo ao músico produzir notas específicas pressionando as cordas contra os trastes com os dedos da mão esquerda, enquanto as dedilha com um plectro preso ao polegar da mão direita. Adicionalmente, existem várias outras cordas, sem trastes, que são dedilhadas pelos restantes dedos da mão direita para fornecer acompanhamento harmónico, baixo ou acordes.

Historicamente, a zither alpina evoluiu de instrumentos mais simples, ganhando popularidade como um instrumento folclórico e doméstico nos séculos XVIII e XIX. A sua sonoridade rica e ressonante, capaz de produzir tanto melodias líricas quanto acompanhamentos rítmicos, tornou-o um elemento comum em celebrações, danças e serestas alpinas.

Apesar da sua outrora grande popularidade na música folclórica da Europa alpina, o Alpine zither é hoje em dia raramente ouvido na música moderna dominante. No entanto, continua a ser apreciado por entusiastas da música tradicional e folclórica, e esforços são feitos para preservar e revitalizar o seu legado musical. O seu som único evoca a paisagem e a cultura da região alpina, mantendo viva uma tradição musical distinta.

ETIQUETAS

  • Instrumentos de corda
  • Família das cítaras
Alpine zither

Alpine zither

Zhiter deriva do latim “cithara”, a mesma raiz que deu origem à palavra “guitarra”, e designa um instrumento de corda popular na Europa Central. No entanto, “Zhiter” refere-se especificamente ao instrumento conhecido em português como cítara. Portanto, descrever “Zhiter” é descrever a cítara centro-europeia.

A cítara é um instrumento de cordas com uma caixa de ressonância plana e relativamente rasa. A sua característica distintiva reside na disposição das suas cordas. Geralmente, possui um conjunto de cordas melódicas que correm sobre um braço com trastes, semelhantes aos de uma guitarra, permitindo ao músico produzir notas específicas pressionando as cordas contra os trastes com os dedos da mão esquerda, enquanto as dedilha com um plectro preso ao polegar da mão direita. Adicionalmente, existem várias outras cordas, sem trastes, que são dedilhadas pelos restantes dedos da mão direita para fornecer acompanhamento harmónico, baixo ou acordes.

A cítara possui uma longa história na Europa Central, sendo particularmente popular na Áustria e na Alemanha (especialmente na Baviera). Tornou-se um instrumento comum na música folclórica e também foi adotado em contextos de música clássica e popular. A sua sonoridade rica e versátil permite a execução tanto de melodias líricas quanto de acompanhamentos rítmicos e harmónicos.

Existem diferentes tipos de cítaras, variando no número de cordas e na sua disposição. A cítara de concerto, por exemplo, é uma versão mais elaborada com uma maior extensão e capacidade expressiva. Apesar de não ser tão proeminente na música popular contemporânea, a cítara continua a ser um instrumento valorizado na música tradicional da Europa Central, evocando a cultura e a paisagem da região alpina e além.

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  • Instrumentos musicais da Alemanha
  • Instrumentos de corda
  • Instrumentos começados por z
Zhiter, Alemanha

Zhiter, Alemanha

Zummara é um aerofone de palheta dupla de origem árabe, assemelhando-se a um pequeno clarinete duplo feito de bambu. Este instrumento tradicional encontra-se particularmente associado à ilha de Malta, onde desempenha um papel na sua música folclórica. Em outras regiões do mundo árabe, um instrumento semelhante é frequentemente conhecido por “mejwes”.

A Zummara é caracterizada pela sua construção com dois tubos de bambu paralelos, unidos entre si. Cada tubo possui a sua própria palheta dupla, geralmente feita de cana, e uma série de orifícios para os dedos. O músico sopra simultaneamente nos dois tubos, utilizando os dedos de ambas as mãos para manipular os orifícios e produzir melodias. A presença de dois tubos permite a execução de harmonias simples, frequentemente em intervalos paralelos, ou a duplicação da melodia com ligeiras variações, criando uma textura sonora rica e característica.

O tamanho da Zummara pode variar ligeiramente, mas geralmente é um instrumento compacto e portátil. A sua sonoridade é tipicamente brilhante e penetrante, com um timbre que reflete a vibração das palhetas duplas e a ressonância dos tubos de bambu. Em Malta, a Zummara é tradicionalmente utilizada em festas, celebrações e outros eventos sociais, acompanhando danças folclóricas e canções populares.

A sua semelhança com o “mejwes” encontrado noutras partes do mundo árabe sugere uma origem comum e uma história partilhada dentro das tradições musicais da região. No entanto, a Zummara desenvolveu a sua própria identidade cultural em Malta, tornando-se um símbolo da sua herança musical única. A sua presença contínua na música folclórica maltesa atesta a sua importância e o seu valor para a comunidade local.

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  • Instrumentos musicais de Malta
  • Aerofones de palheta dupla
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Zummara, Malta

Zummara, Malta

Zuffolo é uma flauta de bisel tradicional da Itália, também conhecido por chiufolo ou ciufolo, com uma rica história na música folclórica do país, remontando pelo menos ao século XIV. Este aerofone simples, mas expressivo, é tipicamente construído a partir de uma única peça de madeira, apresentando um tubo estreito e uma embocadura cuidadosamente trabalhada numa das extremidades.

A sua forma de tocar é peculiar: o músico sopra lateralmente no tubo, direcionando o ar contra uma aresta afiada interna (o bisel), o que provoca a vibração da coluna de ar dentro do tubo e gera o som. Esta técnica de sopro lateral distingue o Zuffolo de outras flautas de bisel onde o ar é soprado diretamente na extremidade.

O Zuffolo possui um número limitado de orifícios para os dedos, geralmente entre três e seis, dispostos ao longo do seu corpo. A manipulação destes orifícios permite ao instrumentista produzir diferentes notas, dentro de uma gama melódica modesta, mas suficiente para a execução de melodias tradicionais. A sonoridade do Zuffolo é descrita como aguda e, por vezes, estridente, conferindo-lhe um timbre característico que o torna facilmente reconhecível.

Historicamente, o Zuffolo tem sido particularmente associado às regiões da Toscana e da Úmbria, onde era tradicionalmente utilizado em contextos rurais e festivos. A sua portabilidade e a relativa facilidade de construção contribuíram para a sua popularidade entre os pastores e camponeses. Era frequentemente utilizado para acompanhar danças, cantar melodias simples ou como um instrumento solista em pequenas reuniões.

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  • Instrumentos de sopro de aresta
  • Família das flautas
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Zuffolo, Itália

Zuffolo, Itália

Torban é um instrumento ucraniano de corda dedilhada que se assemelha a uma teorba, combinando características do alaúde barroco com o saltério. Floresceu principalmente nos séculos XVII e XVIII na Ucrânia, tornando-se um símbolo da cultura musical da região. A sua construção complexa e a sua sonoridade rica tornavam-no um instrumento altamente valorizado.

O Torban possui um corpo em forma de alaúde, geralmente com uma caixa de ressonância grande e arredondada. O braço curto, semelhante ao do alaúde, possui trastes que permitem a execução de melodias. A característica distintiva do Torban reside na adição de um segundo braço, estendendo-se da caixa de ressonância, que suporta um conjunto de cordas de baixo não trastejadas, semelhantes às de uma teorba ou um saltério. Estas cordas de baixo eram tocadas dedilhando-as com os dedos da mão direita, enquanto as cordas do braço principal eram dedilhadas para a melodia.

O número de cordas do Torban podia variar consideravelmente, chegando por vezes a mais de 30, incluindo as cordas melódicas e as cordas de baixo. Esta vasta gama de cordas conferia ao instrumento uma grande versatilidade sonora, permitindo a execução de melodias complexas, acompanhamentos harmónicos ricos e linhas de baixo profundas.

O Torban era frequentemente utilizado para acompanhar canções épicas, baladas e outras formas de música vocal ucraniana. Os tocadores de Torban eram figuras importantes na sociedade, atuando como músicos, contadores de histórias e, por vezes, até como cronistas dos acontecimentos. No entanto, o instrumento declinou em popularidade no século XIX e foi quase extinto no século XX, em grande parte devido à repressão política. Nos tempos modernos, há um movimento crescente para reviver a tradição do Torban, reconstruindo instrumentos e redescobrindo o seu repertório único.

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  • Instrumentos musicais da Ucrânia
  • Instrumentos começados por t
Torban, Ucrânia

Torban, Ucrânia

tamboril é um bimembranofone tradicional de Portugal e da Galiza, onde assume um papel fundamental na música folclórica. É um pequeno tambor cilíndrico, geralmente feito de madeira, com duas peles tensionadas nas extremidades por um sistema de cordas ou aros. O seu tamanho compacto permite que seja facilmente transportado e tocado enquanto o músico se movimenta.

Em Portugal, o tamboril é frequentemente associado a grupos de gaiteiros, onde o tocador de gaita-de-foles (gaiteiro) também executa o ritmo no tamboril com uma única baqueta, enquanto segura a gaita com o outro braço. Esta técnica singular permite a um só músico fornecer tanto a melodia quanto a percussão rítmica.

Na Galiza, o tamboril (tamborín) é igualmente essencial, acompanhando frequentemente a gaita galega e outros instrumentos tradicionais. É tocado com uma ou duas baquetas, dependendo do estilo e da tradição local, e contribui com ritmos marcados e alegres para as danças e melodias folclóricas.

A sonoridade do tamboril é aguda e estalante, ideal para marcar o ritmo e dar vivacidade à música. A sua presença é indispensável em festas, romarias e outras celebrações populares, sendo um símbolo vibrante da identidade cultural tanto de Portugal quanto da Galiza. A sua simplicidade construtiva contrasta com a sua importância e versatilidade na música tradicional.

Tamboril Alves Dias, Portugal

tamboril Alves Dias, Portugal

Os tamboriles uruguayos ou tambores de candombe são tambores unimembranofones de madeira em forma de barril tradicionais do Uruguai. Existem três tamanhos: piano, registo baixo; repique, tenor; chico, alto.

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  • Instrumentos tradicionais de Portugal
  • Instrumentos musicais da Galiza
  • tambores percutidos
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Tympanum, termo latino derivado do grego “tympanon”, designa um antigo tambor de mão circular, com uma rica história ligada a rituais religiosos e festividades na Grécia Antiga. Este membranofone era um instrumento essencial nos cultos dedicados a divindades como Dionísio, Cibele e Sabázio, marcando o ritmo frenético e extático dessas celebrações.

A construção do Tympanum era relativamente simples. Consistia numa moldura circular baixa, feita de madeira ou metal, sobre a qual era esticada uma pele de animal, geralmente de ovelha ou cabra. O tamanho podia variar, mas geralmente era suficientemente leve para ser facilmente manuseado com uma mão. Não possuía caixa de ressonância na parte inferior, o que lhe conferia um som aberto e ressonante.

O Tympanum era percutido de diversas maneiras, dependendo do contexto musical e ritual. Podia ser batido diretamente com a palma da mão, produzindo sons abafados ou mais intensos, ou com uma baqueta, que permitia obter ritmos mais marcados e definidos. A técnica de execução variava, desde batidas simples e repetitivas até padrões rítmicos mais complexos, destinados a evocar diferentes estados emocionais e a acompanhar danças e cânticos.

A sua associação com os ritos de Dionísio, o deus do vinho, do êxtase e do teatro, sugere o seu papel em criar uma atmosfera de frenesim e libertação. Nos cultos de Cibele, a deusa mãe da natureza, e de Sabázio, uma divindade frígia associada à fertilidade e à vegetação, o Tympanum provavelmente contribuía para a intensidade emocional e a conexão espiritual dos participantes. A sua presença nestes contextos religiosos sublinha a importância da música e do ritmo na vida social e espiritual da Grécia Antiga. Embora não seja um instrumento comum na música moderna, o Tympanum permanece um símbolo sonoro de um passado rico em rituais e expressões culturais.

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  • tambores percutidos
  • Instrumentos da Grécia Antiga
Tympanum, Grécia Antiga

Tympanum, Grécia Antiga