Zaqq, Malta
Zaqq foi a forma mais popular da gaita de foles em Malta até à década de 1970, marcando as festividades folclóricas e a vida quotidiana da ilha. Este aerofone de palheta, construído de forma singular com a pele inteira de um animal (como um cão, gato ou cabrito), incluindo as patas e a cauda, distinguia-se de outras gaitas de foles mediterrânicas. A cabeça do animal era removida, e no lugar do pescoço era inserido o ponteiro (is-saqqafa), feito de dois tubos de cana paralelos. Um dos tubos possuía cinco orifícios para a melodia, enquanto o outro tinha apenas um, funcionando como bordão. O ar era insuflado para o saco de pele através de um tubo de sopro (mserka), geralmente feito de cana ou borracha, inserido numa das patas do animal. O som era amplificado por um chifre de boi fixado na extremidade dos ponteiros.
O Zaqq era frequentemente tocado a solo ou acompanhado pelo tanbur, um tambor de moldura maltês. As representações do século XIX mostram frequentemente músicos a tocar Zaqq e tanbur juntos em danças vibrantes. No entanto, com o passar do tempo, o Zaqq perdeu popularidade, sendo gradualmente substituído pelo acordeão, mais fácil de aprender e com maior versatilidade melódica para a música popular da época.
Na década de 1970, restavam poucos tocadores tradicionais de Zaqq em Malta. O último deles, Toni “l-Hammarun” Cachia, faleceu em 2004. Contudo, nos tempos modernos, há um crescente movimento para reanimar o uso deste instrumento icónico. Grupos de música folclórica como Etnika têm desempenhado um papel crucial na redescoberta e na reintrodução do Zaqq na cena musical maltesa contemporânea, reconstruindo instrumentos e ensinando a sua execução às novas gerações, procurando assim preservar uma parte importante da herança cultural de Malta.
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