Na mitologia grega, Zeus, pai dos deuses e controlador do universo, condenou Atlante (Do grego Átlas, atlantos) a carregar eternamente a abóbada celeste sobre os ombros.
Da mitologia o titã passou para a arquitetura. Aqui o termo, que é sinónimo de telamão, designa um tipo de coluna antropomorfa onde, no lugar do fuste, se apresenta a forma esculpida de um homem. Os primeiros atlantes foram encontrados no templo grego de Zeus de 480 a.C. em Agrigento na Sicília, mas já anteriormente tinham sido criadas figuras semelhantes no Antigo Egito. (Wikipédia)
Simbolicamente, nada melhor que um atlante para sustentar um grande instrumento, como se vê em órgãos barrocos como o da igreja do Mosteiro de São Gonçalo de Amarante.
Atlante do órgão da igreja de São Gonçalo de Amarante, créditos Nuno Vidal
Quem visita uma igreja com órgão (de tubos) em geral vê apenas a bela fachada (montra) do instrumento. Mas uma das partes fundamentais, embora geralmente mais escondida do público, é a consola. É por vezes ornamentada com anjos, motivos florais e mesmo talha, dourada ou não. Há casos em que só se vê a consola quando as portados do órgão (de armário) se abrem. A sua complexidade e dimensão com o facto de instrumento ser um órgão portativo, positivo ou grande órgão.
A consola é a parte do instrumento que fica ao alcance do organista. Nela, o músico comanda um ou mais teclados manuais, puxa ou empurra botõezinhos de madeira, do lado esquerdo e do lado direito, para escolher certas filas de tubos do mesmo estilo, que se chamam registos. Há órgãos que têm uma proteção de madeira para resguardar as teclas do pó.
Nos órgãos modernos que a têm, a pedaleira é um teclado concebido para ser tocado com os pés. Aumenta significativamente o nível de exigência do organista e abre possibilidades ao repertório.
Os pedais, por vezes em forma de estribo, também chamados pisantes, ligam os sons como os cheios (mais estridentes) do órgão. São uma espécie de puxadores para os pés. Sem o organista tirar as mãos do teclado, pode mudar o tipo de som.
Na consola muitos organeiros deixam o seu nome e número de obra. Na estante, o organista coloca as partituras; e através do espelho vê, quando necessário, as indicações do diretor do coro e a assembleia.
Antigamente, havia castiçais mas as velas, além do risco de incêndio, escureciam as pinturas. Hoje usam-se lâmpadas funcionais e discretas.
A consola é uma espécie de painel de controlo de um instrumento rico e complexo ao qual muitos consideram o rei dos instrumentos.
António José Ferreira
23 de outubro de 2022
Consola do órgão histórico da Igreja de Santiago, Tavira, Portugal, créditos FIOA
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2022/10/tavira-santiago-orgao-consola-foa.jpg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2022-10-23 19:14:132022-10-23 19:15:31Consola do Órgão
Grande órgão é um imponente órgão de tubos que se destaca pelas suas dimensões, número de tubos, registos, foles, teclados e diversidade e potência sonora.
O órgão é aerofone de teclado constituído por muitos e diferentes tubos, um ou mais teclados e pedaleira, fole, someiro, manúbrios e outros elementos que permitem a chegada do ar aos tubos e a obtenção de sonoridades pretendidas. A origem do instrumento é atribuída a Ctesíbio, engenheiro mecânico de Alexandria, no século III a. C. É, por excelência, o instrumento da Igreja Católica.
O seu poder reside não apenas no seu tamanho físico, mas na vasta quantidade de tubos, registos, foles e teclados que o compõem, culminando numa diversidade e potência sonora impressionantes.
Os tubos, de diferentes materiais, formas e comprimentos, produzem diferentes timbres, alturas e intensidades quando o ar insuflado pelos foles os atravessa. Os numerosos registos permitem ao organista combinar diferentes grupos de tubos, criando uma paleta sonora inesgotável, desde sussurros delicados até explosões tonais avassaladoras. Os múltiplos teclados, tanto manuais quanto pedais, oferecem uma complexidade textural e uma capacidade contrapontística sem paralelo.
O grande órgão é frequentemente encontrado em catedrais, basílicas e grandes salas de concerto, onde a sua sonoridade rica e envolvente pode preencher o espaço com magnificência. A sua capacidade de sustentar notas por longos períodos, de criar crescendos dramáticos e de produzir harmonias complexas faz dele um instrumento singular, capaz de evocar tanto a grandiosidade divina quanto a profundidade das emoções humanas.