Instrumentário Português

Roncas de Elvas, créditos Elvas News

INSTRUMENTÁRIO PORTUGUÊS

Acordeão:

O acordeão é um aerofone de palheta livre dotado de fole e teclas. O acordeão “cromático” pode ter no lado direito botões ou teclas; a mão esquerda pressiona os botões chamados “baixos”. Pela ação dos braços e das mãos do acordeonista, o ar proveniente do fole faz vibrar as palhetas.

adufe:

adufe é um instrumento de percussão de membrana dupla, em formato quadrangular, resultado da influência árabe (duff).

É tradicional de Monsanto e da Beira Baixa, onde é tocado exclusivamente por mulheres. Na região de Trás-os-Montes, o adufe tem a designação de pandeiro. É utilizado também no Brasil, certamente por influência de portugueses.

Adufes Rui Silva

Adufes Rui Silva

almofariz:

almofariz, ou pilão, é um instrumento de cozinha utilizada também como instrumento de percussão em grupos etnográficos e em educação musical.

apito:

Na Madeira, o apito podia assumir duas formas, sendo sempre feito em canavieira: a de um apito propriamente dito; ou a forma de uma flauta de bisel, com três ou quatro furos na extremidade inferior. Era essencialmente a acompanhar as Missas do Parto ou Reis que este grupo se juntava, podendo ainda tocar espontaneamente, quando se encontravam nos tempos livres. No sítio do Jamboto, freguesia de Santo António, existiu outro grupo, que se denominava Música dos Canudos, composto por rapazes entre os 12 e 18 anos. À semelhança da Banda dos Canudos, da mesma freguesia, este grupo fazia réplicas de instrumentos musicais, a que juntavam um apito. (Aprender a Madeira)

Assobio:

Assobio Maria Sineta (1915-1996)

Assobio Maria Sineta (1915-1996)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Este assobio Maria Sineta (1915-1996) é assobio de água em barro policromado à mão, em forma de pássaro, assinado M. Sineta com as dimensões 11,5x7x8 cm. Maria de Jesus Fernandes Coelho, mais conhecida por Maria Sineta, nasceu em 1915 em Galegos, S. Martinho, freguesia da cidade de Barcelos. A alcunha “Sineta” foi-lhe atribuída por causa de seu pai, que tocava o sino da igreja da freguesia, com quem aprendeu a criar figuras em barro ainda em criança, como era comum na zona.

Assobio de água:

Assobio de água, passarinho, ou rouxinol, é um brinquedo musical de cerâmica em forma de pássaro com um bocal de insuflação que produz um som característico pelo borbulhar da água colocada no recipiente.

Assobio de água, passarinho, ou rouxinol, créditos Feira de Barcelos

Assobio de água, passarinho, ou rouxinol, créditos Feira de Barcelos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vende-se com frequência em feiras de artesanato e feiras ditas medievais.

Bandolim:

cordofone com quatro ordens de cordas duplas, sistema de cravelhas com chapa em leque e parafuso sem fim. A boca é redonda, decorada com embutidos. A cabeça termina em voluta. O Bandolim é utilizado pelas tunas e acompanha outros grupos musicais.

Banduria:

Banduria é um dos nomes por que pode ser designada a Viola Beiroa ou Viola de Castelo Branco, sendo provavelmente originária da região da Beira Baixa.

Banduria, bandurra, viola beiroa ou viola de Castelo Branco

Banduria, bandurra, Viola beiroa ou Viola de Castelo Branco

Bandurra:

também chamada Viola beiroa, uma das violas portuguesas, é um cordofone dedilhado. Utilizava-se esta Viola popular portuguesa (que era muito frequente no distrito de Castelo Branco), nas tabernas, e em momentos festivos como os casamentos, nas serenatas aos noivos, nas vésperas e na noite da boda.

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Meloteca, recursos musicais criativos para crianças, professores e educadores

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Bexigoncelo:

cordofone tradicional madeirense provavelmente criado por Manuel Teixeira de Mendonça, natural de São Jorge. Como gostava de percorrer as diversas festas das freguesias da zona norte da Madeira, cantando e tocando, para se acompanhar criou este instrumento, composto inicialmente por uma tábua de pinheiro a que estava fixada uma bexiga. Uma tripa de porco fazia as vezes de corda única, presa às duas extremidades da tábua e passando sobre a bexiga, que fazia as vezes de caixa-de-ressonância. A corda era tocada com um arco de cana, com um fio feito de folhas de babosa seca. As diferentes notas são definidas segurando a corda entre dois dedos da mão esquerda. A escolha do ponto em que a corda é pressionada define a nota tocada. A popularidade local do instrumento fez com que o grupo folclórico de Santana o adotasse, embora com umas pequenas adaptações. Posteriormente a corda usada passou a ser uma corda de violoncelo, sendo tocada com um arco de violino. (Aprender a Madeira)

bilha:

bilha, bilha com abano, ou cântaro, é um instrumento tradicional que consiste numa bilha de barro ou um cântaro de latão percutido na sua abertura (boca) por um abano de palha ou uma alpercata. O executante segura a bilha debaixo do braço e bate na boca do utensílio produzindo um som grave que marca o compasso. Muito utilizado por grupos folclóricos em Portugal, este tipo de aerofone – é o ar que vibra – existe em vários países e continentes.

bombo:

bimembranofone de percussão tocado geralmente na posição vertical. É um dos instrumentos utilizados no programa das festas populares de Portugal.

Bombo, Toca a Rufar, Câmara Municipal de Odivelas

bombo, Toca a Rufar, Câmara Municipal de Odivelas

braguinha:

espécie de Cavaquinho da Madeira, onde também é chamado “machête”, o braguinha é um cordofone dedilhado com 4 cordas de tripa, sendo utilizado pelos camponeses madeirenses para acompanhar o canto e a dança. Foi levado pelo madeirense João Fernandes para o Havai e encantou os seus habitantes que deram ao instrumento o nome de “ukulelé”, literalmente “pulga saltadora”.

Brinquinho:

idiofone típico do folclore madeirense constituído por bonecos vestidos com trajes regionais, com caricas e castanholas que se movimentam pelo eixo vertical de uma cana de 60/70 cm. O registo iconográfico mais antigo data do início do século XX.

Brinquinho, Madeira

Brinquinho, Madeira

Búzio:

Em várias regiões do continente português, o búzio tinha um importante papel de meio de comunicação, quer como aviso para problemas como o fogo, quer para facilitar a localização em condições de nevoeiro. Também os levadeiros fizeram uso deste meio de comunicação à distância. Não é muito fácil encontrar o búzio associado à tradição musical madeirense, até porque esta não é uma concha dos mares desta zona do Atlântico. A sua sonoridade permite que seja escutado a grande distância, pelo que está associado a festas ou trabalhos que implicam deslocações. É o caso das cantigas de borracheiros, entoadas pelas veredas da serra entre a costa norte da Madeira e o Funchal, ou do toque das castanholas no percurso para as Missas do Parto. Em ambos os casos, para além da componente musical inerente, tem associado o fator de aviso à distância da aproximação dos grupos em que está integrado. (Aprender a Madeira)

Búzio, Parque Biológico de Gaia

Búzio, Parque Biológico de Gaia

Caixa:

Caixa é um termo que designa uma instrumento musical tradicional, militar (ou outra) do tipo bimembranofone de percussão direta com baqueta constituído por caixa de madeira cilíndrica fechada por pele de animal esticada.

campana:

campana é outro termo para designar o chocalho de Alcáçovas, instrumento de percussão munido de um só batente interno, com altura que varia entre 2 e 50 cm. Semelhante a uma sineta, o chocalho é suspenso no pescoço do gado, com a ajuda de uma correia em couro cravejada e trabalhada, com o intuito de localizar e dirigir o gado.

Cana:

Cana, cana rachada, caninha, ou castanhola de cana rachada, é um instrumento tradicional português do tipo idiofone, tocado na região da Lezíria Ribatejana e outras regiões para acompanhar ritmos e danças.

Trupe Cana Rachada, créditos Terra Velhinha

Trupe Cana Rachada, créditos Terra Velhinha

caninha:

caninha, cana rachada, ou castanhola de cana rachada, é um instrumento tradicional português, um idiofone tocado na região da Lezíria Ribatejana e outras regiões para acompanhar ritmos e danças.

cântaro:

cântaro ou bilha com abano, é um instrumento tradicional que consiste numa bilha de barro ou um cântaro de latão percutido na sua abertura (boca) por um abano de palha ou uma alpercata. O executante segura a bilha debaixo do braço e bate na boca do utensílio produzindo um som grave que marca o compasso. Muito utilizado por grupos folclóricos em Portugal, este tipo de aerofone – é o ar que vibra – existe em vários países e continentes.

carracas:

carracas, ferranholas ou rascas são idiofones tradicionais de fricção utilizadas em Trás-os-Montes, onde acompanham o pandeiro.

castanholas:

idiofone de madeira constituído por duas partes côncavas que batem uma na outra. É usado no Algarve, no canto das janeiras, pelas “charolas”. Os pauliteiros de Miranda do Douro e Mogadouro (Trás-os-Montes e Alto Douro) utilizam castanholas de forma oblonga nas suas danças e em alternância com os paulitos. Todavia, as castanholas são muito usadas em outras regiões de Portugal, designadamente o Alentejo, Estremadura, Douro Litoral, tocadas sobretudo por homens a acompanhar cantares alegres e festivos.

castanholas da Tabua:

castanholas da Tabua designa um idiofone de madeira tradicional da Ilha da Madeira, especialmente de Ribeira Brava (freguesia da Tabua). “As castanholas da Tabua eram tocadas na época natalícia a caminho das missas do parto e do galo, e por altura das festas e romarias nos meses de verão, é na Tabua, freguesia pertencente ao concelho da Ribeira Brava, e em algumas zonas próximas, que estes instrumentos musicais possuem maior tradição.

castanholas de cabeça de cão:

castanholas de cabeça de cão designa um idiofone de madeira tradicional da Ilha da Madeira (concelhos de Ribeira Brava e Ponta do Sol) com forma de cabeça de cão. As castanholas podiam ter outras formas (como cabeça de galinha).

Cavaquinho:

cordofone popular de pequenas dimensões, utilizado no acompanhamento do repertório tradicional português, designadamente no Minho e Douro Litoral, mas também no Algarve, onde é muito utilizado pelas charolas, no canto das janeiras.

cega-rega:

idiofone popular de madeira que imita o som da cigarra, é constituído por uma roda de transmissão accionada por uma manivela com um cabo.

chicote:

instrumento tradicional de percussão, conntituído por duas pequenas tábuas de madeira que batem uma contra a outra, lembrando a sua sonoridade o estalar de um chicote.

chim-chim:

chim-chim é um instrumento musical do tipo idiofone constituído por pequenos pratos metálicos em tamanhos variados, utilizados na Beira Baixa e outras regiões de Portugal.

chincalho:

idiofone que se apresenta em formatos bastante variados, constituído basicamente por chapas metálicas que batem entre si quando o executante movimenta o instrumento.

chocalho:

chocalho é uma espécie de campainha colocada pelos pastores ao pescoço das ovelhas, cabras ou vacas. A arte chocalheira é arte tradicional da construção de chocalhos reconhecida em 2015 como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente, título atribuído pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

chocalho de Alcáçovas:

O chocalho de Alcáçovas é um instrumento de percussão munido de um só batente interno, com altura que varia entre 2 e 50 cm. Também definido como sino, ou campana, o chocalho é habitualmente suspenso no pescoço do gado, com a ajuda de uma correia em couro cravejada e trabalhada, com o intuito de localizar e dirigir o gado.

Chocalho de Alcáçovas, créditos O Digital

chocalho de Alcáçovas, créditos O Digital

chocalhofone:

chocalhofone designa um instrumento percussão de altura definida construído com chocalhos Pardalinho, de Alcáçovas, Viana do Alentejo, a propósito da candidatura a património imaterial da UNESCO. Contou com a supervisão do maestro e compositor Christopher Bochmann que para ele compôs uma obra, estreada em 2015 na Igreja Matriz de Alcáçovas.

Cistre:

cordofone

Clavas:

também chamadas “pausinhos”, são idiofone de madeira, existentes em Portugal, Brasil e muitos países, com nomes, materiais e timbres diferentes. Os índios do Brasil decoravam as clavas com gravação a fogo.

concertina:

aerofone dotado de fole e palheta livre muito popular em Portugal. Instrumento da família do acordeão, nasceu no século XX.

conchas:

conchas são formas em pares que envolvem bivalves e são utilizadas como idiofones de fricção em algumas regiões, em especial no Litoral Norte, designadamente em rusgas. Tocam-se raspando uma na outra.

esquila:

esquila é o nome dado em Trás-os-Montes e no Alentejo a um chocalho de pequenas dimensões.

Ferranholas:

Ferranholas, carracas ou rascas são idiofones tradicionais de fricção utilizadas em Trás-os-Montes, onde acompanham o pandeiro.

Ferrinhos:

idiofone metálico percutido, possui um som penetrante, sendo utilizado na música tradicional portuguesa. Consiste num ferro em forma triangular, aberto, no qual se bate com um pequeno ferro. É suspenso de uma corda, e enquanto uma mão sustenta o triângulo, a outra faz a percussão.

Flauta de amolador:

Flauta de amolador– também chamado em Portugal apito de amolador ou gaita de amolador – é um instrumento de sopro da família das flautas de Pã utilizado tradicionalmente pelos amoladores (amola-tesouras) e afiadores de facas que, tocando, se faziam anunciar aos clientes. Além de amolar facas e tesouras e de arranjar panelas e tachos, o amolador consertava guarda-chuvas.

flauta de tamborileiro:

pequeno aerofone do tipo flauta de bisel que forma conjunto com o tamboril e é tocado pelo mesmo tocador.

flauta pastoril:

flauta pastoril é um instrumento de sopro de formato tubular feito de cana, com três orifícios e tocada por uma só mão sendo que a outra mão toca um pequeno membranofone chamado tamboril.

flauta travessa:

A flauta travessa é geralmente feita de cana na faixa ocidental do País no Minho, Estremadura e Algarve, e de sabugueiro no interior, nomeadamente na Beira Baixa. Tem seis furos além do insuflador. Em certas regiões serranas aparece com frequência, em mãos de pastores. As flautas travessas são na sua maioria lisas: mas encontram-se também, não raro, exemplares decorados, por vezes profusamente. flauta travessa é feita de cana brava com um furo de embocadura e seis perfurações digitais (feitas com fogo). A parte fechada coincide com um nó da cana.

fraita:

fraita (o mesmo que frauta ou flauta) é um instrumento de sopro.

frauta:

frauta (o mesmo que fraita ou flauta) é um instrumento de sopro.

gaita de beiços:

A gaita de beiços, harmónica, harmónica de boca (também conhecida popularmente como realejo é um instrumento musical de sopro cujos sons são produzidos por um conjunto de palhetas livres em vibração. Possui na embocadura um conjunto de furos por onde o instrumentista sopra ou suga o ar. Devido ao seu pequeno tamanho, a gaita não tem caixa de ressonância. O tocador usa as mãos em concha para amplificar o som e produzir efeitos, como variações de afinação e intensidade ou vibrato.

gaita de fole:

aerofone composto de dois tubos, um insuflador e um fole. Com o braço, o ar é empurrado através de um tubo para as gaitas, produzindo o som.

Genebres:

idiofone constituído por uma série de paus redondos maciços, de tamanhos crescentes, enfiados numa tira de couro, formando colar. É utilizado na Lousã, na “Dança dos Homens”, festa realizada em honra da Senhora dos Altos Céus, em Maio. A “genebres” é utilizada apenas nesta cerimónia. Normalmente, está entregue à Comissão de Festas e passa anualmente dos festeiros velhos para os festeiros novos.

Genebres, Portugal

Genebres, Portugal

grilinho:

idiofone madeirense utilizado por grupos folclóricos ou outros grupos musicais. É constituído por um bocado de tronco de canavieira onde foi feita uma abertura e se fixou, de forma flexível, uma palheta do mesmo material. Carregando e largando em seguida uma extremidade, a oposta choca com o corpo do grilinho e produz o som.

Guitarra portuguesa:

cordofone com seis ordens de cordas duplas de metal, sistema de cravelhas em leque e parafuso sem fim. A boca é redonda e é ornamentada com embutidos. A guitarra portuguesa acompanha o fado mas já tem repertório próprio, tendo sido promovida pelo talento excepcional de Carlos Paredes.

guitarro:

guitarro é uma uma espécie de guitarra construída por Paulo Meirinhos (do grupo Galandum Galundaina) a partir de latas antigas de óleo de carros. Teve como base as construções do Tiu Lérias de Paradela, na década de 1950. Este mirandês, Francisco dos Reis Domingues, fazia guitarros a partir de latas de café, muitas vezes com paus a servir de braço.

harmónica:

A harmónica, gaita de beiços, harmónica de boca (também conhecida popularmente como realejo é um instrumento musical de sopro cujos sons são produzidos por um conjunto de palhetas livres em vibração. Possui na embocadura um conjunto de furos por onde o instrumentista sopra ou suga o ar.

maracas:

Maraca é um idiofone de agitamento, constituído por um recipiente de formato variável que pode ser de cartão, plástico ou cabaça, contendo sementes secas, grãos, arroz, areia ou outro material.

Matrácula:

A matrácula, ou matraca, é um instrumento do tipo idiofone usado em Braga pelos farricocos na Semana Santa (anterior à Páscoa), após o silenciamento dos sinos. Encapuzados, os farricocos percorrem descalços o centro histórico, fazendo soar as matráculas, lembrando aos fiéis o sofrimento de Cristo, a confissão e penitência.

Matraca:

idiofone constituído por uma pequena tábua retangular com uma pega no topo onde estão pregadas três pegadeiras de ferro. São usadas no Minho na Semana Santa (anterior à Páscoa), nas “algazarras” do Carnaval, nas “serrações da velha” e nas “troças”.

Farricocos com matracas na Semana Santa em Braga

Farricocos com matracas na Semana Santa em Braga

num-num:

instrumento madeirense tradicionalmente feito com um pedaço de tronco de canavieira de uns 10 cm de comprimento. Perto de uma das extremidades, retirava-se parte da casca, deixando apenas uma fina película interior com uns 2 cm de comprimento, que iria produzir o som. Este resultava da própria voz do executante, que encostava a boca a esta película, fazendo-a vibrar. José Camacho introduziu uma inovação que o tornou mais durável: em vez de deixar a película interna do tronco, faz um orifício neste e tapa a extremidade mais próxima da cana com um pouco de plástico fino. O funcionamento do instrumento mantém-se, mas a sua longevidade é muito maior. (Rui Camacho)

Ocarina:

aerofone. A palavra, italiana, significa literalmente “pequeno ganso” . Trata-se de um instrumento de cerâmica da família das flautas globulares, geralmente ovais, com orifícios e embocadura.

Órgão de tubos:

O órgão de tubos, ou simplesmente órgão, é instrumento musical do tipo aerofone, de tecla, cujo som é produzido pela passagem de ar por um ou vários tubos em simultâneo. (AJF)

palheta:

aerofone tipo charamela, de madeira de buxo com furos melódicos e palheta dupla de cana. Corresponde à “dulçaínha” meideval. É um instrumento pastoril hoje em desuso que se encontrava na Beira Baixa (Monsanto, Idanha-a-Nova).

pandeireta:

instrumento de percussão formado por armação cilíndrica com fendas atravessadas por eixos e discos metálicos na ilharga.

pandeiro:

instrumento de percussão híbrido formado por uma pele sobre armação cilíndrica com fendas atravessadas por eixos e discos metálicos na ilharga. No Algarve é muito usado pelos grupos de janeireiros.

passarinho:

passarinho, também chamado rouxinol, é um brinquedo musical de cerâmica em forma de pássaro com um bocal de insuflação que produz um som característico pelo borbulhar da água colocada no recipiente. Vende-se com frequência em feiras de artesanato e feiras ditas medievais.

paulitos:

idiofone percussivo constituído por dois paus em forma cilíndrica com cerca de 30-40 cm de comprimento e 3 cm de espessura, de madeira de carvalho ou freixo. A decoração consiste em gravações a ferro quente. Os paulitos são usados nas danças dos pauliteiros de Miranda do Douro e Mogadouro (Trás-os-Montes e Alto Douro).

Pauliteiros, créditos CMMD

Pauliteiros, créditos CMMD

pedras:

pedras são um instrumento natural de percussão direta constituído por duas pedras que entrechocam nas mãos do executante. O uso destas pedras (devidamente selecionadas pelo som e a forma) acontece em vários países, incluindo Portugal e Espanha.

Pífano:

sinónimo de pífaro

Pífaro:

aerofone semelhante à flauta, mas mais pequeno e de som estridente.

pife:

Trata-se de um pedaço de canavieira de 20 a 25 cm de comprimento e cerca de 1,5 cm de diâmetro. Corta-se junto a um nó, de modo a ficar a extremidade tapada. A cerca de 1 cm desta, perfura-se a embocadura, com um ferro em brasa. O mesmo ferro serve para fazer os dois ou três furos próximo da outra extremidade, de onde sairão as diferentes notas entoadas. É o único aerofone de bisel tradicional na Madeira, usado em exclusivo na Primeira Lombada da Ponta Delgada, associado aos festejos do Natal. Durante o percurso para as Missas do Parto, grupos de rapazes iam executando uma melodia simples, destinada a chamar os moradores para se juntarem ao grupo na deslocação até à igreja. O seu uso tem perdurado ao longo dos anos em diversos eventos do ciclo do Natal daquele lugar. (Aprender a Madeira)

Pifre:

o mesmo que pífaro.

pilão:

pilão, ou almofariz, é um objeto de cozinha utilizada também como instrumento de percussão direta, de madeira.

pinhas:

idiofone de raspagem utilizado na Madeira e outras regiões de pinhal. Por vezes a produção dos ritmos e dos sons é feita com recurso a materiais disponíveis no meio ambiente que, pelas suas características, não necessitam de qualquer trabalho de adaptação ou construção. É o caso das pinhas. Esta tradição de aproveitar os recursos disponíveis nasceu de uma opção muito frequente em situações como a deslocação para arraiais que, sendo a pé, não convidava ao transporte de muito peso. Desse modo, aproveitar duas pinhas para, raspando-as, produzir o ritmo de acompanhamento dos cantos era uma solução fácil e cómoda. (Aprender a Madeira)

pinhocras:

pinhocras (pinhocas ou pinhas) é idiofone de friccão utilizado em algumas regiões de Portugal composto por duas pinhas abertas. O executante segura cada uma em sua mão e raspa uma na outra ao ritmo da música tradicional, em geral música bailada.

rabeca:

cordofone friccionado de arco semelhante ao violino e muito usado ainda em Cabo Verde.

rabeca chuleira:

rabeca chuleira é um cordofone de arco tradicional português, uma espécie de violino de braço mais curto que afina uma oitava acima.

rabel:

rabel é um instrumento de corda friccionada que remonta à Idade Média, frequente no Norte da Península Ibérica.

rajão:

cordofone popular típico da Madeira que parece uma Viola pequena. Tem cinco cordas e um comprimento total de 66 cm.

rascas:

rascas, carracas ou ferranholas são idiofones tradicionais de fricção utilizadas em Trás-os-Montes, onde acompanham o pandeiro.

reclamo:

reclamo é um instrumento de madeira constituído por dois paus, sendo um deles, com furos, friccionado pelo outro.

reco-reco:

também chamado reque, ou reque-reque, é um idiofone de raspagem constituído por uma cana de bambú ou um pau de madeira em forma de cilindro. Uma vara de madeira mais fina raspa a parte que tem saliências, produzindo-se um timbre característico.

rela:

rela, o mesmo que cega-rega, é um idiofone de madeira de percussão indireta tradicional de Portugal, constituído por um pequeno corpo ortoédrico com roda dentada.

ronca:

A ronca é o instrumento musical que acompanha os cantos de Natal em Elvas. membranofone de fricção constituído por uma estrutura cilíndrica com uma pele esticada numa das aberturas. É friccionado por uma cana fixada no centro da membrana. O executante, com a mão molhada, fricciona a cana fazendo vibrar a pele e produzir um ronco. Apresenta-se em outras regiões com designações (ronca, zamburra, zambomba).

Roncas de Elvas, créditos Elvas News

Roncas de Elvas, créditos Elvas News

rouxinol:

rouxinol, também chamado passarinho, é um brinquedo musical de cerâmica em forma de pássaro com um bocal de insuflação que produz um som característico pelo borbulhar da água colocada no recipiente. Vende-se com frequência em feiras de artesanato e feiras ditas medievais.

sarronca:

membranofone tradicional e rudimentar, é constituído por um cântaro de barro que funciona como caixa de ressonância, uma pele que tapa a boca do vaso e um pau fino que trespassa a pele e, ao friccioná-la produz um som grave.

subina:

aerofone, de palheta livre de cana encaixada no tubo melódico. Tem furos melódicos de tipo quadrangular que produz sons de timbre semelhante ao da charamela. Era um instrumento rudimentar de passatempo individual entre pastores na Estremadura.

tabuinhas

tabuinhas é o nome dado em Barcelos às tréculas, termo português que designa um pequeno idiofone tradicional constituído por cerca de 10 a 20 pequenas placas retangulares de madeira com o espaço adequado entre elas. É muito utilizado por grupos folclóricos portugueses. Ligadas por cordéis, as tabuinhas batem umas nas outras com os movimentos das mãos do executante que seguram as extremidades. Pode designar também duas pequenas peças de madeira (Penafiel).

Tabuinhas, Penafiel, créditos Terra Mater

tabuinhas, Penafiel, créditos Terra Mater

Tambor:

subcategoria de membranofones que pode ter uma ou duas membranas com formatos muito diversificados, cilíndrico, longo, cónico. Podem ter forma de ampulheta, de taça ou de barril.

tamboril:

membranofone com fuste metálico que aparece em Trás-os-Montes e Alentejo, feito artesanalmente pelos próprios tocadores. O tamboril é tocado juntamente com a flauta, sendo um dos conjuntos instrumentais mais arcaicos.

timbalão:

bimembranofone de percussão que aparece em grande parte dos conjuntos das várias regiões de Portugal, nas rusgas, chulas, sendo tocado por zés-pereiras e gaiteiros.

trancanholas:

trancanholas é um idiofone de tradicional de Amarante e Baixo Douro, Portugal. Consiste em duas lâminas simétricas de madeira com 40 a 50 mm de largura e 115 mm de comprimento. São utilizadas de uma forma semelhantes às castanholas habituais e são tocadas normalmente pelos homens que dançam, em algumas festas do Norte de Portugal.

tréculas:

idiofone composto por dez ou mais tábuas rectangulares de madeira, enfiadas e ligadas por um cordel, com duas pegas nas extremidades. Quando se manipula o instrumento com ambas as mãos, as pequenas tábuas batem umas nas outras produzindo o seu som característico. As tréculas são usadas no Minho nas festividades devocionais da Semana Santa (semana anterior ao dia de Páscoa).

tric-lic-trac:

idiofone composto de uma tábua de madeira em forma rectangular com três fiadas de pequenos martelos de madeira. O som é produzido por sacudidelas regulares e fortes do instrumento que levam os martelos a baterem todos ao mesmo tempo. Este idiofone tradicional é usado no Minho, por grupos de rapazes, em brincadeiras carnavalescas e na própria Semana Santa.

Viola amarantina:

cordofone dedilhado muito utilizado para acompanhar o repertório minhoto, ao qual fornece um suporte harmónico. O bom executante pode acrescentar aos acordes pequenos motivos melódicos.

Viola beiroa:

cordofone ornamentado e muito arredondado, um dos tipos de Viola portuguesa, característico da Beira Baixa. Além das cinco ordens de cordas, possui duas mais agudas, presas a um cravelhal suplementar junto da caixa de ressonância.

Viola braguesa:

um dos tipos de Viola portuguesa, é um cordofone dedilhado artesanal muito popular no Noroeste Português. Tem cinco ordens de cordas duplas, cravelhas dorsais de madeira e boca em forma de raia. É utilizada em situações festivas acompanhando rusgas, chulas e cantares ao desafio, com por outros instrumentos como o Cavaquinho, acordeão e rabeca.

Viola braguesa

Viola braguesa

Viola campaniça:

cordofone, tipo de Viola popular, com cinco ordens de cordas duplas de arame. Outrora, acompanhava muito os “balhos”, “despiques” e o cante alentejano, isto é, os corais polifónicos do Baixo Alentejo.

Pedro Mestre, viola campaniça

Pedro Mestre, Viola campaniça

Viola da terra:

cordofone, tipo de Viola popular da Ilha de São Miguel, Açores. Tem cinco ordens de cordas, duplas as três primeiras, e triplas as restantes. A boca tem a forma de dois corações.

Viola de São Miguel, Açores

Viola de São Miguel, Açores

Viola de arame da Madeira:

cordofone da família das violas portuguesas usado no acompanhamento da “Charamba”. Tem cinco ordens de cordas sendo quatro delas duplas e uma simples.

Viola toeira:

cordofone, tipo de Viola portuguesa, com três ordens de cordas, sendo duplas as três primeiras. Tem cravelhas dorsais de madeira. A boca é oval e o tampo está por vezes ornamentado com motivos florais embutidos. Na Beira Litoral, concretamente em Coimbra, acompanhava cantares festivos, juntamente com o Cavaquinho e a flauta.

zaclitrac

zaclitrac é um instrumento musical de percussão, que consiste numa matraca de martelos, em madeira. Encontra-se a norte de Viana do Castelo, usado nas cerimónias da Semana Santa e Carnaval.

zuca-truca:

idiofone constituído por uma cana de bambu, com um boneco no topo e dois bonecos paralelos à cana vestidos com trajes regionais. Um arame no interior da cana provoca, com o movimento da mão do executante, o bater de castanholas pendentes das costas do boneco masculino. É utilizado no Minho, na região de Guimarães. O “brinquinho” da Madeira, introduzido há cerca de um século, é semelhante ao zuca-truca.

Zamburra:

O mesmo que sarronca, membranofone tradicional e rudimentar, a zamburra é constituída por um cântaro de barro ou de folha da Flandres que funciona como caixa de ressonância, uma pele que tapa a boca do vaso e um pau fino que trespassa a pele e, ao friccioná-la produz um som grave.

Zamburra, Rosmaninhal, Museu Nacional de Etnologia, créditos Casa das Bestas

Zamburra, Rosmaninhal, Museu Nacional de Etnologia, créditos Casa das Bestas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reciclanda, instrumentos sustentáveis

Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável

Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.

BIBLIOGRAFIA

Michel Giacometti. Cascais: Casa Verdades de Faria/Museu da Música Portuguesa 1997. |Guia da exposição|

Cordofones portugueses, de José Lúcio. Porto: Areal Editores 2000, 1ª ed. ISBN 972-627-544-X

MADEIRA

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CAMACHO, Rui, “Os violeiros da Madeira”, Xarabanda Revista, n.º 3, 1.º semestre 1993, pp. 5-21;

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MORAIS, Manuel, “Notas sobre os instrumentos populares madeirenses. Machete, rajão, Viola de arame, Viola francesa”,Xarabanda Revista, n.º 12, 2.º semestre 1997, pp. 11-13;

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Id., “Bonecos, Brinquinho ou Bailinho”, in ESTEIREIRO, Paulo (coord.), 5 olhares sobre o Património Musical Madeirense, Funchal, Associação de Amigos do GCEA, 2011, pp. 69-78;

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WORTLEY, Emmeline Stuart, A Visit to Portugal and Madeira, London, Chapman and Hall, 1854.

Bibliografia madeirense por Jorge Torres e Rui Camacho

GLOSSÁRIO ESPECÍFICO

Baqueta:

s. f. vara de cabeça arredondada com que se percutem os tambores.

Boca:

s. f. cavidade com forma variável existente em instrumentos de corda.

Braço:

. m. parte alongada de certos instrumentos de corda.

Cravelha:

s. f. peça de madeira ou de metal com que se esticam ou distendem as cordas para afinar um instrumento.

Cravelhame:

s. m. conjunto das cravelhas ou parte onde as cravelhas se encontram.

Fuste:

s. m. corpo principal do bombo e do tambor.

palheta:

s. f. lâmina de metal ou de bambú cujas vibrações produzem o som de certos instrumentos de sopro.

Tampo:

s. m. parte superior e inferior da caixa de ressonância de um instrumento de corda.

Trasto:

s. m. saliência existente em número variável em instrumentos de corda.

Tuna:

s. f. conjunto vocal e instrumental composto de instrumentos de corda e outros instrumentos tradicionais.

Voluta:

s. f. ornamento em forma de espiral com que termina o braço de certos instrumentos musicais.

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