idiofone constituído por uma cana de bambu, com um boneco no topo e dois bonecos paralelos à cana vestidos com trajes regionais. Um arame no interior da cana provoca, com o movimento da mão do executante, o bater de castanholas pendentes das costas do boneco masculino.
A zuca-truca em cana é “usada nas «festadas» dos arraiais e romarias minhotas. O topo da cana é encimado por personagem em madeira, vestida com traje de lavrador minhoto. Seguindo-se, inferiormente e a rodear a cana, três pares de personagens a darem as mãos, as mulheres estão vestidas de preto, vermelho e branco (lavradeiras minhotas) e os homens de preto, com chapéu e castanholas presas à cintura (lavradores minhotos). No extremo oposto da cana tem um ferrinho que faz com que as figuras subam e desçam. (Sociedade Martins Sarmento)
O “brinquinho” da Madeira, introduzido há cerca de um século, é semelhante ao zuca-truca.
Situa-se no índice 11 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Os idiofones percutidos são postos em vibração por um golpe ou batida.
É um idiofone percutido sem intenção melódica (é de altura indefinida).
ETIQUETAS
Instrumentos tradicionais de Portugal
Idiofones percutidos
Instrumentos começados por z
zuca-truca, créditos Sociedade Martins Sarmento
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
Reque-reque, reque, ou reco-reco, é um idiofone de raspagem existente em Portugal, com diversas configurações e materiais um pouco por todo o mundo.
Situa-se no índice 11 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Os idiofones percutidos são postos em vibração por um golpe ou batida. É um idiofone percutido de altura indeterminada.
ETIQUETAS
Instrumentos tradicionais de Portugal
Instrumentos musicais do Brasil
Idiofones de raspagem
Instrumentos começados por r
Reque-reque, Portugal, créditos Alma Mater
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2021/11/reque-reque-portugal-ft-terra-mater.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2021-11-18 15:57:132024-11-24 13:20:22Reque-reque, Portugal
Reque, ou reco-reco, é um idiofone de raspagem existente em Portugal, com diversas configurações e materiais um pouco por todo o mundo.
Situa-se no índice 11 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Os idiofones percutidos são postos em vibração por um golpe ou batida. É um idiofone percutido sem intenção melódica.
ETIQUETAS
Instrumentos tradicionais de Portugal
Instrumentos musicais do Brasil
Idiofones de raspagem
Instrumentos começados por r
Reque, ou reco-reco, Portugal
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2021/11/reque-portugal.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2021-11-18 15:44:002024-11-24 13:15:38Reque, Portugal
Carriço, ratanplan, cricri, tic tic, cartaxo, cartaxinho, castanhola, ou grilinho, na Madeira, é um instrumento de percussão tradicional. Em Espanha tem os nomes de carajullo, carrasclás (Leon), rana (Astúrias). É feito de um pequeno pedaço de cana (ou de madeira), em meia-cana (ou com um corte / ranhura grande no caso da madeira em forma de concha alongada) que serve de caixa de ressonância, na qual se coloca um bocado muito pequeno também de cana (ou de madeira), em tensão com uma guita, que é jogado pelos dedos do tocador, produzindo som com o embate desta pequena peça contra o corpo do instrumento.
Situa-se no índice 11 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Os idiofones percutidos são postos em vibração por um golpe ou batida. É um idiofone percutido de altura indefinida).
ETIQUETAS
Instrumentos tradicionais de Portugal
Idiofones percutidos
Instrumentos começados por c
Carriço, créditos Ritmia Folk Fest
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2025/11/carrico-tic-tic-cricri-rantanplan-ft-ritmia-folk-fest.jpg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2025-11-10 23:34:112025-11-10 23:34:11Carriço, Portugal
Cartaxo (cartaxinho, castanhola, ou grilinho, na Madeira) é um pequeno instrumento tradicional português do tipo idiofone. Situa-se no índice 11. do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Os idiofones percutidos são postos em vibração por um golpe ou batida.
É feito de um pequeno pedaço de cana (ou de madeira), em meia-cana (ou com um corte / ranhura grande no caso da madeira em forma de concha alongada) que serve de caixa de ressonância, na qual se coloca um bocado muito pequeno também de cana (ou de madeira), em tensão com uma guita, que é jogado pelos dedos do tocador, produzindo som com o embate desta pequena peça contra o corpo do instrumento.
É de fabrico artesanal e utiliza-se como acompanhamento rítmico de instrumentos melódicos, sobretudo dos aerofones de palheta metálica livre (harmónio, concertina, acordeão). Com excepção de uma ou outra região (Algarve), o povo não o conhece habitualmente por cartaxo, mas sim por castanhola. Por vezes, usa-se o mesmo sistema sonoro com uma lata de graxa ou de sardinha na qual se prende o fio em tensão com a pequena peça de cana, que embate agora contra a lata.
Fontes:
Terra Mater
Cancioneiro Tradicional de Óbidos, de José Alberto Sardinha.
Situa-se no índice 11 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Os idiofones percutidos são postos em vibração por um golpe ou batida.
É um idiofone percutido de altura indefinida).
ETIQUETAS
Instrumentos tradicionais de Portugal
Idiofones percutidos
Instrumentos começados por c
Cartaxo, foto Terra Mater
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2021/07/cartaxo-ou-cartaxinho-algarve-ft-terra-mater.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2021-07-10 19:11:252024-11-24 12:50:55Cartaxo, Portugal
Castanhola (o mesmo que cartaxinho ou cartaxo e grilinho, na Madeira) é um pequeno instrumento tradicional português do tipo idiofone. Situa-se no índice 11 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Os idiofones percutidos são postos em vibração por um golpe ou batida.
É feito de um pequeno pedaço de cana (ou de madeira), em meia-cana (ou com um corte / ranhura grande no caso da madeira em forma de concha alongada) que serve de caixa de ressonância, na qual se coloca um bocado muito pequeno também de cana (ou de madeira), em tensão com uma guita, que é jogado pelos dedos do tocador, produzindo som com o embate desta pequena peça contra o corpo do instrumento.
É de fabrico artesanal e utiliza-se como acompanhamento rítmico de instrumentos melódicos, sobretudo dos aerofones de palheta metálica livre (harmónio, concertina, acordeão). Por vezes, usa-se o mesmo sistema sonoro com uma lata de graxa ou de sardinha na qual se prende o fio em tensão com a pequena peça de cana, que embate agora contra a lata.
Fontes:
Terra Mater
Cancioneiro Tradicional de Óbidos, de José Alberto Sardinha.
Castanhola, cartaxo ou cartaxinho, Portugal
Situa-se no índice 11 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. É um idiofone percutido sem intenção melódica (é de altura indefinida). Os idiofones percutidos são postos em vibração por um golpe ou batida.
ETIQUETAS
Instrumentos musicais de Portugal
Idiofones percutidos
Instrumentos de percussão de altura indefinida
Instrumentos começados por c
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2021/07/castanhola-cartaxo-ou-cartaxinho.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2021-07-10 19:22:452024-11-24 13:18:46Castanhola, Portugal
Cartaxinho (o mesmo que cartaxo, castanhola, ou grilinho, na Madeira) é um pequeno instrumento tradicional português do tipo idiofone. Existe com este nome no Algarve e em Santarém. É feito de um pequeno pedaço de cana (ou de madeira), em meia-cana (ou com um corte/ranhura grande no caso da madeira em forma de concha alongada) que serve de caixa de ressonância, na qual se coloca um bocado muito pequeno também de cana (ou de madeira), em tensão com uma guita, que é jogado pelos dedos do tocador, produzindo som com o embate desta pequena peça contra o corpo do instrumento.
Situa-se no índice 11 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. Os idiofones percutidos são postos em vibração por um golpe ou batida.
ETIQUETAS
Instrumentos tradicionais de Portugal
Idiofones percutidos portugueses
Instrumentos começados por c
É de fabrico artesanal e utiliza-se como acompanhamento rítmico de instrumentos melódicos, sobretudo dos aerofones de palheta metálica livre (harmónio, concertina, acordeão). Com excepção de uma ou outra região (Algarve), o povo não o conhece habitualmente por cartaxo, mas sim por castanhola. Por vezes, usa-se o mesmo sistema sonoro com uma lata de graxa ou de sardinha na qual se prende o fio em tensão com a pequena peça de cana, que embate agora contra a lata.
Fontes:
Terra Mater
Cancioneiro Tradicional de Óbidos, de José Alberto Sardinha.
Cartaxinho, créditos A Música Portuguesa A Gostar Dela Própria
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2021/07/cartaxinho-ft-mpagdp.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2021-07-10 19:01:452024-11-24 13:25:43Cartaxinho, Portugal
Viola toeira é um instrumento tradicional português do grupo dos cordofones, subgrupo dos alaúdes, uma das violas tradicionais portuguesas que está na origem da viola da terra açoriana.
A toeira é uma Viola pequena de boca oval com 12 cordas distribuídas por 5 ordens, do agudo para o grave, Mi Si Sol Ré Lá , sendo as três primeiras duplas e as restantes triplas.
A Viola toeira é uma Viola de arame da Beira Litoral, predominante na zona de Coimbra, onde foi durante um largo período de tempo o instrumento predileto dos estudantes da Academia, até ao aparecimento da guitarra que aconteceria por volta do ano de 1850. Foi um instrumento musical, geralmente tocado em “rasgueado” como no Cavaquinho, que acompanhou danças e cantigas no contexto rural da Beira. Marcou presença tanto no domínio plebeu como nos salões e teatros e é associado a um repertório de salão que remete para a fidalguia e burguesia, “modinhas” e “minuetos”.
A Casa da Guitarra comercializa Violas Toeiras do contrutor Artimúsica, Instrumentos Musicais, Lda, empresa fundada em 1992, distinguindo-se pela construção artesanal de instrumentos tradicionais portugueses. O método tradicional de construção que há mais de 100 anos foi iniciado pelo mestre Joaquim José Machado, avô dos atuais mestres Manuel Carvalho e José Carvalho, constitui, ainda hoje, a base para esta arte de fabrico, o que faz com que cada instrumento seja reconhecidamente uma peça única.
Fonte: Casa da Guitarra
A Viola toeira situa-se no índice 31 do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais (cordofones simples, compostos de cordas esticadas em um suporte) com caixa de ressonância, neste caso.
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Instrumentos tradicionais de Portugal
Instrumentos de corda dedilhada
Violas de Portugal
Cordofones do tipo alaúde
Instrumentos começados por v
Viola toeira, foto Casa da Guitarra
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2021/06/viola-toeira-ft-casa-da-guitarra.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2021-06-16 14:40:082022-04-28 14:52:31Viola toeira, Portugal
A Viola de dois corações, também chamada viola da terra ou Viola de arame, ou Viola dos Açores, é um cordofone dedilhado tradicional dos Açores.
Situa-se no índice 32 do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos. É um cordofone composto, instrumento de corda que tem caixa de ressonância como parte integrante e indispensável. Nos instrumentos da categoria “cordofone”, o som é produzido principalmente pela vibração de uma ou mais cordas tensionadas.
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Violas de Portugal
Instrumentos musicais dos Açores
Instrumentos de corda dedilhada
Família dos alaúdes
Instrumentos começados por v
Segundo Manuel Ferreira, no seu livro A Viola de Dois Corações, «não há elementos concretos sobre a data de chegada da Viola dos Açores», mas não será arriscado de supor que foram trazidos pelos Portugueses com a expansão ultramarina dos primeiros que chegaram, dispostos à fixação, com carácter definitivo, no século XV.
Segundo as Saudades da Terra de Gaspar Frutuoso (1522-1591), a Viola era um objeto de elevado apreço, e os seus tocadores eram dignos de nomeada e apontados a dedo, alguns com direito a registo histórico e geral admiração.
Não há registos do(s) tipo(s) de Viola(s) que foram trazido(s) pelos povoadores do arquipélago açoriano, no entanto, podemos afirmar que as modificações organológicas sofridas por esta(s) Viola(s) através das sucessivas gerações de construtores não foram significativas ao ponto de ocasionar uma diferença substancial entre a viola da terra e suas congéneres do continente português. O aspeto, os métodos de construção e os materiais utilizados na construção da viola da terra são basicamente os mesmos utilizados nos instrumentos semelhantes do continente português.
A viola da terra apresenta semelhanças com a viola amarantina e da Viola de cabo verde: além de o aspeto geral ser muito semelhante, todas elas possuem a boca em forma de dois corações é, no entanto, com a Viola toeira, ou Viola de Coimbra, que a viola da terra apresenta maiores familiaridades, a saber: afinação quase idêntica e doze cordas de arame agrupadas em cinco ordens, três duplas e duas triplas.
Conhecida também por “viola de arame” (por possuir cordas feitas de fio de arame e não de aço) ou “viola de dois corações” (por possuir as aberturas do tampo em forma de dois corações), a viola da terra ao chegar aos Açores, toma características comuns a todas as ilhas, mantendo os seus fundamentais traços primitivos, mas aqui e acolá foi adquirindo afinações e particularidades diferenciadas. Assim, transforma-se no mais típico instrumento musical do arquipélago dos Açores, como se afirma na dissertação de Mestrado de José Wellington Nascimento.
viola da terra, pintura de Domingos Rebêlo, década de 1930
No entanto, só a partir do século XIX é que começaram a aparecer provas iconográficas da presença da Viola de dois corações em São Miguel – e na própria literatura de viagens.
A fixação do encordoamento nas atuais 12 cordas deve ter ocorrido no fim do século XIX e por influência coimbrã (Viola toeira).
Deste modo, mesmo a conhecer-se e a comprovar-se a sua origem continental, a Viola de dois corações constitui hoje uma peça artesanal individualizada com identidade e traços próprios, com as suas doze cordas e som característico.
Os dois modelos de viola da terra
Considera-se existir dois tipos do popular instrumento musical açoriano: a Viola de dois corações (micaelense, mas adotado pelas restantes ilhas do grupo central e ocidental) e a Viola de boca redonda (viola da terra da Terceira).
O que motivou a diferenciação dos dois modelos de Viola ainda é um mistério, pois, segundo Manuel Ferreira, minguam elementos históricos e iconográficos que possam fornecer dados concretos para uma explanação segura, salvo alguns indícios e argumentos intuitivos, sempre de difícil confirmação e em tudo dependentes do mérito e surpresas das investigações.
Viola de dois corações
A Viola de dois corações tem a caixa alta e estreita, com cintura pouco acentuada, abertura sonora ou boca geralmente em forma de dois corações unidos com as pontas para fora. O braço é comprido, com escala até à boca, rasante com o tampo, do qual se distingue pela diferença das madeiras. A escala tem 21 trastos ou pontos, dos quais 12 sobre o braço e nove sobre o tampo. Arma com 12 cordas metálicas, dispostas em cinco ordens ou parcelas – as três primeiras duplas e as outras duas triplas.
Viola de boca redonda
A viola da terra da Terceira é uma Viola de boca redonda. Tem dois subtipos: a Viola de cinco parcelas, que arma com 12 cordas, incluindo dois ou três bordões, e a Viola de seis parcelas, com 15 cordas (três parcelas de duas cordas e três parcelas de três). Ambas têm boca sonora redonda, caixa mais larga e de altura mediana, com enfranque pouco acentuado e escala até à boca, em ressalto sobre o tampo (como na Viola madeirense e no violão). Enquanto na Viola de dois corações a escala tem 21 trastos (12 no braço e nove sobre o tampo), na de boca redonda varia o número de trastos e a sua distribuição: 12 sobre o braço na Viola de cinco parcelas e dez na de seis parcelas, diferindo de construtor para construtor o número dos restantes trastos sobre os tampos.
Viola de boca redonda, ou viola da terra da Terceira
Viola de sete parcelas
Além destas, há ainda a Viola de sete parcelas (18 cordas), instrumento que, pelas suas dificuldades de afinação e execução que apresenta, é pouco prática, o que explica a sua raridade.
Viola de 15 cordas
A Viola de 15 cordas, conhecida na ilha Terceira por Viola de seis parcelas, com apenas dez trastos sobre o braço e sete a nove sobre o tampo, tem o braço curto, o que, conjugado com a largura da caixa de ressonância e a extensão da pá, lhe confere um aspeto atarracado, mas elegante.
Gozando de enorme popularidade, a Viola de seis parcelas suplantou quase completamente a de cinco parcelas. A origem da Viola de seis parcelas é matéria controversa, que tem merecido atenção dos estudiosos do assunto, segundo José Ferreira Almeida. Ora a atribuem à presença castelhana nos Açores, no século XVI e XVII, ora a uma provável influência aristocrática ‘vihuela’ quinhentista ou, bastante mais próxima no tempo, à influência do violão, do qual a Viola de boca redonda teria tomado o bordão mais grave (mi) e as maiores dimensões da caixa de ressonância, aumentando assim a sua extensão e possibilidades. Ou seja, poder-se-ia considerar a Viola de quinze cordas como uma forma evolutiva da Viola açoriana de boca redonda.
Como refere José Wellington do Nascimento, ao longo dos tempos desenvolve-se toda uma construção identitária açoriana vinculada à viola da terra. Esta assume, dialeticamente, dois aspetos importantes: em primeiro lugar, a utilização do corpo do instrumento como repositório de símbolos e a tradução destes símbolos de forma a afirmar a viola da terra como expressão da identidade açoriana. Os dois corações, que segundo a explicação popular representam “o coração que parte (que emigra para o estrangeiro) e o coração que fica”; o “cordão umbilical”, que se une numa lágrima, a lágrima da saudade e que é também referida como símbolo do ás de ouro, representando a busca de fortuna na emigração e que também representam a Coroa do Espírito Santo, e por fim o cavalete com as extremidades representando o Açor, ave que terá dado o nome ao arquipélago açoriano.
A importância sociocultural da viola da terra
A Viola acabou por exercer a sua magia em todas as classes, e deixou de ser um privilégio para entretenimento de ricaços e privilegiados, quer fosse de arco ou de dedilhar, até cair no pé descalço e no âmago da alma popular, afirma Manuel Ferreira, passando a estar enraizada na sociedade rural.
A Viola era, então, largamente utilizada em rituais lúdico-religiosos, desempenhando uma função social de muita importância, ligada principalmente às práticas do camponês, raramente aparecendo só, enquanto instrumento musical, mas sempre como acompanhamento de algum ritual de religião, de trabalho ou de lazer.
A Viola foi utilizada como instrumento acompanhador do canto, das rezas e das danças, integrada organicamente na vida social, segundo afirma Wellington de Nascimento. Manuel Ferreira corrobora esta afirmação dizendo que não havia aldeia ou vila que não se orgulhasse dos seus construtores e tocadores, de datas aprazadas para o Entrudo e Páscoa, para as festas do Espírito Santo e do Natal, com matanças e janeiras, de porta em porta.
Folia das festas populares do Divino Espírito Santo, Ilha de São Miguel, Açores. Postal ilustrado circulado entre 1911 e 1914. Não admira, portanto, o lugar de primazia por ela conquistado no Cancioneiro Popular Açoriano, como lenitivo e último recurso nas horas de amargura, sacudindo o espantalho da solidão e angústia.
Mais do que nos velhos romances e aravias – é na quadra espontânea e cadenciada, ora viva ora dolente entre «rasgados» e «ponteados» bem dedilhados, em milhares de versos cantados ao sabor do momento e transmitidos de geração em geração, de boca em boca e de ilha para ilha, que se descobre o mais puro manancial da alma popular.
No Cancioneiro dos Açores contam-se por centenas as quadras de referência e louvor ao apreciado instrumento, de permeio com outras de profundo lirismo, exaltando o Amor, a Mulher a Saudade.
Fonte: Agenda Açores
2 de outubro é o Dia da viola da terra, a Viola de Dois Corações.
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2021/06/viola-de-dois-coracoes-pintura-de-domingos-rebelo-1930.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2021-06-15 10:21:082024-11-24 13:05:40Viola de dois corações, Portugal
A viola da terra é o instrumento típico dos Açores. É um cordofone dedilhado do tipo alaúde, no qual se incluem os alaúdes, as guitarras e violas, com cordas paralelas esticadas ao longo de um braço e caixa de ressonância no extremo oposto ao braço. (cf. Luís Henrique)
O dedo polegar e o indicador ponteiam as cordas da viola da terra. De vez em quando, a mão do tocador toca em rasgado. Faz-se silêncio… porque o som da viola da terra preenche o momento e enche-nos de emoção. O som desta Viola é diferente. Mistura a doçura com um som metálico, intenso. O dedo polegar ponteia os primeiros sons da “Saudade” e logo se abre o cortinado roxo, que cobria o coração.
Conhecida também como a Viola dos dois corações, este instrumento, de doze ou quinze cordas, faz parte família das violas de arame. Há quem diga que estes dois corações, virados de costas, são símbolo do amor impossível, imagem reforçada pela linha umbilical que os une num losango ou lágrima.
A qualidade de uma Viola depende da arte do seu construtor e da sonoridade que o tocador consegue arrancar ao toque ou pancada da mão. A sua forma em oito, recorda o corpo humano, não fossem os lados designados por “ilhargas”, a escala de “braço” e a abertura no tampo, de “boca”.
Rafael Carvalho, professor de “viola da terra” no Conservatório de Ponta Delgada, orgulha-se de ensinar no único estabelecimento de educação musical do país, onde, desde 1982, se aprende a tocar numa Viola de arame.
Antes, quase todos aprendiam de ouvido, mas chegou-se a temer que se perdesse esta tradição, por falta de quem tocasse e, sobretudo, por falta de quem quisesse aprender. Em São Miguel, valeu a mestria de uns poucos, como o Sr. Carlos Quental da Maia, e a paixão de alguns jovens por esta sonoridade, para recuperar o gosto e o interesse pela viola da terra.
Se antes não havia festa sem viola da terra, hoje os grupos folclóricos precisam de músicos, para poderem dançar as modas tradicionais, à semelhança dos nossos antepassados, que armavam um balho no fim da desfolhada, numa dominga do Espírito Santo ou pelo dia do padroeiro.
O som da viola da terra liga as letras às danças, as pessoas à comunidade. Mas, hoje a sua sonoridade pode ser explorada em outro tipo de peças musicais, como acontece no Conservatório.
Hoje, fruto do empenho e da paixão de alguns músicos, a Região possui uma Associação que promove a viola da terra, tem tocadores em quase todas as ilhas e existem jovens construtores de instrumentos de excelência.
A viola da terra não é uma Viola qualquer. Ouvir o som deste instrumento é sentir o amor à terra. Tanto “canta” alegremente uma Chamarrita do Pico ou um Balho Furado de São Miguel, como “chora” a Saudade ou os Olhos Negros da Terceira.
Esta Viola é da terra, porque é do nosso povo, das nossas gentes. Por isso, está presente no Brasil ou em Cabo Verde porque, para onde fosse um açoriano, lá ia a viola da terra, como tão bem pintou Domingos Rebelo no quadro “os emigrantes”.
viola da terra, Açores
Há que homenagear quem nunca desistiu de tocar e de ensinar a arte da viola da terra. Mas esta não pode ser a paixão de um músico, mas o dever de uma região em defender e promover o património cultural que a define e identifica. Não podemos deixar que as nossas tradições corram o risco de desaparecer, por falta de quem as transmita.
A viola da terra, presente em todas as ilhas, é um traço do ser açoriano, uma sonoridade que nos irmana na mesma Cultura, destruindo barreiras e bairrismos.
A música é uma linguagem universal, que une na diversidade e aproxima na distância.
Piedade Lalanda, artigo publicado na sua página do Facebook e no Açoriano Oriental.
Folia das festas populares do Divino Espírito Santo, Ilha de São Miguel, Açores, postal ilustrado circulado entre 1911 e 1914.
Situa-se no índice 32 do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos. É um cordofone composto, instrumento de corda que tem caixa de ressonância como parte integrante e indispensável.
2 de outubro é o Dia da viola da terra, a Viola de Dois Corações.
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Instrumentos tradicionais de Portugal
Instrumentos de corda dedilhada
Violas de Portugal
Violas de arame
Cordofones do tipo alaúde
Instrumentos começados por v
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2021/06/viola-da-terra.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2021-06-15 08:47:502024-11-24 12:47:11Viola da terra, Portugal