O gyli é um xilofone de madeira originário da África Ocidental, particularmente popular entre os povos Lobi, Dagarti e Sissala do Gana. É um instrumento melódico e de percussão, desempenhando um papel fundamental na música e nas tradições culturais destas comunidades.
Consiste num número variável de lâminas de madeira, geralmente entre 8 e 14, dispostas de forma escalonada sobre uma estrutura de madeira. Cada lâmina possui uma cabaça por baixo que atua como ressonador, amplificando o som produzido quando a lâmina é percutida com baquetas de madeira com cabeças de borracha. Estas cabaças podem ter pequenos orifícios cobertos por uma membrana feita de teias de aranha ou outros materiais finos, o que cria um som de “zumbido” característico que enriquece a sonoridade do gyli.
A afinação do gyli é tradicionalmente diatónica ou pentatónica, e a construção do instrumento é artesanal, utilizando materiais locais como madeira e cabaças. Existem diferentes tipos de gyli, com variações no tamanho e no número de lâminas, adaptados a contextos musicais e sociais específicos, como funerais, rituais de iniciação ou entretenimento secular.
Kangobla é um instrumento musical da família dos lamelofones. Instrumento da família dos denominados “piano de polegar”, consiste numa placa de madeira com lâminas de metal escalonadas presas. Estas lâminas, ou “teclas”, são tocadas segurando o instrumento nas mãos e dedilhando-as principalmente com os polegares, mas também com o indicador direito e, ocasionalmente, com o indicador esquerdo. Quanto mais curta a lâmina (ou lamela), mais agudo o som, e quanto mais longa, mais grave.
O instrumento é um idiofone beliscado que se encontra no índice 12 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. As suas partes vibrantes são colocadas em vibração ao serem beliscadas ou dedilhadas.
O nyaanyooru é um instrumento musical de cordas friccionadas tradicional do Gana. O seu corpo ressonador é feito de uma cabaça hemisférica coberta com pele de animal, geralmente de vaca ou cabra. Um braço de madeira comprido atravessa a cabaça, servindo como suporte para as cordas.
O nyaanyooru tipicamente possui duas ou três cordas, tradicionalmente feitas de tendões de animais, mas atualmente também podem ser de materiais sintéticos. Estas cordas estendem-se ao longo do braço até um cavalete na extremidade da cabaça e são afinadas por cravelhas de madeira localizadas no braço.
O instrumento é tocado colocando a cabaça no colo do músico ou apoiada contra o peito. As cordas são friccionadas com um arco curto, geralmente feito de um pedaço curvo de madeira com crina de cavalo esticada entre as extremidades. A mão esquerda do músico desliza ao longo do braço para alterar o comprimento vibratório das cordas, produzindo diferentes notas.
O nyaanyooru desempenha um papel significativo na música tradicional do norte do Gana, sendo frequentemente utilizado para acompanhar canções, contar histórias e em cerimónias sociais. O seu som é descrito como melancólico e penetrante, capaz de expressar uma variedade de emoções. Os tocadores de nyaanyooru são muitas vezes considerados importantes portadores da tradição oral e da história da sua comunidade.
Os tamboressabar são um conjunto de tambores tradicionais do Senegal, associados principalmente ao povo Wolof e Serer, mas também tocados por outros grupos étnicos no país e na Gâmbia. O termo “sabar” refere-se não só aos tambores em si, mas também à música que produzem, à dança que os acompanha e à própria ocasião festiva ou social em que são tocados.
Os tambores sabar são tipicamente feitos de um tronco de madeira oco, tradicionalmente de dimb (madeira dura), com uma pele de cabra esticada sobre a abertura e fixada por um sistema complexo de cordas e sete estacas de madeira que permitem a afinação. Existem vários tipos de tambores sabar num conjunto, cada um com um tamanho, forma e, consequentemente, um som e função distintos dentro da música. Alguns dos tambores mais comuns incluem o nder (o maior, frequentemente o tambor principal), o lamb ou thiol (um tambor baixo e pesado), o mbeng-mbeng (um tambor de acompanhamento de tom médio) e o tungune (um tambor pequeno e de tom agudo).
A técnica de tocar sabar é única, envolvendo o uso de uma mão e uma baqueta (galan). A mão é usada para produzir sons abafados e abertos, enquanto a baqueta cria ritmos distintos e acentos. Os percussionistas de sabar são altamente habilidosos e capazes de produzir ritmos complexos e intrincados, muitas vezes incorporando “flams” (golpes quase simultâneos com a mão e a baqueta) para criar texturas rítmicas ricas.
Historicamente, os tambores sabar tinham um papel importante na comunicação entre aldeias distantes, com ritmos específicos a transmitirem mensagens. Hoje, são uma parte essencial das celebrações e eventos sociais no Senegal, como casamentos, cerimónias de nomeação e festivais, onde a sua música vibrante e enérgica incentiva a dança e a celebração. O sabar é mais do que um instrumento musical; é um símbolo da identidade cultural senegalesa e uma tradição viva transmitida de geração em geração.
Músicos como Doudou N’Diaye Rose foram figuras proeminentes na divulgação e evolução da música sabar, elevando-a a um palco internacional.
O karillan é um instrumento de percussão da África Ocidental, constituído por um cilindro de metal com ranhuras raspado com uma vareta de metal. Tradicionalmente, este instrumento é tocado por caçadores do sul do Mali e por mulheres para acompanhar o canto. É possível ouvi-lo em álbuns de Soungalo Coulibaly, por exemplo. Por vezes, o músico passa um fio fino nos dois pequenos orifícios localizados na parte de trás do instrumento e coloca o polegar para o segurar melhor. Atualmente, o karillan é frequentemente incluído nos conjuntos de percussão de percussionistas ocidentais. Tem cerca de 28 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro.
Pianola Metrostyle é um instrumento inventado em 1901 por Francis L. Young e fabricado pela Pianola Aeolian Company. Representa um marco significativo na história dos instrumentos musicais e do entretenimento doméstico no início do século XX. Ela destaca-se como um tipo específico de piano mecânico comercializado com grande sucesso, tornando a reprodução musical complexa acessível a um público mais amplo.
Características e Funcionamento:
Mecanismo Pneumático: A Pianola Metrostyle opera através de um complexo sistema pneumático. Em vez de um pianista humano tocar as teclas diretamente, o som é produzido pela ação de martelos que golpeiam as cordas do piano. Esses martelos são controlados por ar pressurizado, que por sua vez é regulado por um rolo de papel perfurado.
Rolos de Papel Perfurado: A “partitura” da música reside em longos rolos de papel. Esses rolos contêm uma série de perfurações (furos) estrategicamente posicionadas. À medida que o rolo é alimentado através de um mecanismo dentro da pianola, o ar passa através dessas perfurações.
Ação das Perfurações: Cada perfuração no rolo corresponde a uma nota musical específica ou a uma função do piano (como o pedal de sustentação). Quando uma perfuração passa por um “leitor” pneumático, permite a passagem de ar para um pequeno fole ou mecanismo correspondente àquela nota. A expansão e contração desses foles acionam alavancas e martelos, que finalmente atingem as cordas do piano, produzindo o som.
Metrostyle: A Expressão Interpretativa: A grande inovação e o ponto chave do sucesso da Pianola Metrostyle residiam no seu sistema “Metrostyle”. Diferentemente de outros pianos mecânicos da época que reproduziam a música de forma puramente mecânica e sem nuances interpretativas, o Metrostyle oferecia um grau de controle expressivo.
Linha de Tempo Metrostyle: Os rolos Metrostyle continham uma linha impressa que representava o tempo musical. Um ponteiro móvel no painel da pianola indicava essa linha.
Marcações de Expressão: Intérpretes e compositores criavam arranjos especiais para os rolos Metrostyle, marcando a linha de tempo com indicações de dinâmica (forte, piano, etc.), tempo (rápido, lento) e outras nuances expressivas. Controle Manual: O utilizador da pianola podia seguir o ponteiro e ajustar manualmente uma alavanca ou pedal para acelerar ou desacelerar o rolo, e outra para controlar o volume (a intensidade do ar que acionava os martelos). Isso permitia ao “pianista” adicionar sua própria interpretação à música gravada no rolo, tornando a experiência mais envolvente e artística. Gabinete e Design: As pianolas Metrostyle eram frequentemente alojadas em gabinetes de madeira elaboradamente decorados, refletindo os estilos de mobiliário da época. Eram consideradas peças de mobiliário de destaque nas casas da classe média e alta.
Repertório: Uma vasta gama de rolos Metrostyle foi produzida, abrangendo desde música clássica e ópera até canções populares e música de dança da época. Isso permitiu que as pessoas desfrutassem de uma ampla variedade de música em suas próprias casas, sem a necessidade de um pianista habilidoso.
A Pianola Metrostyle desempenhou um papel crucial na disseminação da música no início do século XX. Ela democratizou o acesso à música, permitindo que famílias ouvissem performances de alta qualidade no conforto de seus lares. Além disso, preservou interpretações de músicos da época em seus rolos.
Pianola Metrostyle do Museu Nacional da Música, ft MNM
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
A bilha com abano, também chamada apenas “bilha”, ou “cântaro”, é um instrumento tradicional português constituído por uma bilha ou cântaro de barro percutido na sua boca por um abano (objeto artesanal em palha usado para atear o fogo).
O executante segura a bilha debaixo do braço e bate na boca (abertura) com o abano produzindo um som grave, com som e função semelhantes ao bombo. A bilha de barro é substituída em algumas regiões e grupos folclóricos por um cântaro de latão, e o abano é substituído por uma alpercata ou objeto feito de raiz com essa finalidade. Este tipo de aerofone – é o ar que vibra – existe em vários países e continentes.
bilha com abano, Portugal
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança, o bem estar dos seniores e a capacitação de profissionais.
Contacte-nos:
António José Ferreira
962 942 759
Reciclanda, música e instrumentos sustentáveis
https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2020/03/cantaro.jpeg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2024-07-27 15:17:502024-11-12 10:34:37Bilha com abano, Portugal
As medidas medievais de volume baseavam-se no almude (do al mudd árabe) e no alqueire (derivado do al keyl, que, em árabe, quer dizer “a medida”).
O almude era a unidade base para medição de líquidos, (vinho, azeite), tendo como múltiplos a quarta (4 almudes) e o puçal (4 quartas = 16 almudes).
O alqueire era a medida oficial para os cereais (farinha). Tinha múltiplos, como a teiga (4 alqueires) e o quarteiro (4 teigas = 16 alqueires). Nesta altura, o almude deveria equivaler a 2 alqueires.
Fonte: Museu de Metrologia
Semelhante à bilha, bilha com abano ou cântaro, o almude é um instrumento tradicional que consiste na antiga unidade de medida de volume percutida na sua abertura (boca) por um abano de palha, alpercata ou outro objeto percussivo. O tocador segura instrumento pela asa e bate-lhe na boca produzindo um som grave que marca o compasso. Muito utilizado por grupos folclóricos em Portugal, este tipo de aerofone – é o ar que vibra – existe com variantes em diversos países e continentes.
Almude, Madeira
António José Ferreira
Instrumentos tradicionais de Portugal
Instrumentos musicais da Europa
Aerofones
Instrumentos começados por a
Almude musical, Rancho Folclórico Os Arneiros, Bairro dos Oleiros, Caldas da Rainha, fundado a 29 de junho de 1987
Reciclanda, música e instrumentos sustentáveis
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança, o bem estar dos seniores e a capacitação de profissionais.
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António José Ferreira
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https://www.musis.pt/wp-content/uploads/2024/07/almude-ajf-2024.jpg400400António Ferreirahttp://musis.pt/wp-content/uploads/2022/05/cropped-musis-logo-80x80.jpgAntónio Ferreira2024-07-27 12:52:312024-11-12 11:14:28Almude, Portugal
Banjolim é um instrumento de corda dedilhada, instrumento híbrido que combina características do banjo e do bandolim. Ele tem um corpo semelhante ao do banjo, geralmente forma de cabaça, e um braço e trastes semelhantes aos do Bandolim. Possui um corpo redondo e braço semelhante ao do bandolim, com trastos. Pode ser tocado com uma palheta ou dedilhado com os dedos. Como é um instrumento de corda, são usadas técnicas de fricção para criar expressividade na música. Ganhou popularidade no século XX, principalmente nos Estados Unidos, como um instrumento versátil com uma sonoridade única.
No Museu da Música Portuguesa / Casa Verdades de Faria existe um exemplar português do Séc. XX, de 56cmx19,4cm x 6,5cm
cordofone de mão, de forma circular, composto por caixa de ressonância com fundo constituído por oito triângulos de madeira de cor castanho claro/escuro, com um florão de metal ao centro.
Tampo harmónico formado por pele de cabra esticada sobre armação em alumínio fundido com seis esticadores. Braço em madeira pintada, encimado por cravelhal em forma de espátula, com sistema de carrilhão com oito cravelhas dorsais. Oito cordas distribuídas por quatro ordens de cordas duplas. Instrumento usado em conjuntos instrumentais, com função melódica predominante. Integra a exposição permanente do Museu da Música Portuguesa.
Reciclanda, música e instrumentos para um planeta sustentável
Reciclanda é um conceito musical inovador que contribui para o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e das metas de reciclagem de embalagens, promovendo a sustentabilidade desde idade precoce até idade avançada através da reutilização musical, com sessões, oficinas, formações e exposições. Promove o desenvolvimento global, a inclusão e a reabilitação a partir de eco-instrumentos, do ritmo, do jogo e das literaturas de tradição oral.
A Toha ou Harpa Totem é um instrumento musical com um design único inspirado nos pássaros tecelões sociáveis da África Austral, criação de Victor Gama. Os pássaros tecelões constroem os ninhos em comunidades unidas, servindo de fonte de inspiração para a natureza colaborativa do instrumento. Com dois ressoadores, a Toha destina-se a ser tocada por dois músicos, cada um dos quais tem acesso a um conjunto de 22 cordas com afinação idêntica em cada lado do instrumento. O design permite uma experiência musical partilhada e sincronizada, tal como o trabalho dos tecelões sociáveis ao construírem os seus ninhos.
INSTRMNTS é uma coleção de instrumentos musicais criada pelo compositor Victor Gama e desenvolvidos pela PangeiArt.Com mais de duas décadas de experiência, estabelece parcerias com as principais instituições culturais para produzir exposições interativas, workshops educativos, instalações sonoras e concertos dinâmicos para envolver e inspirar o público.
A equipa está comprometida em partilhar uma nova geração de instrumentos musicais e promover a criatividade na música.
Toha, instrumento de corda colaborativo de Victor Gama