Instrumentos musicais do continente asiático

Nohkan (能管) é uma flauta transversa japonesa feita de bambu, com um papel central e distintivo nas trilhas sonoras dos teatros clássicos Noh e Kabuki. Sua construção envolve um tubo de bambu com sete orifícios para os dedos e uma embocadura simples. O interior do tubo é lacado, um processo que contribui para o timbre agudo, penetrante e característico do instrumento, capaz de se destacar mesmo em meio a outros sons da orquestra.

A história do Nohkan está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento do teatro Noh. Foi criado no século XV por Kan’ami e seu filho Zeami, figuras cruciais na transformação das formas teatrais populares de Dengaku e Sarugaku no sofisticado gênero que conhecemos hoje como Noh. O Nohkan tornou-se, assim, um elemento fundamental na expressão musical e dramática do Noh, acompanhando os cantos (utai) e as danças (mai) com melodias complexas e ornamentadas.

A técnica de tocar o Nohkan exige um controle preciso da respiração e da embocadura para produzir a variedade de tons e inflexões necessárias para a música do Noh. O instrumento não possui uma escala diatônica ocidental definida, e os músicos utilizam técnicas de sopro e digitação únicas para criar microtons e glissandos que são essenciais para a expressividade da música Noh. As melodias podem variar de passagens lentas e contemplativas a frases rápidas e intensas, refletindo as emoções e a narrativa da peça teatral.

No teatro Kabuki, que se desenvolveu posteriormente, o Nohkan também é utilizado em algumas peças que incorporam elementos do Noh. Sua sonoridade distinta contribui para a atmosfera dramática e a caracterização dos personagens. A presença constante do Nohkan nos palcos do Noh e, em menor grau, do Kabuki, solidifica seu status como um instrumento musical japonês de grande importância cultural e histórica.

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Nohkan, Japão

Nohkan, Japão

Wa patala é um idiofone de altura definida tradicional da Birmânia (Myanmar), pertencente à família dos xilofones. Sua construção engenhosa envolve a disposição de 24 lâminas de bambu cuidadosamente afinadas sobre uma caixa de ressonância alongada. Estas lâminas são ordenadas cromaticamente, seguindo uma progressão do som mais grave, localizado à esquerda do músico, para o som mais agudo, posicionado à direita. Esta organização linear facilita a execução melódica e harmónica.

As lâminas de bambu são suspensas sobre a caixa de ressonância por pequenos suportes, permitindo que vibrem livremente quando percutidas. A caixa de ressonância, geralmente feita de madeira, amplifica o som produzido pelas lâminas, conferindo-lhe corpo e projeção. O músico utiliza dois martelos ou baquetas para percutir as lâminas, produzindo notas distintas com alturas definidas pela espessura e comprimento de cada lâmina de bambu. A habilidade do executante reside na precisão dos golpes e na capacidade de criar melodias fluidas e ritmos complexos.

O Wa patala é um instrumento musical importante na música tradicional da Birmânia, frequentemente integrado em conjuntos musicais que acompanham danças, cerimónias religiosas e outras formas de entretenimento. Sua sonoridade quente e ressonante do bambu contribui para a riqueza tímbrica da música birmanesa. A disposição cromática das lâminas permite a execução de uma vasta gama de melodias e harmonias, tornando-o um instrumento versátil dentro do seu contexto cultural.

A construção artesanal do Wa patala, utilizando materiais naturais como o bambu e a madeira, reflete a tradição e a habilidade dos artesãos birmaneses. A sua presença contínua na música da Birmânia atesta a sua importância cultural e a beleza da sua sonoridade, mantendo viva uma forma única de expressão musical através de um idiofone de bambu melódico.

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Patala, Myanmar

Patala, Myanmar

O tumbi é um instrumento musical tradicional do Punjab, uma região que abrange partes da Índia e do Paquistão. É um cordofone de braço longo, também conhecido como toombi, tumba ou toomba.

O instrumento consiste em uma corda que é fixada em um pau seco, que por sua vez é inserido em uma cabaça que serve como caixa de ressonância. A corda é afinada de forma que possa ser tocada com os dedos. Geralmente, o tumbi é tocado sozinho ou como acompanhamento de danças e espetáculos de folclore.

O tumbi é especialmente popular na cultura punjab e é considerado um símbolo da música tradicional da região. Ele desempenha um papel importante na música bhangra, um estilo de dança alegre e energético originário do Punjab. Também é usado em outras formas de música punjabi, como o folk e o pop.

A técnica de tocar o tumbi envolve a execução de padrões rítmicos e melódicos rápidos, usando os dedos para pressionar e puxar a corda. Os músicos habilidosos podem produzir uma variedade de sons e efeitos utilizando esse instrumento.

Embora seja um instrumento tradicional, o tumbi também tem sido incorporado em diferentes géneros musicais contemporâneos, tanto na Índia quanto no exterior. 

(com IA)

Situa-se no índice 32 do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos. É um cordofone composto, instrumento de corda que tem caixa de ressonância como parte integrante e indispensável.

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  • Cordofones de braço longo
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Tumbi, Índia

Tumbi, Índia

Xiao (箫) é um aerofone tradicional chinês, caracterizado pela sua forma tubular alongada, geralmente construída em bambu. Este instrumento de sopro longitudinal possui uma rica história, remontando a milhares de anos, e ocupa um lugar de destaque na música clássica e folclórica da China. A sua simplicidade estrutural contrasta com a sua capacidade expressiva e a sua sonoridade melancólica e introspectiva.

Um Xiao típico possui entre cinco e oito orifícios para os dedos na parte frontal e um orifício para o polegar na parte traseira. A embocadura é geralmente um entalhe em forma de “V” na extremidade superior do tubo, onde o músico sopra obliquamente para produzir o som. A técnica de execução exige um controlo preciso da respiração e da embocadura para obter a afinação desejada e as nuances tonais características do Xiao.

A sonoridade do Xiao é suave, aveludada e com um timbre que muitos associam à tranquilidade e à contemplação. A sua capacidade de produzir um som contínuo e legato, com a possibilidade de realizar glissandos e microtons, torna-o um instrumento expressivo para melodias líricas e introspectivas. É frequentemente utilizado em performances a solo, em conjuntos de música de câmara e como acompanhamento para o canto.

Ao longo da sua longa história, o Xiao tem sido associado a diversas tradições musicais e contextos culturais na China. Era um instrumento apreciado por intelectuais e literatos, muitas vezes ligado à meditação e à expressão de sentimentos pessoais. Hoje, continua a ser um instrumento valorizado, tocado tanto por músicos profissionais quanto amadores, e a sua sonoridade única mantém o seu lugar na rica tapeçaria da música chinesa contemporânea e tradicional. A sua construção em bambu, um material natural abundante na China, reforça a sua ligação com a cultura e a paisagem do país.

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Xiao, China

Xiao, China

Taiko, no Japão, é um termo abrangente que designa uma variedade de instrumentos de percussão com corpo em forma de barril, revestidos com peles de animais, geralmente de boi ou cavalo. A diversidade de tamanhos e formas dentro da família Taiko é notável, desde pequenos tambores portáteis até grandes instrumentos com mais de um metro de diâmetro. A fixação das peles ao corpo do tambor também varia, podendo ser pregadas diretamente na madeira ou tensionadas por cordas e aros.

A execução do Taiko pode ser feita diretamente com as mãos, mas é mais comum o uso de baquetas de madeira chamadas bachi. A prática do Taiko exige do músico não apenas um apurado senso rítmico, mas também uma considerável preparação física, dada a energia e a força envolvidas na percussão dos grandes tambores. As performances de Taiko podem ser solitárias, mas são frequentemente realizadas em grupo, com os percussionistas a criarem ritmos complexos e sincronizados que são visualmente e sonoramente impactantes.

A história do Taiko no Japão é longa e multifacetada. Originalmente utilizado para comunicação, sinalização militar e em rituais religiosos, o Taiko evoluiu para uma forma de expressão artística vibrante. Registros históricos antigos mencionam intercâmbios culturais com a Coreia, onde jovens japoneses foram enviados para estudar o kakko, um tambor cilíndrico que também desempenhava um papel importante na música da corte. Essa influência sugere uma possível origem continental para alguns tipos de tambores japoneses.

Hoje, o Taiko é apreciado tanto no Japão quanto internacionalmente, com grupos de wadaiko (a arte do Taiko em conjunto) a cativarem audiências com a sua energia, precisão e a profunda ressonância dos seus tambores. A sua presença em festivais, cerimónias e palcos de todo o mundo demonstra a sua capacidade de transcender fronteiras culturais e de evocar uma poderosa resposta emocional.

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  • tambores em forma de barril
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Taiko, Japão

Taiko, Japão

Tabla

A tabla é um instrumento musical de grande importância na música clássica indiana. A sua sonoridade distintiva, com a combinação dos sons agudos da daina e dos graves da bhaya, permite ao percussionista criar uma ampla gama de padrões rítmicos complexos.

A tabla é caracterizada pela sua construção elaborada, com um corpo feito de madeira ou cerâmica, e revestida por peles de couro nas duas extremidades. É tocada com os dedos e mãos, o que exige uma técnica precisa e habilidade do músico.

Além do seu papel como instrumento solo ou de acompanhamento na música indiana, a tabla também tem sido amplamente utilizada em fusões musicais contemporâneas, fundindo diferentes géneros e estilos. A sua popularidade é evidente em todo o mundo, pela sua complexidade na execução e pela sua versatilidade.

(com IA)

“A tabla como instrumento traz consigo uma tradição milenar que se desenvolve de forma oral ao longo dos séculos. Tratando-se de um instrumento de música Clássica Indiana, a tabla era no início do século XX provavelmente distante ao público Ocidental, visto que os mestres mantinham algum conservadorismo da tradição. O Ustad Alla Rakah1, pai de Zakir Hussain, que foi o acompanhador de longa data de Ravi Shankar, foi um dos mais reconhecidos músicos de música Clássica Indiana e estabelecer essa ponte entre a música Hindustani e a cultura ocidental. Shankar manteve uma constante motivação de levar a belaza da música Clássica Indiana ao resto do mundo e isso manifestou-se através das suas tours e por colaborações com músicos ocidentais materializadas em registos como o álbum “Rich À La Rakha” (Capitol Rccords, 1968) com Buddy Rich. Esta abertura permite uma circulação de músicos, e por consequência a criação de projetos influenciados por este tipo de música. Zakir Hussain é provavelmente o nome mais sonante presente em projetos em que se une a música Indiana a outros tipos de música. A questão da tradição presente neste tipo de música é algo que vem também da componente religiosa a que a mesma se encontra ligada.”

Marco Moura

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Tabla, Índia

Tabla, Índia

O surbahar é um instrumento de corda dedilhada da família do sitar, sendo considerado um instrumento irmão deste último. Ele é amplamente utilizado na música clássica do Hindustão, que é a forma clássica de música indiana.

O nome “Surbahar” significa “flor da música” e também é conhecido como “baixo sitar”, devido ao seu tamanho maior e ao fato de ter um tom mais grave. O instrumento possui uma caixa de ressonância em forma de pêra, feita de madeira, geralmente de teca ou mogno, além de possuir uma tampa inferior em formato de cúpula.

O surbahar tem um comprimento aproximado de 130 a 140 centímetros e é tocado em uma postura semelhante à do sitar, com o músico sentado no chão com as pernas cruzadas. Possui cerca de 20 trastos, que são afinados de acordo com a raga (escala melódica) específica que está sendo executada.

O instrumento é tocado com um arco ou dedilhado com os dedos. O músico pode utilizar tanto as unhas como a polpa dos dedos para produzir os sons. O surbahar é especialmente conhecido pela sua capacidade de sustentar as notas durante um longo período de tempo, o que adiciona um efeito distintivo à música executada.

Em termos de sonoridade, o Surbahar tem um timbre rico, grave e encorpado, o que o torna adequado para interpretar as melodias e ragas mais profundas e introspectivas da música clássica indiana. Ele é frequentemente usado como um instrumento solista, mas também pode ser acompanhado por outros instrumentos de percussão, como o tabla.

(com IA)

Situa-se no índice 32 do sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos. É um cordofone composto, instrumento de corda que tem caixa de ressonância como parte integrante e indispensável.

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  • Instrumentos musicais da Índia
  • Instrumentos de corda dedilhada
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Surbahar, Índia

Surbahar, Índia

Angkuoch, também conhecido como kangkuoch, é um pequeno mas fascinante instrumento tradicional do Cambodja, pertencente à família dos lamelofones de boca. Construído em bambu ou metal, partilha as características essenciais do que é conhecido noutras regiões como harpa de boca, berimbau de boca, trompa de boca ou guimbarde. A sua estrutura consiste numa lingueta ou palheta flexível, geralmente feita do mesmo material que a moldura, fixada numa extremidade e livre na outra para vibrar.

A técnica de execução do Angkuoch é peculiar e íntima ao músico. O instrumento é colocado diretamente na boca, utilizando os lábios e os dentes como uma câmara de ressonância que amplifica e molda o som produzido pela vibração da lingueta. A vibração da palheta é iniciada e mantida através de um toque rítmico com um dedo numa extremidade livre da moldura.

Uma característica interessante do Angkuoch, comum a outros instrumentos da sua família, é que cada instrumento individual produz apenas uma nota fundamental. No entanto, a riqueza sonora reside nos harmónicos que podem ser explorados e modificados pelo músico através da alteração da forma e do volume da cavidade bucal, da posição da língua e da respiração. Desta forma, apesar de produzir uma única nota base, o executante habilidoso consegue criar uma variedade surpreendente de timbres e ritmos melódicos subtis.

Existem diversos tamanhos de Angkuoch, o que implica diferentes notas fundamentais. Em algumas tradições musicais do Cambodja, vários músicos podem tocar Angkuochs de diferentes tamanhos em conjunto, criando texturas sonoras complexas e interlaçadas. A sua portabilidade e a sua sonoridade intrigante tornam-no um instrumento popular tanto para entretenimento pessoal quanto em contextos musicais mais amplos. A sua presença na cultura musical cambojana atesta a engenhosidade na criação de música a partir de um instrumento aparentemente simples.

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  • Instrumentos musicais do Cambodja
  • Família das harpas de boca
  • Lamelofones dedilhados
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Angkuoch, Cambodja

Angkuoch, Cambodja

Tingsha são um par de pequenos pratos ou crótalos, tradicionalmente usados na prática religiosa budista no Tibete. São feitos de uma liga de metal, frequentemente bronze, e ligados por uma tira de couro ou corda. O seu tamanho compacto torna-os portáteis e fáceis de usar em diversos contextos rituais.

O som característico do Tingsha é produzido ao bater suavemente um prato contra o outro. Este impacto gera um som agudo e cristalino, rico em harmónicos e com uma ressonância longa e vibrante. A qualidade tonal é frequentemente descrita como etérea e penetrante, capaz de captar a atenção e induzir um estado de foco e alerta. A duração prolongada do som permite que as vibrações se dissipem gradualmente, criando uma sensação de calma e tranquilidade.

No contexto da oração budista tibetana, os Tingsha são usados para marcar o início e o fim de períodos de meditação, cânticos ou outros rituais. O seu som distinto serve como um lembrete para centrar a mente e entrar num estado meditativo. Além do seu uso religioso, os Tingsha ganharam popularidade no Ocidente como instrumento para meditação pessoal, terapia sonora e práticas de cura energética.

Acredita-se que as vibrações dos Tingsha possam ajudar a limpar e equilibrar a energia do corpo e do ambiente. O seu som é usado para criar um espaço sagrado, purificar o ar e facilitar o relaxamento profundo. A sua beleza sonora e a sua capacidade de induzir um estado de quietude tornam os Tingsha um instrumento valioso para quem procura incorporar a meditação e a atenção plena na sua vida quotidiana.

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  • Instrumentos musicais do Tibete
  • Idiofones percutidos
  • Idiofones de concussão
  • Família dos crótalos
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Tingsha, China

Tingsha, China

Também conhecido como donbak ou dombak, o tonbak (ou tombak) é um membranofone com origem no Império Persa (antigo Irão), sendo considerado o instrumento de percussão mais importante da música clássica persa.

Este tambor em forma de cálice é normalmente feito de madeira de amoreira, embora também possam ser usados outros tipos de madeira. A pele, tradicionalmente de cordeiro ou cabra, é esticada sobre a abertura mais larga do corpo do tambor. O tonbak é tocado com as mãos, utilizando uma variedade de técnicas de dedilhado para produzir uma rica gama de sons.

O músico de tonbak utiliza os dedos, a palma da mão e diferentes partes da mão para criar uma variedade de timbres e ritmos complexos. Sons graves e ressonantes são produzidos ao bater no centro da pele, enquanto sons mais agudos e estalados são obtidos ao tocar perto da borda.

O tonbak desempenha um papel fundamental na música persa, fornecendo uma base rítmica complexa e expressiva para melodias executadas em instrumentos como o tar, o setar e o kemancheh. A sua versatilidade rítmica e a sua capacidade de produzir uma ampla gama de timbres fazem dele um instrumento essencial tanto em actuações a solo como em conjunto. O tonbak não é apenas um instrumento de percussão, mas também um meio de expressão artística e um símbolo da rica herança musical persa.

Tonbak, Irão

Tonbak, Irão