Instrumentos musicais de todo o continente africano

O kayamb é um idiofone de percussão originário das ilhas Mascarenhas, nomeadamente das Reunião e Maurícias. É um instrumento de sacudimento, constituído por uma estrutura plana e retangular, tradicionalmente feita de cana ou bambu, preenchida com sementes, pequenas pedras, contas de vidro ou pedaços de metal.

A estrutura do kayamb é geralmente dividida em compartimentos internos para controlar o movimento dos materiais de enchimento e, consequentemente, o som produzido. Algumas versões podem apresentar ressonadores ou elementos adicionais para modificar o timbre.

O som característico do kayamb é produzido pela agitação do instrumento, fazendo com que os materiais internos colidam uns com os outros e com as paredes da estrutura. O tipo e a quantidade de material de enchimento, bem como o tamanho e a construção da estrutura, influenciam o volume, a textura e o ritmo do som resultante. Pode produzir desde um suave sussurro até um chocalho mais intenso e ritmado.

Na música tradicional das ilhas Mascarenhas, o kayamb desempenha um papel rítmico fundamental, frequentemente acompanhando cantos e danças. É um instrumento essencial em géneros musicais como o séga e o maloya, contribuindo com uma camada percussiva rica e texturizada.

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  • Instrumentos musicais das ilhas Mascarenhas
  • Idiofones de agitamento
Kayamb, idiofone de agitamento das ilhas Mascarenhas

Kayamb, idiofone de agitamento das ilhas Mascarenhas

Kayamb, créditos Ricardo Lopes

Kayamb, créditos Ricardo Lopes

O gyli é um xilofone de madeira originário da África Ocidental, particularmente popular entre os povos Lobi, Dagarti e Sissala do Gana. É um instrumento melódico e de percussão, desempenhando um papel fundamental na música e nas tradições culturais destas comunidades.

Consiste num número variável de lâminas de madeira, geralmente entre 8 e 14, dispostas de forma escalonada sobre uma estrutura de madeira. Cada lâmina possui uma cabaça por baixo que atua como ressonador, amplificando o som produzido quando a lâmina é percutida com baquetas de madeira com cabeças de borracha. Estas cabaças podem ter pequenos orifícios cobertos por uma membrana feita de teias de aranha ou outros materiais finos, o que cria um som de “zumbido” característico que enriquece a sonoridade do gyli.

A afinação do gyli é tradicionalmente diatónica ou pentatónica, e a construção do instrumento é artesanal, utilizando materiais locais como madeira e cabaças. Existem diferentes tipos de gyli, com variações no tamanho e no número de lâminas, adaptados a contextos musicais e sociais específicos, como funerais, rituais de iniciação ou entretenimento secular.

ETIQUETAS

  • Idiofones de altura definida
  • Família dos xilofones artesanais
  • Instrumentos musicais do Gana
Gyli, xilofone artesanal do Gana

Gyli, xilofone artesanal do Gana

Kangobla é um instrumento musical da família dos lamelofones. Instrumento da família dos denominados “piano de polegar”, consiste numa placa de madeira com lâminas de metal escalonadas presas. Estas lâminas, ou “teclas”, são tocadas segurando o instrumento nas mãos e dedilhando-as principalmente com os polegares, mas também com o indicador direito e, ocasionalmente, com o indicador esquerdo. Quanto mais curta a lâmina (ou lamela), mais agudo o som, e quanto mais longa, mais grave.

O instrumento é um idiofone beliscado que se encontra no índice 12 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais. As suas partes vibrantes são colocadas em vibração ao serem beliscadas ou dedilhadas.

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  • Instrumentos musicais do Zimbabwe
  • Lamelofones dedilhados
  • Instrumentos começados por k
Kangobela, piano de dedos, Zimbábue

Kangobela, piano de dedos, Zimbábue

O nyaanyooru é um instrumento musical de cordas friccionadas tradicional do Gana. O seu corpo ressonador é feito de uma cabaça hemisférica coberta com pele de animal, geralmente de vaca ou cabra. Um braço de madeira comprido atravessa a cabaça, servindo como suporte para as cordas.

O nyaanyooru tipicamente possui duas ou três cordas, tradicionalmente feitas de tendões de animais, mas atualmente também podem ser de materiais sintéticos. Estas cordas estendem-se ao longo do braço até um cavalete na extremidade da cabaça e são afinadas por cravelhas de madeira localizadas no braço.

O instrumento é tocado colocando a cabaça no colo do músico ou apoiada contra o peito. As cordas são friccionadas com um arco curto, geralmente feito de um pedaço curvo de madeira com crina de cavalo esticada entre as extremidades. A mão esquerda do músico desliza ao longo do braço para alterar o comprimento vibratório das cordas, produzindo diferentes notas.

O nyaanyooru desempenha um papel significativo na música tradicional do norte do Gana, sendo frequentemente utilizado para acompanhar canções, contar histórias e em cerimónias sociais. O seu som é descrito como melancólico e penetrante, capaz de expressar uma variedade de emoções. Os tocadores de nyaanyooru são muitas vezes considerados importantes portadores da tradição oral e da história da sua comunidade.

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  • Instrumentos de corda
  • Instrumentos tradicionais do Gana
Nyaanyooru, créditos Música para Ver

Nyaanyooru, créditos Música para Ver

Os tambores sabar são um conjunto de tambores tradicionais do Senegal, associados principalmente ao povo Wolof e Serer, mas também tocados por outros grupos étnicos no país e na Gâmbia. O termo “sabar” refere-se não só aos tambores em si, mas também à música que produzem, à dança que os acompanha e à própria ocasião festiva ou social em que são tocados.

Os tambores sabar são tipicamente feitos de um tronco de madeira oco, tradicionalmente de dimb (madeira dura), com uma pele de cabra esticada sobre a abertura e fixada por um sistema complexo de cordas e sete estacas de madeira que permitem a afinação. Existem vários tipos de tambores sabar num conjunto, cada um com um tamanho, forma e, consequentemente, um som e função distintos dentro da música. Alguns dos tambores mais comuns incluem o nder (o maior, frequentemente o tambor principal), o lamb ou thiol (um tambor baixo e pesado), o mbeng-mbeng (um tambor de acompanhamento de tom médio) e o tungune (um tambor pequeno e de tom agudo).

A técnica de tocar sabar é única, envolvendo o uso de uma mão e uma baqueta (galan). A mão é usada para produzir sons abafados e abertos, enquanto a baqueta cria ritmos distintos e acentos. Os percussionistas de sabar são altamente habilidosos e capazes de produzir ritmos complexos e intrincados, muitas vezes incorporando “flams” (golpes quase simultâneos com a mão e a baqueta) para criar texturas rítmicas ricas.

Historicamente, os tambores sabar tinham um papel importante na comunicação entre aldeias distantes, com ritmos específicos a transmitirem mensagens. Hoje, são uma parte essencial das celebrações e eventos sociais no Senegal, como casamentos, cerimónias de nomeação e festivais, onde a sua música vibrante e enérgica incentiva a dança e a celebração. O sabar é mais do que um instrumento musical; é um símbolo da identidade cultural senegalesa e uma tradição viva transmitida de geração em geração.

Músicos como Doudou N’Diaye Rose foram figuras proeminentes na divulgação e evolução da música sabar, elevando-a a um palco internacional.

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  • Unimembranofones africanos
  • tambores tradicionais do Senegal
Sabar, Senegal

Sabar, Senegal

O karillan é um instrumento de percussão da África Ocidental, constituído por um cilindro de metal com ranhuras raspado com uma vareta de metal. Tradicionalmente, este instrumento é tocado por caçadores do sul do Mali e por mulheres para acompanhar o canto. É possível ouvi-lo em álbuns de Soungalo Coulibaly, por exemplo. Por vezes, o músico passa um fio fino nos dois pequenos orifícios localizados na parte de trás do instrumento e coloca o polegar para o segurar melhor. Atualmente, o karillan é frequentemente incluído nos conjuntos de percussão de percussionistas ocidentais. Tem cerca de 28 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro.

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  • Idiofones de raspagem
  • Instrumentos musicais do Mali
Karillan, idiofone de raspagem do Mali

Karillan, idiofone de raspagem do Mali

Xipanana (também grafado chipanana) é um aerofone da família das trompas, tradicional dos Lundas (balunda, luunda, ruund). Tradicionalmente utilizado pelo povo Lunda, que habita regiões de Angola e República Democrática do Congo, este instrumento musical é construído a partir do chifre de um antílope, embora exemplares feitos de marfim também sejam conhecidos, refletindo a disponibilidade de materiais e o prestígio associado ao marfim.

A sua forma natural cónica, inerente ao chifre do animal, confere-lhe uma estética orgânica e um timbre característico e potente. A técnica de execução envolve a produção de som através da vibração dos lábios do instrumentista numa extremidade do chifre, modulando a ressonância do ar na cavidade cónica para gerar diferentes notas, dentro das limitações impostas pelo formato e comprimento do instrumento.

Possui um significado cultural importante para os Lundas, sendo utilizado em diversas cerimónias, rituais e eventos sociais. A sua sonoridade pode servir como chamada, sinalização ou acompanhamento musical em danças e celebrações, integrando-se nas práticas tradicionais e na identidade cultural do povo. A sua própria matéria-prima, proveniente da fauna local, estabelece uma ligação intrínseca com o ambiente e os recursos naturais da região.

Fonte: Instrumentos Musicais de Angola. Sua construção e descrição, José Redinha. Coimbra: Instituto de Antropologia, 1984.

A Meloteca pretende ajudar à redescoberta do património musical de Angola, dos instrumentos que ainda existem e são tocados em Angola, dar a conhecer um pouco da sua história e contribuir para a sua revitalização, no caso de terem caído em desuso.

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  • Instrumentos musicais de Angola
  • Instrumentos de sopro
  • Trompas de chifre
Xipanana, desenho de José Redinha

Xipanana, desenho de José Redinha

Viora (ou Viola) é um instrumento de corda tradicional do Golungo Alto, Cuanza Norte (Angola) cuja forma lembra a de uma Viola.

Fonte: Instrumentos Musicais de Angola. Sua construção e descrição, José Redinha. Coimbra: Instituto de Antropologia, 1984.

A Meloteca pretende ajudar à redescoberta do património musical de Angola, dos instrumentos que ainda existem e são tocados em Angola, dar a conhecer um pouco da sua história e contribuir para a sua revitalização, no caso de terem caído em desuso.

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  • Instrumentos musicais de Angola
  • Instrumentos de corda
  • Violas angolanas
Viora, desenho de José Redinha

Viora, desenho de José Redinha

Vandumbo é um aerofone da tradição musical angolana, caracterizado pela sua forma alongada e construção em madeira. Este instrumento de sopro distingue-se pela sua morfologia cónica, apresentando uma extremidade estreita que serve como bocal para o músico soprar, alargando-se progressivamente em direção à outra extremidade. Esta configuração influencia diretamente o seu timbre e a projeção sonora.

A madeira utilizada na sua construção pode variar, sendo escolhida pelas suas propriedades acústicas e pela facilidade de ser trabalhada. O processo de fabricação envolve a escavação ou a junção de peças de madeira para criar o tubo cónico. O comprimento do Vandumbo pode variar, o que, juntamente com o diâmetro da extremidade mais larga, determina a sua tessitura e o alcance das notas que pode produzir.

A técnica de execução envolve a embocadura dos lábios no bocal estreito e o controlo da respiração para produzir o som. A alteração da pressão do ar e da forma da boca pode gerar diferentes notas, dentro das possibilidades oferecidas pelo instrumento. Dada a sua forma e material, o Vandumbo produz um som potente e rico em harmónicos, com uma ressonância característica da madeira. É um instrumento que faz parte da diversificada paisagem sonora tradicional de Angola.

Fonte: Instrumentos Musicais de Angola. Sua construção e descrição, José Redinha. Coimbra: Instituto de Antropologia, 1984.

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  • Instrumentos musicais de Angola
  • Instrumentos de sopro
Vandumbo, desenho de José Redinha

Vandumbo, desenho de José Redinha

Txizuzo é um instrumento de corda em forma de arco do tipo harpa, com 5 cordas, originária do Bailundo (Angola).

Fonte: Instrumentos Musicais de Angola. Sua construção e descrição, José Redinha. Coimbra: Instituto de Antropologia, 1984.

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  • Instrumentos musicais de Angola
  • Instrumentos de corda
  • Harpas africanas
Txizuzo, desenho de José Redinha

Txizuzo, desenho de José Redinha