Bata
Os tambores batá são um conjunto de três tambores de dupla membrana em forma de ampulheta, profundamente enraizados na tradição musical e religiosa do povo Yoruba da Nigéria e, posteriormente, disseminados para Cuba e outras partes das Américas através da diáspora africana. São considerados sagrados na religião Yoruba, especialmente associados ao culto de Changó, o orixá do trovão, do fogo e da justiça.
O conjunto tradicional de tambores batá consiste em três tamanhos distintos: o iyá (o “mãe”, o maior tambor e líder do conjunto), o itótele (o médio, que dialoga com o iyá) e o okónkolo (o menor, que mantém um padrão rítmico constante). Cada tambor possui duas cabeças de couro de diferentes tamanhos, coladas ao corpo de madeira em forma de ampulheta e afinadas de forma diferente, produzindo timbres distintos. A cabeça maior e mais grave é geralmente tocada com uma baqueta curva, enquanto a cabeça menor e mais aguda é tocada diretamente com a mão.
A música batá é caracterizada por padrões rítmicos complexos e interligados, onde o iyá assume um papel de liderança, improvisando e respondendo aos outros tambores e, por vezes, a cantos. Os ritmos são frequentemente ligados a orações, invocações e histórias dos orixás, desempenhando um papel crucial em cerimónias religiosas, rituais de cura e celebrações comunitárias.
Em Cuba, a tradição dos tambores batá foi preservada e evoluiu, particularmente dentro da religião da Santería (uma síntese de crenças Yoruba e católicas). Os conjuntos de batá cubanos, conhecidos como ilú batá, mantêm a estrutura de três tambores e a sua importância ritualística, mas desenvolveram estilos de toque e repertórios musicais próprios.
A precisão técnica e a compreensão profunda dos ritmos e das suas associações espirituais são essenciais para tocar batá. Os músicos passam por um longo período de aprendizado para dominar os intrincados padrões rítmicos e as nuances da comunicação entre os tambores. Os tambores batá não são apenas instrumentos musicais; são objetos sagrados e portadores de história e cultura, com uma presença poderosa e significativa nas tradições afro-caribenhas.
Situa-se no índice 21 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais, entre os tambores percutidos, instrumentos cuja membrana é posta em vibração ao ser batida ou percutida.
ETIQUETAS
- Instrumentos musicais de Cuba
- Instrumentos da América Central
- tambores de origem africana
- Membranofones percutidos
- Instrumentos começados por b