Adufe, Portugal
adufe é um instrumento musical bimembranofone de caixilho, de forma quadrada, com soalhas ou outros objetos percussivos no interior. É tradicional, em Monsanto e na Beira Baixa, onde é tocado por grupos de mulheres. É segurado pelos polegares de ambas as mãos e pelo indicador direito, sendo percutido pelos outros dedos. Inclui movimentos de percussão e de abafamento.
Situa-se no índice 21 no sistema Hornbostel-Sachs de classificação de instrumentos musicais, entre os tambores percutidos, instrumentos cuja membrana é posta em vibração ao ser batida ou percutida.
Ernesto de Oliveira refere a sua existência no século XX em várias regiões de Portugal, sobretudo em Trás-os-Montes, Beira Baixa e Alentejo Interior. As suas dimensões e forma de suportá-lo variam de região para região, assim como o nome que, por vezes, se chama pandeiro. Terá sido introduzido na Península Ibérica pelos árabes entre os séculos VIII e XII.
No século XXI, o artesão e percussionista Rui Silva introduziu diversas inovações. Segundo Rui Silva, até 2013, nenhum adufe tinha tido sistema de afinação. Se antes as peles eram esticadas com recurso a fontes de calor, nos seus adufes o artesão introduziu dois parafusos e uma chave que permitem à adufeira, ou adufeiro, de acordo com o contexto, a técnica a utilizar e a temperatura ou humidade.
Outra das inovações introduzidas por Rui Silva foi criar lados diferentes no seu instrumento: um tradicional, outro moderno. O tradicional tem bons graves e médios; o outro permite sons mais agudos e mais clareza e articulação, pela aplicação de técnicas de dedos. No mesmo instrumento, a espessura não é igual, podendo ser de 5 cm num dos cantos, 6 no outro, ou 7 nos outros. Essa diferença permite mais conforto, podendo o músico suportar o instrumento pelo lado que lhe dá mais jeito. Além disso, contribui para novas possibilidades tímbricas.
As arestas são arredondadas e suaves, o que também contribui para o conforto de quem toca. Uma alça que permite tocar adufe português “à espanhola”. Neste caso, uma mão toca diretamente numa das membranas; na outra a percussão é feita com baqueta, como acontece em Peñaparda, Espanha.
Além de personalizadas, as decorações (maravalhas que se encontram nos cantos) podem retirar-se ou colocar-se. Como acessórios, Rui Silva proporciona elásticos e guizos. No seu sítio, além da loja e das inovações referidas, Rui Silva tem guia de cuidados a ter com o instrumento, como aprender a tocar, cantigas de adufe, exercícios, cursos e a sua biografia.
António José Ferreira
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