Viola Bimbá
Viola Bimbá
por Lúcio Neto Amado
Um dos instrumentos musicais que ainda se toca em São Tomé e Príncipe é a «Viola Bimbá», instrumento desconhecido por alguns cidadãos. É provável que num curto espaço de tempo esse instrumento e os seus tocadores deixem de existir. Neste momento existem no território nacional apenas dois intérpretes de avançada idade que tocam esse raro instrumento. São eles o mestre Acácio «Viola Bimbá» e o mestre N’Dofli. O mestre Acácio, cujo nome completo é Acácio Rosa Barbosa Neto, vulgo Catche, tem também outros pseudónimos tais como, Acácio «Rosa Viola», Acácio «Rosa» e simplesmente, Acácio «Viola». Começou a tocar aos 17 anos de idade. Ele também toca Viola acústica e foi membro do conhecidíssimo Tlundu (carnaval em língua forro) Cavú.
A Viola bimbá é um instrumento constituído por um arco com um fio (de nylon) que fica encostado a uma varinha do lado direito do tocador e uma faca pequenina na outra extremidade (lado esquerdo). O fio toca ligeiramente os lábios do tocador.
O som da Viola bimbá é produzido através de batidas ligeiras da varinha no fio. O músico toca e canta, criando variações do som com movimento ligeiro dos lábios no fio. É um instrumento que poderá ter a sua origem na África oriental, justamente, em todo o território moçambicano.
É provável que esse instrumento musical adoptado pelos são-tomenses tenha sido trazido a São Tomé e Príncipe pelos contratados moçambicanos, que vinham trabalhar para as roças.
O tocador canta e toca, emitindo dois sons extraídos da varinha. Esta é uma actividade que se desenrola, geralmente num quixipá, local de diversão onde o tocador é capaz de alimentar uma festa durante toda a noite até ao amanhecer.
Antigamente esses tocadores actuavam nas festas realizadas nas roças, nos grandes quintés e nos aglomerados familiares são-tomenses, considerados poderosos. Hoje este tipo de convívio é designado de festa de amigos secretos. É um ritual antigo que parece estar-se a recuperar.
A festa era realizada às sextas-feiras, sábados e domingos. Cada membro dessa «sociedade» montava a sua barraca [quixipá] no local escolhido e realizava-se este grande convívio. A festa era animada pelo tocador da Viola bimbá.
Lúcio Neto Amado
(início do século XXI)





