Instrumentos de Cabo Verde
Instrumentos de Cabo Verde
A música de Cabo Verde é mundialmente famosa pela sua melancolia e alegria, refletidas nos géneros como a Morna, a Coladeira e o Funaná.
Os instrumentos tradicionais cabo-verdianos combinam uma forte influência europeia (principalmente portuguesa) no uso de cordofones com inovações locais em idiofones.
Instrumentos de corda
(Cordofones)
Os instrumentos de corda, oriundos da Europa, são a espinha dorsal da Morna e da Coladeira, mas foram adaptados à cultura local.
Violão (guitarra)
O violão clássico, conhecido em Cabo Verde (tal como no Brasil e em algumas regiões de Portugal) por violão. É o instrumento de acompanhamento mais importante para a Morna e a Coladeira, fornecendo a harmonia e a base rítmica.
Viola
As violas de 10 ou 12 cordas (cinco ou seis cordas duplas) são também muito utilizadas. São menores que o violão e podem ter orifícios no tampo em forma de corações.
Cavaquinho
Um cordofone dedilhado, mais pequeno que o violão e que terá chegado a Cabo Verde através de Portugal. É particularmente popular, sendo o instrumento que, tal como a concertina em Portugal, se tornou um símbolo da música popular cabo-verdiana. É usado na Morna e na Coladeira.
Violino (rabeca)
O violino é tradicionalmente chamado rabeca. É usado como instrumento melódico e de acompanhamento em muitos géneros tradicionais.
Cimboa (ou cimbó)
É um cordofone de arco, considerado um dos primeiros instrumentos de corda a chegar a Cabo Verde e que tem uma herança africana. É um alaúde monocórdico (de uma corda), com uma cabaça (buli) ou coco como caixa de ressonância, coberta com pele de cabra, e a corda feita com crina de cavalo. É um instrumento que esteve em vias de extinção, mas que tem sido alvo de esforços de recuperação cultural, sendo tradicionalmente usado para acompanhar o Batuque.
Instrumentos de Percussão e Ritmo
(Idiofones e Aerofones)
Ferrinho (ou ferrinhu)
Um idiofone de raspagem (tipo reco-reco), feito com uma barra de metal (geralmente ferro) de cerca de 90 cm, que é rascada por um objeto metálico. O músico segura a barra verticalmente, apoiada numa mão e no ombro. É o instrumento rítmico principal do Funaná, marcando o ritmo rápido e enérgico, muitas vezes em conjunto com a gaita.
Gaita (acordeão/concertina)
O acordeão (ou concertina) é conhecido em Cabo Verde como Gaita. É o principal instrumento melódico no Funaná, sendo geralmente tocado em conjunto com o ferrinho.
tambores
Vários tipos de tambores (membranofones) são utilizados, especialmente em géneros como o Batuque e a Tabanca. Instrumentos de origem africana, como o bombolom e o dondom, continuam a existir mas com pouco uso.
Flauta, saxofone, clarinete e trompete
Estes instrumentos de sopro (aerofones) são comuns e integraram-se na música popular e orquestral, sendo usados em vários estilos. A combinação destes instrumentos permite a Cabo Verde navegar entre a doçura e nostalgia da Morna (dominada pelos cordofones) e a vivacidade e energia do Funaná (liderada pela gaita e o ferrinho).
Alma do povo cabo-verdiano
Em 2022, “o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, através da Portaria nº50/2022 de 18 de Outubro, considerou este instrumento como a alma do povo cabo-verdiano, sendo a sua elevação um passo importante para a continuação da sua salvaguarda e valorização.
“O Governo de Cabo Verde tem trabalhado no resgate e na recuperação do património cultural imaterial, conferindo uma nova centralidade, colocando-o, novamente, na convivência e no dia-dia dos cabo-verdianos”, realçou, lembrando que o processo da sua elevação vem acontecendo com vários elementos da cultura ao qual a Cimboa também faz parte.
Como medida de proteção, o Ministério da Cultura afirmou que cabe ao Instituto do Património Cultural (IPC) a criação e dotação de um plano de salvaguarda emergencial, visando a sua salvaguarda, nomeadamente a elaboração de um plano estratégico de valorização de detentores e a garantia da sustentabilidade do bem classificado, no seu contexto histórico e sociocultural.
Na atualidade, sublinhava o comunicado, poucos são os tocadores e fabricantes de Cimboa, entre os quais se destacam, o seu mais velho tocador e fabricante, Tomás Mendes Cabral, Nhu Eugenio Mendi, de 83 anos de idade, nascido em 1936, em Chão de Junco, que se interessou pela cimboa e aprendeu a fazê-la com o já falecido Amâncio Borges, mais conhecido por Toi di Palu, da localidade vizinha, Mato Brasil.
Outro exímio tocador e fabricante, recordou o Governo, é Domingos da Ressurreição Andrade da Silva Fernandes, Pascoal, de 62 anos, ex-militar, natural de Serradinho, em São Domingos, que teve como mentor, já aos 46 anos de idade, o mestre Manu Mendi, Pedro Mendes Sanches Robalo, falecido em 2008.
Realçou ainda Arlindo Sanches, filho do antigo tocador, Banda, Roque Sanches, Mário Lúcio Sousa e Gil Moreira como percursores que vêm mantendo viva a tradição da cimboa, instrumento que paulatinamente tem caído em desuso pela sua pouca utilização enquanto instrumento de solo.
“Em 2022, através do financiamento do projeto ´Cimboa – património para o desenvolvimento sustentável´, subvencionado pelo PROCULTURA – PALOP-TL, promoção do emprego nas atividades geradoras de rendimento no sector cultural nos PALOP e Timor-Leste, foi possível realizar o inventário deste bem, tendo-se chegado à conclusão da necessidade da sua salvaguarda urgente”, lê-se no documento.
Como medidas de salvaguarda urgente, acrescentou, foram realizadas ações de capacitação em confeção e execução musical agendadas para o decorrer dos anos 2022/2023, além da criação do centro interpretativo da cimboa, enquanto componentes do plano de salvaguarda urgente do bem.
Fonte: Inforpress











